quinta-feira, 6 de março de 2014

Efeito Sheherazade: Jandira Feghali teve que salvar menino de linchamento

Há um mês a apresentadora do SBT Rachel Sheherazade fazia o ANTAlógico (*) comentário "adote um bandido" defendendo um grupo de justiceiros no Rio de Janeiro que havia espancado e amarrado um adolescente nu a um poste com tranca de bicicleta.

Quase um mês depois, em plena folia de carnaval aconteceu essa narrativa da coluna do Ilimar Franco:
Assim caminha a humanidade
Por pouco não acontece uma tragédia durante o desfile do bloco Simpatia É Quase Amor, em Ipanema. Depois de furtar algumas pessoas, um menino foi interceptado por dois “pitboys". Um deles deu um chute violento na cabeça do garoto e ele voou no meio-fio. Os dois começaram a gritar "bandido bom é bandido morto!" e começaram a espancá-lo, até ficar desacordado no chão. Passando pelo tumulto, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) parou para ver o que estava acontecendo. Os “pitboys” só pararam porque ela ameaçou filmar e chamar a polícia. Jandira [que é médica] fez procedimentos de primeiros-socorros, até que o garoto acordou e acabou fugindo.
Tão ruim quanto a bandidagem é quem desiste de nossas crianças e jovens em situação de risco, abandonando-as à própria sorte. Esses meninos e adolescentes precisam de disciplina escolar e não de linchamento, o que só fará produzir monstros desumanizados quando adultos, com a violência e falta de valor à vida integrada às suas rotinas.

Se Rachel Sheherazade morasse nos EUA, com o altíssimo rendimento que ela ganha no SBT, pagaria perto de 40% de imposto de renda, em vez dos aproximados 27,5% que paga no Brasil. Só essa diferença daria para bancar a educação de qualidade de várias crianças pobres que seriam criadas e educadas para serem cidadãs úteis e queridas na sociedade, em vez de virarem bandidos.

Como nação, temos escolhas a fazer. Na década de 80, Brizola e Darcy Ribeiro, criaram os CIEPs ou Brizolões, escolas de horário integral que tinha até moradia para menores abandonados, com a família do zelador da escola sendo pais sociais. Os adversários políticos, com apoio da TV Globo combateram ferozmente dizendo que era muito caro. Depois Marta Suplicy fez os CEUS nas áreas carentes de São Paulo. Serra sucedeu e esvaziou o projeto, dizendo que era muito caro. Lula fez o que pôde e Dilma também para conseguir colocar mais dinheiro na educação, recorrendo inclusive aos royalties do petróleo. De novo a Globo e a oposição, de dentro de seus carros blindados, atacam ferozmente o governo que investe para os mais pobres também prosperarem e terem vida digna.

Caro é todo mundo que tem casa ter que construir muros, um gasto que não seria necessário em uma sociedade mais civilizada. Caro é ter que pagar seguro alto porque tem muitos roubos de carros. Caro é ter que pagar segurança privada e infindáveis sistemas de câmaras de TV, cercas elétricas e alarmes em condomínios e no comércio. Não tem preço que pague é a tragédia de ser vítima de futuros adultos, hoje abandonados, para serem "educados" na bandidagem.

(*) não é erro ortográfico, é mistura de antológico com anta mesmo.

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