Blog do Zé /Por Equipe do Blog
Em anúncio de meia página hoje, o jornal O Globo convida para o ciclo de
debates que promove em três dias – 17, 24 e 31 próximos – sob o título
“Ditadura militar brasileira, 50 anos”, na Casa do Saber O Globo, no
Rio. A proposta do jornal, segundo o anúncio, é fazer “três encontros
especiais sobre a Ditadura Militar brasileira que foi implementada há
exatamente meio século, com o golpe de Estado que depôs o presidente
João Goulart em 1964 e seus impactos até os dias atuais”.
Dentro dessa agenda, o jornal engloba a discussão em três temas, um a
cada dia: “o impacto na cultura e na imprensa: a vida sob censura”; “as
mudanças na sociedade, economia e aparelho estatal”; e “as lutas
ideológicas e a geopolítica internacional”. O jornal convida o público,
ainda, para uma visita, no local, à exposição “anos de chumbo”.
A exemplo da maior parte da grande imprensa brasileira, O Globo
insuflou, instigou ao máximo, e apoiou antes, na deflagração e durante
toda a ditadura militar o golpe de Estado de 1964. Interessante
acompanhar uma seção chamada “Há 50 anos”, que o jornal publica
diariamente em sua penúltima página, três ou quatro notícias de meio
século atrás resumidas.
O tempo em que O Globo virou um panfleto anticomunista
Por ela se constata que O Globo, muito, mas muito antes mesmo do golpe,
deixou de ser um jornal na acepção exata do termo e transformou-se num
panfleto, com manchetes e noticiário anticomunista. Todos os dias o
jornal arrumava um general, um bispo, um udenista, para denunciar o
perigo vermelho e a ameaça comunista que, segundo ele, rondavam o
Brasil. Na 1ª página e nas demais manchetes internas.
Até padre, militar de baixa patente e parlamentar do hoje chamado “baixo
clero” – de atuação discreta, com pouco destaque – viravam manchete no
jornal, desde que falassem contra o governo João Goulart e anunciassem o
risco iminente de o país tornar-se comunista. E tudo para O Globo
naquele período era ameaça comunista.
O jornal noticiava desapropriação de terra e assentamentos de reforma
agrária como medidas comunizantes e até a reintegração de posse de
terrenos na Baixada Fluminense, determinada pela justiça, virava notícia
com títulos como “polícia desaloja comunistas de terreno invadido”.
No ano passado, o jornal tornou-se o único até hoje, dentre os grandes,
a fazer um mea-culpa e a admitir que errou ao instigar e apoiar a
quartelada de 1964. Melhor do que a Folha de S.Paulo que há não muito
tempo, ao tratar da questão criou a expressão “ditabranda” em sua
tentativa de convencer a opinião pública que a ditadura brasileira não
foi tão feroz quanto a implantada em outros países do continente.
Postado há 1 hour ago por Blog Justiceira de Esquerda
Também do Blog Justiceira de Esquerda.