quarta-feira, 5 de maio de 2010

Negócio da China só vale para empresários?

Um leitor mandou para o blog, hoje, o link para a foto que reproduzo acima, de uma campanha da Firjan contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. Estendida na fachada da sede da federação, no Centro do Rio, uma faixa diz que com a medida os empregos dos brasileiros vão parar na China. Não sabia que a Firjan falava agora em nome do trabalhador brasileiro, logo ela que em 2006 defendeu a importação de trabalhadores chineses para a construção de uma siderúrgica da alemã ThyssenKrupp no Rio de Janeiro. Na verdade, a pretensão era trazer nada menos de três mil, mas o Ministério do Trabalho só permitiu um sexto disso, para funções especializadas.

O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, disse à época que entendia a estratégia da empresa de tornar o investimento o “mais barato possível”. Quer dizer que para baratear o custo do empresário, o trabalhador brasileiro pode ser ignorado e mão-de-obra ser trazida da China. Mas para reduzir a jornada de trabalho e permitir ao trabalhador mais uma horinha com a família é o emprego dele que vai parar na China?

A Firjan precisa abrir os olhos que o capitalismo moderno não existe sem um trabalhador respeitado e qualificado. Esse ano já ficou contra a adoção do salário mínimo regional para todas as categorias profissionais, e agora contra a redução da jornada de trabalho.

Isso me faz lembrar de uma história contada por meu avô sobre as semanas em que visitou a Austrália. Ao conversar com uma senhora, na rua, ela lhe disse que lá, o povo amava os seus empresários porque as empresas geravam emprego, salários e progresso social.

Será que não é hora dos brasileiros terem motivos para amar seus empresários? Mas como, se são tratados assim? Uma redução de 4 horas na jornada de trabalho, depois de 22 anos de veloz avanço da tecnologia e da produtividade, pode ser tanto assim para justificar ir para o outro lado do mundo? Como, se a mesma Firjan defendeu ir para lá, tirar empregos dos brasileiros.

A elite brasileira precisa parar de falar em modernidade e praticá-la. E ser moderno não é tratar o trabalhador como simples mercadoria, diante da qual só interessa o menor preço. Aliás, menor preço como único critério é uma coisa que não vale mais nem para mercadoria, o que dirá para seres humanos.

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