"Pesa na balança a “economia miúda”, ou, por outra, a elevação do custo de vida
Mauricio Dias, Carta Capital
Após a ameaçadora queda de intenções de voto para Dilma Rousseff, ocorrida no rastro das manifestações populares de junho de 2013, a presidenta, candidata à reeleição, recuperou a metade do apoio perdido, além de parte da avaliação positiva do governo que também tinha se esfumado. Nos últimos quatro meses, as pesquisas mostram o processo de recuperação dela e uma curiosa estabilização em torno do índice de 43%.
Esse resultado tem se repetido nas pesquisas de todos os institutos. Parece um número emperrado. As variações de 2 ou 3 pontos para mais ou para menos ficam na margem de erro adotado.
A mais recente sondagem, divulgada na terça-feira 18 pela CNT-MDA, sobre as intenções de voto em Dilma, indica que, se a eleição fosse hoje, ela teria 43,7% do eleitorado. Nessa mesma direção aponta o Vox Populi (41%) em pesquisa a ser divulgada no domingo 2 de março, no site de CartaCapital (www.cartacapital.com.br). Foi igualmente em torno desse porcentual o resultado obtido pelo Ibope, em novembro. O Datafolha, em dezembro, apresentou número maior, porém muito próximo dos concorrentes.
Por que as intenções de voto em Dilma empacaram tão distante do porcentual (53%) anterior à grande queda de junho de 2013?
Curioso nessa trajetória é o fato de a presidenta, ao longo desse tempo, manter a vitória no primeiro turno em qualquer cenário apresentado. Ou seja, os adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) não herdaram os votos perdidos por ela.
A situação, contudo, já não é tão cômoda. É um sinal de instabilidade do eleitor. E o tempo de sete meses para a eleição permite especulações. Abre espaço, por exemplo, para a construção de cenários e para a imaginação de alianças políticas esperançosas de, pelo menos, haver segundo turno.
O Brasil navega em mar proceloso provocado pela crise econômica mundial. Embora até agora conduza bem o barco, há um sinal realmente perigoso capaz de provocar impacto eleitoral. Nas feiras, nos mercados, nas padarias e no boteco da esquina, entre outros, o porcentual que emerge após o número que escapa do centro da meta inflacionária (4,5%) dói no bolso das classes mais pobres. Cria em uma grande parte delas um sentimento de desconfiança. Ficam mais arredias aos governantes. Relutam em abrir o voto tão cedo para o pesquisador.
Veio da boca do vice-presidente, Michel Temer, a definição mais precisa desse problema. Nada de PIB, nada de balanço de pagamentos, déficit primário e coisas assim, capazes de gerar pânico nos economistas. Temer batizou com precisão essa questão como “economia miúda”, derivada dos efeitos do “custo de vida”, esse, sim, capaz de derrubar, de um sopro só, os palanques eleitorais mais sólidos."
Mauricio Dias, Carta Capital
Após a ameaçadora queda de intenções de voto para Dilma Rousseff, ocorrida no rastro das manifestações populares de junho de 2013, a presidenta, candidata à reeleição, recuperou a metade do apoio perdido, além de parte da avaliação positiva do governo que também tinha se esfumado. Nos últimos quatro meses, as pesquisas mostram o processo de recuperação dela e uma curiosa estabilização em torno do índice de 43%.
Esse resultado tem se repetido nas pesquisas de todos os institutos. Parece um número emperrado. As variações de 2 ou 3 pontos para mais ou para menos ficam na margem de erro adotado.
A mais recente sondagem, divulgada na terça-feira 18 pela CNT-MDA, sobre as intenções de voto em Dilma, indica que, se a eleição fosse hoje, ela teria 43,7% do eleitorado. Nessa mesma direção aponta o Vox Populi (41%) em pesquisa a ser divulgada no domingo 2 de março, no site de CartaCapital (www.cartacapital.com.br). Foi igualmente em torno desse porcentual o resultado obtido pelo Ibope, em novembro. O Datafolha, em dezembro, apresentou número maior, porém muito próximo dos concorrentes.
Por que as intenções de voto em Dilma empacaram tão distante do porcentual (53%) anterior à grande queda de junho de 2013?
Curioso nessa trajetória é o fato de a presidenta, ao longo desse tempo, manter a vitória no primeiro turno em qualquer cenário apresentado. Ou seja, os adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) não herdaram os votos perdidos por ela.
A situação, contudo, já não é tão cômoda. É um sinal de instabilidade do eleitor. E o tempo de sete meses para a eleição permite especulações. Abre espaço, por exemplo, para a construção de cenários e para a imaginação de alianças políticas esperançosas de, pelo menos, haver segundo turno.
O Brasil navega em mar proceloso provocado pela crise econômica mundial. Embora até agora conduza bem o barco, há um sinal realmente perigoso capaz de provocar impacto eleitoral. Nas feiras, nos mercados, nas padarias e no boteco da esquina, entre outros, o porcentual que emerge após o número que escapa do centro da meta inflacionária (4,5%) dói no bolso das classes mais pobres. Cria em uma grande parte delas um sentimento de desconfiança. Ficam mais arredias aos governantes. Relutam em abrir o voto tão cedo para o pesquisador.
Veio da boca do vice-presidente, Michel Temer, a definição mais precisa desse problema. Nada de PIB, nada de balanço de pagamentos, déficit primário e coisas assim, capazes de gerar pânico nos economistas. Temer batizou com precisão essa questão como “economia miúda”, derivada dos efeitos do “custo de vida”, esse, sim, capaz de derrubar, de um sopro só, os palanques eleitorais mais sólidos."
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