Brasil 247 - 20 de Fevereiro de 2014 às 13:47
Manipulação na pauta feita por Joaquim Barbosa vai reduzir tempo de apreciação pelo plenário do STF, nesta quinta-feira 20, das acusações de formação de quadrilha contra réus na AP 470; tendência é por absolvição, mas primeiro voto deve ser condenatório: o de Luiz Fux; Barbosa marcou reunião às 14h00 para discutir assuntos administrativos; intenção é abrir julgamento dos réus do PT mais tarde, de modo a que só Fux vote hoje; mídia familiar pronta para apoiá-lo no 1 a 0; segundo voto, que pode empatar, será de Luís Roberto Barroso; palavra para ele, porém, só na terça 25, se o plano der certo; operação semelhante já jogou pressão midiática sobre decano Celso de Mello; mal-estar no STF obrigou presidente do STF a cancelar a reunião, mas, ainda assim, tendência é permitir apenas o voto de Fux
247 – A exemplo do que já ocorrera na votação dos embargos infringentes na AP 470, outra vez uma manobra que sincroniza o tempo do julgamento com a repercussão na mídia familiar para lançar pressões sobre juízes está em curso.
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, convocou para 14h00 desta quinta-feira 20 uma reunião para tratar de assuntos administrativos entre os integrantes do plenário. Também hoje, mas somente em seguida ao término deste importante encontro, a pauta marca o início da votação sobre crimes de formação de quadrilha na AP 470. Entre os réus, os petistas José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.
Jogando com o regimento e a pauta na mão, a marcação de uma reunião administrativa que poderia ser alongar por prazo indeterminado tiraria tempo que poderia servir para o avanço do julgamento mais importante da história do STF. Assim, como o Supremo costuma encerrar suas sessões plenárias por volta de 18h30/19h00, um voto primeiro voto, se for longo, poderá ocupar todo esse primeiro dia da retomada do julgamento.
Como a convocação da reunião gerou mal-estar no STF, Barbosa decidiu cancelá-la no início desta tarde. Apesar disso, a intenção é permitir apenas um voto. E o primeiro é exatamente do ministro Luiz Fux, aquele que não desmente a versão de que teria dito ao então chefe da Casa Civil Dirceu que mataria no peito o julgamento do chamado mensalão. Hoje em posição sempre condenatória dos réus do PT, Fux terá a chance de pronunciar seu voto de modo a que não dê tempo de um segundo juiz votar ainda no dia de hoje.
O que chama atenção é que o segundo voto será do ministro Luís Roberto Barroso, e tende a ser pela absolvição dos réus. Caso Barroso não consiga votar hoje, porém, a mídia familiar terá entre esta quinta 20 e a próxima terça-feira 25, quando o plenário voltará a se reunir, para comemorar 1 a 0 pela condenação – e crucificar, antecipadamente, o provável voto de empate de Barroso.
Esse tipo de chicana não é novidade na gestão de Joaquim Barbosa. No ponto alto do julgamento, no final do ano passado, Barbosa cortou abruptamente a palavra do decano Celso de Mello, determinando que o voto decisivo dele, após longa peroração do ministro Gilmar Mendes, só se desse na sessão seguinte. Esta foi igualmente, como agora, numa terça-feira, o que abriu espaço para a mídia familiar, especialmente com suas revistas semanas, pressionarem Mello. O problema foi que ele não cedeu e os embargos infringentes foram aceitos (aqui).
Para tentar que funcione agora, a operação adia está de novo em curso. Acompanhe.
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