Blog do Paulo Moreira Leite - 01 de outubro de 2014
por Paulo Moreira Leite
Nunca foi tão necessário derrotar o pensamento conservador, o eterno obscurantismo que tenta fazer a roda da História andar para trás
Minha razão para votar em Dilma tem origem na convicção fundamental de que o dever principal do Estado e dos governantes é defender os humildes e os desprotegidos, os que não tiveram oportunidade.
Também se baseia nas melhores estatísticas, que podem ser lembradas sempre que necessário, e ajudam a entender quem fez o quê, quando, para quem.
Estou falando da distribuição de renda, para lembrar que queremos viver num Brasil de cidadãos iguais, homens e mulheres. Acredito que é preciso manter a prioridade no emprego e no salário, no mercado interno, porque sabemos que só progresso no bem-estar da população de baixo gera melhoras reais para o conjunto da sociedade.
Não tenho religião mas tenho uma fé política: creio que numa democracia todos os poderes emanam do povo. Não imagino um país de cabeça baixa, refúgio de escravos tristes e senhores de sorriso amarelo pelo excesso de esperteza.
Não acredito em contos de fada nem admiro heróis de álbum de figurinha.
Não creio num futuro de privilégios nem de favores. A hierarquia não eleva. A inferioridade incomoda.
Só a luta pela igualdade é ética.
Penso em Dilma quando tentam nos assustar com o medo ridículo de mais uma queda na Bolsa, querendo ligar o destino do país ao enriquecimento de tubarões de um cassino pobre e podre, habituados a embolsar seus lucros e transferir suas desgraças para a maioria da população.
Penso em Dilma quando vejo um candidato aparecer na TV sem conseguir — apesar de muito treinamento — disfarçar sua conversa vazia. Nada consegue dizer porque muito tem a esconder.
Penso nela quando até um ator de Hollywood, envergonhado, sentiu-se no dever de informar que fez papel de bobo e retira o apoio a uma concorrente.
Os analistas de gabinete estão atônitos, os economistas de encomenda e os consultores milionários fogem de clientes inconformados. Faltam poucos dias para o povo ir às urnas e tudo que imaginaram, prometeram, deu errado. Mentiram, apenas mentiram, mentiram de novo.
Apesar do massacre cotidiano, das cortinas de fumaça, das trapaças, das demonstrações de má fé, milhões de brasileiros foram capazes de compreender aonde estão seus interesses, distinguir quem zela por suas necessidades e tem disposição de lutar por elas. Não é de hoje que aprenderam o que é classe social.
Por vários caminhos, com as idéias mais exóticas, incongruentes na origem mas idênticas na finalidade, formou-se uma grande aliança para tentar fazer a roda da história andar para trás. Deu errado.
Dilma só é chamada de agressiva, e suas críticas são chamadas de ataques, porque é assim que acontece com quem desafia o coro das ideias dominantes.
Nunca os mais pobres conseguiram vencer tantos enganos, tantas ilusões.
Nunca tiveram a mesma oportunidade de arrumar o país para ficar um pouco do seu jeito, onde possam fazer valer sua vontade e serem tratados com dignidade.
Nunca foi tão necessário derrotar o preconceito, a ideologia nefasta dos senhores de sempre, o pensamento conservador do eterno obscurantismo — marcas daquilo que muitos anos atrás nosso maior poeta do século XX chamou de mundo caduco.
Em meio a tanta dificuldade, tanta injustiça, tanta mudança a ser feita, vivemos num país onde 94% dos favelados dizem que estão felizes com a vida que levam.
Por isso, voto e peço voto em Dilma.
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