Todos os homens públicos não estão sujeitos a ter a sua conduta
questionada em algum momento da vida? Mas Marcelo Freixo, enfant-gaté da
esquerda caviar, não
Cidinha Campos
Era previsível a reunião de “desagravo” a Marcelo Freixo. Esquerdistas
do Posto 9, humanistas do Leblon e turistas da política em geral
gritaram: “Com ele não!!!”. Mas por que não? Todos os homens públicos
não estão sujeitos a ter a sua conduta questionada em algum momento da
vida? Mas Marcelo Freixo, enfant-gaté da esquerda caviar, não.
Ter dois advogados em seu gabinete, pagos com dinheiro público,
trabalhando num instituto que defende black blocs, só seria questionável
se o contratante fosse o Bolsonaro. Freixo não! Sem falar nos outros
dois advogados na mesma situação exonerados recentemente.
Nepotismo, ainda que cruzado, só é feio quando praticado pelos outros.
Freixo não! Sua mulher, Renata Stuart, é funcionária do vereador Renato
Cinco (aquele que doou dinheiro para a Sininho), mas já passou pelo
gabinete de Eliomar Coelho, todos do Psol. Imagina se fosse o Renan?
Taí um partido generoso com as esposas dos companheiros. A mulher do
ex-deputado Milton Temer, Rosane Andrade de Aguiar, que recentemente
passou com o marido temporada de três meses em Paris, é empregada no
gabinete da liderança do Psol, onde também bate ponto (será?) Cristiane
Pena Dutra, esposa do bombeiro Daciolo, aquele que colocou fogo na greve
dos bombeiros.
Quando o telhado é do Psol, ninguém pode jogar pedra. O senador Randolfe
Rodrigues (AP) — também presente ao “desagravo” a Freixo — foi acusado
de receber um mensalinho. Ficou indignado porque saiu no jornal. Mas
quando é o Zé Dirceu...
Conheço bem o Freixo. Fui vice-presidente da CPI das Milícias, junto com
outros seis companheiros. Eu e minha família fomos ameaçados por
Cristiano Girão, hoje preso fora do estado. A imprensa — essa mesma que
hoje ele acusa de perseguição — nos ajudou e muito na investigação. Da
parte dele, nenhuma palavra de agradecimento.
Estranhei a ausência da deputada Janira Rocha no “desagravo” a Freixo.
Depois do escândalo em que meteu, não convinha mesmo dar as caras. No
“desagravo”, também não vi manifestações de solidariedade à família de
Santiago Andrade. No Facebook do deputado, tem uma declaração formal:
“Sinto muito. Minha mulher trabalhou com ele.” E se fosse um policial a
ter a cabeça estourada? Ele se solidarizaria? Ou policial só é legal na
sua segurança pessoal?
O deputado tem um jeito muito particular de lidar com a democracia e a
liberdade de imprensa. Para Marcelo Freixo, a mídia só é boa quando ele é
a fonte ou a estrela.
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