Janio de Freitas
Um fato, dois aspectos: a agressão homicida a uma pessoa e o ataque a um
repórter por sua atividade. Misturar os dois aspectos é ruim para ambos
e péssimo para a sociedade.
A razão que levou Fábio Raposo Barbosa a se apresentar à polícia, por
conselho de um advogado, é perceptível: está no seu braço. Ao usar manga
comprida em sua apresentação à polícia, ele quis, e conseguiu, que
ninguém prestasse atenção no seu braço, ali ou depois. O braço já dizia
tudo a seu respeito. Sua agressividade já se expõe no tipo de imagem
escolhido para tatuar-se: arma, punhal e lâmina de ataque. Estavam à
vista no dia da baderna e terminariam por ser observadas para a busca de
identificá-lo. Melhor apresentar-se com uma ficção e tatuagens à vista.
O disparo do rojão foi muito esclarecedor da índole criminosa que muitos
ainda negam ao "black bloc", use ou não esse nome. As imagens móveis
mostram que Fábio e seu comparsa caminham em direção determinada, não ao
acaso. O segundo avança para depositar o rojão em certo lugar do solo.
E, é nítido, ajeita-o para ficar precisamente assim: em direção a uma
pessoa de pé, sozinha, tão desprevenida que nem percebe o que se passa
ali -está de costas, e é para suas costas que aponta o artefato
conduzido por Fábio Raposo e apontado por seu comparsa.
Uma poderosa bomba de fogo e som em velocidade fulminante, dirigida,
deliberadamente, contra uma pessoa indefesa. "Não havia a intenção de
matar". E precisaria haver? O que foi decidido fazer, o que foi feito,
como foi feito e por que foi feito dispensava qualquer consideração
sobre consequências.
Um Amarildo sem a PM.
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