sexta-feira, 1 de julho de 2011

Acusadora de Strauss-Kahn prestou falso testemunho, dizem procuradores

Segundo policiais, arrumadeira do hotel Sofitel de Manhattan havia falado sobre possíveis benefícios de fazer acusações contra o ex-diretor-gerente do FMI

Renato Martins, da Agência Estado

NOVA YORK – Nafissatou Diallo, a arrumadeira do hotel Sofitel de Manhattan que acusou Dominique Strauss-Kahn de estupro, prestou falso testemunho ao grande júri ao omitir o fato de ter limpado outro quarto do hotel antes de procurar seu supervisor para fazer a acusação. Segundo documento apresentado ao tribunal pelos procuradores distritais de Manhattan, “a demandante admitiu que esse relato era falso e que, depois do incidente na suíte 2806, ela procedeu à limpeza de um quarto próximo e depois voltou à suíte 2806 e começou a limpar aquela suíte antes de relatar o incidente a seu supervisor”.

Segundo a carta dos procuradores, reproduzida pelo New York Times, Diallo, natural da Guiné, admitiu ter mentido em seu pedido de asilo nos EUA e que suas declarações de que havia sido violentada por uma gangue em seu país também era falsa. Ela também teria admitido que mentiu ao declarar sua renda para obter qualificação para moradia subsidiada e que registrou falsamente como sua a criança de uma amiga, para aumentar suas restituições de Imposto de Renda.

Policiais citados pelo New York Times também disseram que em 15 de maio, um dia depois do suposto estupro, Diallo falou ao telefone com um homem que cumpre pena pela posse de 200 kg de maconha; nessa conversa – que foi gravada pelas autoridades-, ela e o detento discutem os possíveis benefícios de fazer acusações contra Strauss-Kahn. Segundo o NYT, esse presidiário é um dos indivíduos que teriam feito depósitos no total de US$ 100 mil na conta de Diallo ao longo dos últimos dois anos.

O caso obrigou Strauss-Kahn a renunciar ao cargo de diretor-gerente do FMI e abalou a possibilidade de ele concorrer à Presidência da França pelo Partido Socialista em 2012, contra o conservador Nicolas Sarkozy, que provavelmente tentará a reeleição. Curiosamente, as revelações que levaram à soltura de Strauss-Kahn apareceram um dia depois de o FMI escolher Chrstine Lagarde, até então integrante do governo Sarkozy, para o comando da instituição. As informações são da Dow Jones.

Lucas Jackson/Reuters
Ao lado da mulher, Anne Sinclair, Dominique Strauss-Kahn sorri ao deixar o tribunal em Nova York / Foto: Reuters
O ex-diretor do FMI foi libertado nesta sexta-feira, sem o pagamento de fiança em Nova York

Strauss-Kahn provavelmente foi alvo de armação, diz Roubini no Twitter

Para economista, últimas notícias sobre falso testemunho da acusadora do ex-diretor-gerente do FMI provam que Kahn foi vítima de armação

Renato Martins, da Agência Estado

NOVA YORK – O economista Nouriel Roubini disse no Twitter que sabia que as acusações de estupro contra Dominique Strauss-Kahn provavelmente eram falsas, conforme notou o blog de Mark Gongloff no serviço online Market Beat, do Wall Street Journal. “Eu escrevi, no dia seguinte à prisão de DSK, que isso provavelmente era uma armação. As últimas notícias agora provam isso. Quem colocou dinheiro na conta bancária dela?”, questionou Roubini, referindo-se à acusadora, a camareira de hotel Nafissatou Diallo. Roubini acrescentou: “Alguns criminosos colocaram dinheiro na conta dela. Quem está por trás deles?”

O economista escreveu também que “Meu tweet de 15 de maio: DSK é inocente até que se prove sua culpa. Não se pode descartar uma armação, como uma campanha de calúnias contra ele na imprensa francesa próxima a Sarko” (referência ao presidente da França, Nicolas Sarkozy).

O ex-diretor do FMI foi libertado nesta sexta-feira, 1, sem o pagamento de fiança em Nova York, por uma corte no caso em que é acusado de abuso sexual por uma camareira. No entanto, o inquérito contra o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional terá prosseguimento.

A assistente de promotoria Joan Illuzzi-Orbon disse que os promotores concordaram com as mudanças nas condições para a fiança por ter havido uma mudança na visão deles sobre a força das acusações contra Strauss-Kahn. As acusações criminais contra ele, porém, não foram retiradas. Além disso, ele também não será alvo de monitoramento eletrônico. Como parte do acordo, os promotores retiveram o passaporte de Strauss-Kahn, que é cidadão francês e era apontado, antes do escândalo, um dos candidatos favoritos à Presidência.

A decisão de soltar Strauss-Khan, de 62 anos, ocorreu após um reportagem do jornal The New York Times divulgar que investigadores descobriram contradições no depoimento de Nafissatou Diallo, a camareira que o acusa de estupro no hotel Sofitel de Manhattan em 14 maio. A camareira teria mentido repetidas vezes em seus depoimentos desde sua primeira acusação. Segundo os investigadores, apesar de exames terem indicado que houve de fato relação sexual entre Strauss-Kahn e Diallo, há ainda muitas dúvidas sobre como teria ocorrido essa relação.

Informações sobre a própria camareira também estariam em xeque. Foram descobertas novas questões sobre o pedido de asilo de Diallo, originária da Guiné, e ligações com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e outros crimes.

Com Reuters, Agência Estado e New York Times

Postado por Luis Favre
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Do Blog do Favre.

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