segunda-feira, 31 de março de 2014

O ser e o nada

O retorno de Roberto D’Ávila à TV trouxe uma interessante entrevista, do ponto de vista do entrevistador, com Joaquim Barbosa.

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Carta Capital   publicado 30/03/2014 09:28, última modificação 30/03/2014 10:18 

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  Reprodução de vídeo
TV

O ego inflado de Barbosa enfrenta a elegância de D'Ávila

por Nirlando Beirão
 

Roberto D’Ávila tem aquele jeito de moço fino, bonzinho e elegante, mas pode ser maquiavelicamente cruel. Em seu retorno à tevê, a bordo do Globo News, o suave D’Ávila elegeu uma notável vítima. Na estreia, sábado de madrugada (com incansáveis repetições), anunciou que iria levar ao ar o lado humano do ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF. Os telespectadores continuam procurando por ele. O apresentador esperou sete meses pelo sim de Joaquim Barbosa. O que mostra a férrea premeditação de sua malvadeza.
Foi uma interessantíssima entrevista, do ponto de vista do entrevistador. Para o entrevistado, um desastre. Mostrou que, por trás da toga punitiva, existe um vazio abissal. Barbosa é um nada estrepitoso. Duvido que um único dos torcedores partidários do ministro não tenha chegado ao fim daquela hora inteira de platitudes sem saborear insuportável decepção. Barbosa não produziu uma escassa ideia. Ele não tem nada a dizer além dos autos de sua particular Inquisição. Foi constrangedor.
D’Ávila, com luvas de pelica, jogava a isca e Barbosa, encouraçado em sua arrogância, nem sequer percebia. D’Ávila indicava, na delicadeza das perguntas, saída lisonjeira para a resposta. “O senhor lê muito, não é? Balzac?” Barbosa estufou o ego: “É, Balzac”. E mais não disse. “O que o senhor escuta?” “Tudo.” “Beatles ou Rolling Stones?” “Os dois.”
O único momento em que Barbosa demonstrou alguma emoção foi ao falar de racismo. Daquele jeito.
O rancor pauta a vida dele. Deve ter sido mesmo muito humilhado. Sugeriu até que Lula nomeou-o para o STF de olho na cota, não em reconhecimento por seu currículo, brilhante, cosmopolita. Fica difícil assim: deixar de nomear um negro teria sido racismo. Nomear também é?
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PITACO DO ContrapontoPIG
Um vazio abissal cheio de maldade 
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Um comentário:

Carmen Regina Dias disse...

O nada. Não o Nada primordial, do encontro com o Si mesmo, com o Ser Supremo, mas o nada de nada, nada para dizer ...
De Supremo, nada. Apenas o título que lhe foi outorgado.
Não vi a entrevista, mas o seu artigo, aqui, é bem eloquente.
É bem verdade que a língua fala aquilo de que o coração está cheio.
E o que se ouviu? nadinha da silva.
Um Zero à esquerda, o vazio embaçado, mancha indelével sobre a brancura da seda.

Gostei do seu blog.