Principal cardeal britânico renuncia em meio a alegações de abusos
Três padres e um ex-padre relataram
que cardeal Keith O'Brien teve um 'comportamento inadequado' na década
de 1980; renúncia é aceita por papa, que deixa cargo na quinta
O principal clérigo britânico da Igreja Católica, o
cardeal Keith O'Brien, renunciou nesta segunda-feira como arcebispo de
St. Andrews e Edinburgo após alegações de abuso contra quatro padres na
década de 1980. O'Brien nega as acusações. De acordo com a Igreja
Católica da Escócia, o papa Bento 16
aceitou a renúncia.
O cardeal confirmou que não participará do conclave
em que será eleito o sucessor do papa, que deixa o cargo oficialmente na quinta-feira
, fazendo com que o Reino Unido não tenha representante na votação. Domingo: Papa, em seu último Ângelus, diz que segue vontade de Deus AP
Cardeal Keith Patrick O'Brien dá entrevista em Edinburgo, Escócia (16/09/2010)
Reação: Vaticano critica 'fofocas' e 'calúnias' sobre renúncia do papa
Em uma declaração, o cardeal O'Brien afirmou que entregou
há meses sua carta de renúncia, que entraria em vigor quando ele
fizesse 75 anos em 17 de março, mas que Bento 16 "agora decidiu que ela
passará a valer desde hoje". Segundo ele, em seu lugar ficará um
admistrador apostólico para governar a arquidiocese até que seu sucessor
seja nomeado.
A renúncia do principal clérigo da Igreja Católica no
Reino Unido em meio a alegações de comportamento impróprio cria um crise
para a igreja na Escócia e representa um amplo golpe para toda a
instituição enquanto ela batalha para melhorar sua reputação antes da
eleição papal.
Já se espera que o conclave seja difícil nas
circunstâncias criadas pela renúncia sem precedentes de Bento 16, a
primeira em quase 600 anos
. Além disso, o Vaticano encontra dificuldades para lidar com informações de corrupção interna e mau gerenciamento
. Relatório: Papa transfere monsenhor após vazamento de dossiê sobre VatiLeaks
A renúncia do cardeal O'Brien também é uma tragédia
pessoal. Seu papel como único representante britânico no conclave do
próximo mês seria uma de suas últimas ações antes da aposentadoria.
De acordo com a edição de domingo do britânico The
Observer, três padres e um ex-padre - da diocese de St. Andrews e
Edinburgo - reclamaram ao representante do papa no Reino Unido, nuncio
Antonio Mennini, na semana anterior ao dia 11, quando o papa anunciou
sua renúncia, o que alegaram ser comportamentos inadequados do cardeal.
O ex-padre alega que o cardeal o abordou de forma
imprópria depois das preces noturnas em 1980, quando era um seminarista
no Colégio de St. Andrew, em Drygrange. O reclamante diz ter renunciado
como padre quando O'Brien se tornou bispo. Ele é citado em uma
declaração afirmando: "Soube então que ele sempre teria poderes sobre
mim. Inferiu-se que eu deixei a igreja porque me casaria. Não casei.
Renunciei para preservar minha integridade." Sucessão: Papa abre porta com Twitter, mas jovens esperam 'sucessor 2.0'
Uma segunda reclamação de um outro religioso indica que
ele vivia em uma paróquia quando recebeu a visita de O'Brien e houve
contato impróprio entre os dois. Um terceiro querelante alega ter lidado
com o que descreve como "comportamento não desejado" do cardeal nos
anos 1980 depois de uma noite de bebedeira. E o quarto reclamante diz
que o cardeal usou as preces noturnas como uma desculpa para contato
inadequado.
Ao renunciar a seu posto, o cardeal O'Brien mancha o fim
de uma ilustre carreira poucas semanas antes de se aposentar.
Acredita-se que a renúncia tenha acontecido pela intenção de proteger a
igrejar de mais especulações durante a eleição papal. O processo já está
obscurecido por alegações contra vários cardeais participantes pela
forma como lidaram com os escândalos de abusos sexuais da igreja. Análise: Novo papa vai liderar Igreja ameaçada por escândalos e avanço protestante
O cardeal O'Brien será lembrado particularmente como um
defensor franco do ensinamento católico sobre aborto, eutanásia e
homossexualismo. Na semana passada, ele disse acreditar que os padres
deveriam poder se casar se quisessem.
Para ele, o novo papa poderia considerar se a Igreja
Católica Romana devia mudar sua posição sobre alguns assuntos que não
tenham origem divina. "Por exemplo, o celibato do clero, se os padres
deveriam casas - Jesus não diz isso", afirmou.
*Com BBC
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