segunda-feira, 11 de maio de 2009

Geopolítica:Presidente Lula Fará Nova Visita a China:renovação da Parceria Estratégica entre os Dois Gigantes


Matéria copiada do Blog INTERESSE NACIONAL, do meu Amigo Thiago Pires, que está em Minhas Notícias e em Meus Favoritos.

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Saraiva

Geopolítica:Presidente Lula Fará Nova Visita a China:renovação da Parceria Estratégica entre os Dois Gigantes
Presidente Lula passa em Revista ás Tropas do Exército de Libertação Nacional na Compahia do Presidente Hu Jintao em sua última Visita á China em 2007.
O Brasil sofrerá menos com a crise mundial, em parte por ter diversificado seus mercados de exportação, procurando clientes em todos os recantos do mundo. Em resposta à crise, e em consequência de um poderoso movimento internacional de deslocamento do eixo econômico do globo, o comércio do Brasil volta, porém, a concentrar-se rapidamente. Desta vez, em torno de mercados povoados por consumidores inteligentes de tez amarela e olhos puxados. A rápida ascensão da China como o principal destino das vendas brasileiras ao exterior é só um aspecto da emergência da Ásia como polo dinâmico do comércio mundial.Nesta semana, quando chegar em Pequim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será pressionado por integrantes do próprio governo a falar de comércio. É a Embraer, que teme perder encomendas de sua filial na China para empresas aeronáuticas, concorrentes chineses puro-sangue.
A Embraer se queiza que o Governo chinês tem feito lobby para que Empresas de Aviação do país comprem aeronaves de outra fábrica, integralmente chinesa, instalada no país. O governo chinês nega a existência de dificuldades e classifica a decisão de compra das aeronaves como uma "questão do setor privado"."Essa questões são com as empresa correspondentes", argumenta Qiu Xiaoqi. "Estamos construindo uma economia de mercado com caráter socialista e o governo não pode manejar essas coisas."Os chineses, numa demonstração do interesse que cerca a visita de Lula, designaram a poderosa vice-ministra de Comércio, Ma Xiuhong, para concluir a visita preparatória das autoridades brasileiras em junho. Na conversa, a ministra sequer tocou numa das reivindicações mais constantes dos chineses, a oficialização, pelo Congresso, do reconhecimento da China como economia de mercado - o que limitaria o poder de levantar barreiras a mercadorias chinesas. "Sentimos grande diferença entre este ano e o ano passado, no tempo dedicado e na hierarquia dos funcionários destacados para os encontros", diz o secretário d e Comércio Exterior, Welber Barral.Barral informa que os chineses mostraram grande interesse nas Zonas de Processamento de Exportação criadas no Brasil, e que, dos 18 temas em que se dividiu a conversa com o governo da China, apenas em propriedade intelectual não se chegou a um programa de trabalho viável.
"Em 2004, o objetivo da visita do presidente à China foi aumentar o comércio, que passou de US$ 9 bilhões, em 2006, a mais de US$ 36 bilhões em 2008", diz o chefe da Divisão de Operações Comerciais do Itamaraty, Norton Rapesta. "Agora queremos também explorar oportunidades de investimento."A viagem a China foi dividida em três: em Pequim, Lula chefia a delegação de autoridades e empresários nos contatos com o governo chinês; em Xangai, o centro financeiro do país, haverá um seminário para investidores, com participação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e discussões sobre atuação chinesa no setor financeiro, de infraestrutura e turismo; em Shenzen, empresários realizarão encontros de negócios."Em Shenzen queremos buscar novos nichos, como o interesse que já identificamos, de fabricação de equipamentos de empresas chinesas no Brasil", diz Rapesta, que, no material da viagem, até mudou a representação do mapa múndi, deslocando as Américas para o lado esquerdo do globo, para mostrar como Brasil e China têm maior proximidade territorial do que se costuma pensar.
"O comércio de produtos agrícolas do Brasil com a China é muito concentrado, 93% é em soja e derivados", nota o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto. "Precisamos diversificar as vendas, em produtos lácteos, e principalmente, carne.""A China está disposta a financiar a cooperação econômica e comercial com o Brasil", garante o embaixador Qiu Xiaoqi. "No último ano, a relação entre China e Brasil se desenvolveu de forma muito rápida, houve uma coordenação muito estreita em torno das medidas para enfrentar a crise financeira internacional."Segundo um ministro com trânsito livre no gabinete presidencial, Lula quer fazer da visita uma oportunidade de articular com a China uma ação política coordenada em instâncias internacionais, como a reunião dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) em junho, as Nações Unidas e o G-20, reunião das economias mais influentes do mundo. É uma pretensão inteligente, se, com ela, vier uma negociação para atender aos interesses empresariais do Brasil em relação aos mercados asiáticos.Mesmo os conselheiros de Lula comentam que é circunstancial o primeiro lugar da China entre os importadores brasileiros. Os Estados Unidos, que foram lançados ao segundo lugar entre os mercados para a exportação brasileira, encontram-se em crise, que devem superar no futuro próximo, para voltar ao posto de maior consumidor de produtos brasileiros. Mas a ascensão asiática é impressionante demais para ser mero fenômeno conjuntural.Em abril, as exportações brasileiras para países asiáticos chegaram a 30% do total de vendas brasileiras ao exterior. A China absorveu 18% do total. Se computado o resultado do quadrimestre, a fatia das exportações brasileiras acolhida pela China chega a quase 13%, e as vendas aos asiáticos representam quase 25% do total. Vale lembrar que, no primeiro quadrimestre de 2008, os Estados Unidos, hoje compradores de apenas 11% das exportações brasileiras, eram 14% do mercado para os brasileiros no exterior. A velocidade com que os chineses e outros asiáticos se tornam destino preferencial das vendas brasileiras é sintomática, porém.O vigor das vendas aos asiáticos é sintoma de um mal preocupante, a concentração das exportações brasileiras em bens de baixo valor agregado, as chamadas commodities, como minério de ferro, soja e celulose. Mas também indica que os mercados compradores mais dinâmicos estão em outros meridianos, diferentes dos tradicionais.E é em mercados chamados emergentes que o Brasil encontra onde escoar sua produção. Só na Ásia o desempenho das exportações brasileiras alcança crescimento expressivo (a África é o outro continente para onde o Brasil aumentou exportações, mas em medíocres 5%). O crescimento das vendas aos asiáticos, de 28% de janeiro a abril, se deve prioritariamente à China, mas também a países como Taiwan, Coreia do Sul, Cingapura e Indonésia. Esses países compensaram o desempenho importador do Japão, que, pelo contrário, diminuiu as compras. Os chineses, em 2008, importavam mais de duas vezes e meia o que o Japão comprava do Brasil; agora absorvem quase quatro vezes mais em produtos brasileiros que os japoneses.Interessado em fortalecer os laços políticos com os chineses, Lula cometerá um grave erro se descurar da agenda econômico-comercial. A Ásia, além de ser grande consumidor de commodities, é um potencial comprador de manufaturados brasileiros, e está cada vez mais perto, em termos de logística: em 2009, como relatou o Valor, deve ser concluída a ligação brasileira com o pacífico, via Peru. Em 2010, será a vez de projetos que passam por Bolívia e Chile, parte do antigo plano IIRSA, de integração da infraestrutura sul-americana. Haveria outra ligação, passando pelo Equador, que foi armazenada na geladeira pelas autoridades brasileiras amuadas com as bravatas nacionalistas do presidente equatoriano Rafael Correa.A Ásia ganha importância para o mundo e para o Brasil, e, por tabela, tende a mostrar a importância de boas relações do governo brasileiro com os vizinhos andinos, caminho para os portos que levarão mercadorias brasileiras ao Pacífico. Na Agenda China, que o governo elaborou com apoio da CNI e do Conselho Empresarial Brasil-China, foram identificadas oportunidades no mercado chinês para produtos tão variados quanto autopeças, partes de ar condicionado e material elétrico. A aliança política ajuda, nesses casos, mas faz falta, ainda, uma estratégia empresarial consistente.No Brasil, empresários do setor manufatureiro, ocupados com a sobrevivência, em tarefas comezinhas como a busca de fontes para seu capital de giro, desdenharam da missão empresarial que parte para a China nesta semana. Antenas mais eficientes, como as do governo dos EUA, já perceberam a forte atração gravitacional que o mercado asiático promete exercer no futuro próximo - não é por outro motivo que o Eximbank americano resolveu triplicar o crédito comercial para o Brasil, em plena crise, como relatou Patrícia Campos Mello em "O Estado de S. Paulo" neste fim de semana.O discurso do setor privado em relação à China ainda é presa dos interesses defensivos, que veem nos chineses uma ameaça à indústria instalada no país. Esses interesses estão fortemente representados na missão empresarial que acompanha Lula à China, nesta semana. Falta, até hoje, porém, uma ação mais vigorosa do governo e do setor privado, capaz de aproveitar a crescente aproximação política com a China para explorar o potencial emergente dos mercados asiáticos.
Postado por Espaço Democrático de Debates às 12:45 0 comentários
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