terça-feira, 4 de março de 2014

Cantanhêde e Sheherazade: verso e reverso da insensatez, do preconceito e da fanfarronice

Quando vejo e leio informações sobre o que pensaram(?) e disseram as senhoras jornalistas Eliane Cantanhêde e Rachel Sheherazade não fico abismado e muito menos surpreso. Apenas me pergunto o porquê de um site de política tão importante como o Brasil 247 dá tanta atenção ao que afirmam duas jornalistas sem qualquer noção de civilidade e solidariedade, que vomitam seus preconceitos e perversidades, porque são simplesmente favoráveis ao fim do projeto de País do PT, partido trabalhista que apostou no crescimento do Brasil, por intermédio de pesados investimentos em programas sociais e infraestrutura.
Porque, se alguém parar e pensar com clareza e de forma pontual vai perceber, quase que instantaneamente, que pessoas elitistas, preconceituosas e intolerantes como essas duas meninas já com certa idade não têm a importância política e jornalística que pensam ter e muito menos influenciam no que é relativo ao caminho que a maioria do povo brasileiro escolheu para trilhar, que se resume na busca, intermitente, do seu desenvolvimento social e econômico e da continuação de um programa de Governo apresentado há quase 12 anos à população brasileira, que hoje parte dela se mostra insatisfeita, porque teve acesso a muitas coisas até então "proibidas" e, como gostou das novas experiências, agora quer ter mais.
Querer mais e reivindicar pacificamente ou violentamente, como ocorreram com as manifestações "pacíficas", "apartidárias" e "apolíticas", que somente a imprensa mentirosa e de negócios privados viu e ainda vê por conveniência política, ao tempo que teve que cobrir os protestos de helicóptero, porque, do contrário, apanhava nas ruas, não significa que a maioria dos brasileiros quer mudanças políticas e partidárias, como, por exemplo, colocar novamente na cadeira da Presidência da República um tucano neoliberal e que, conforme os anteriores, não tem compromisso com o povo brasileiro e, sim, com os privilegiados inquilinos da escravagista casa grande.
A verdade é que o povo pobre, os trabalhadores, a classe média que recentemente melhorou de vida sabe o que quer. Esses grupos ascenderam socialmente e passaram a ter acesso ao consumo, sendo que muitos de seus filhos ingressaram nas escolas técnicas, nas universidades públicas e, consequentemente, conquistaram melhores empregos e passaram a receber salários mais dignos, bem como perceberam que o direito de comprar, de frequentar restaurantes e shoppings, além de ocupar os saguões dos aeroportos, espaços historicamente ocupados pela burguesia, transformou-se em parte de sua rotina.
Os burgueses e os pequenos burgueses que se revoltam, babam de ódio e demonstram desavergonhadamente todo o preconceito e o desprezo adquiridos durante a vida e herdados de seus ancestrais, como nos casos de Sheherazade e Cantanhêde, a primeira imbecilmente a clamar pela volta dos militares e a apoiar a Marcha da Família, prevista para ser realizada em março em São Paulo (sempre São Paulo); e a segunda, depois de fazer um passeio de madame coxinha no exterior, desembarca em aeroporto e lamenta, mais do que as obras e as reformas, a aglomeração de pessoas, a maioria de classe média e média baixa, fato este que, certamente, causa urticária, danos psicológicos e muita raiva até se transformar em ira à madame, pessoa que se acha fidalga e com trejeitos nobiliárquicos. Durma-se com um barulho desses.
Cantanhêde é a Danuza Leão que não suporta ver porteiro em Nova Iorque. E a Sheherazade é a perversa elite branca do Nordeste e que vem para o "Sul Maravilha", a convite do magnata bilionário Sílvio Santos, dar uma de paladina da moral e dos bons costumes, só que, sem entrar no mérito, comporta-se como uma cangaceira, a fomentar discórdia e a aplaudir até linchamento de ladrãozinho como ocorreu no episódio do garoto que foi preso a um poste por uma trava de segurança de automóvel.
São, realmente, duas pessoas sem discernimento sobre o que acontece e o que já aconteceu no Brasil, a exemplo do golpe de 1964 e até mesmo da escravidão, como lembrou o triste e lúgubre episódio do rapaz preso ao poste. É incrível e por isso surreal que duas pessoas que tiveram todas as oportunidades para vencer na vida tenham mentalidades tão obtusas, baseadas em pseudos teorias de uma pretensa superioridade de classe, como se o mundo pertencesse apenas a algumas pessoas que se autoproclamam donos das razões e de todo dinheiro que se tem para ganhar em qualquer mercado, atividade, segmento e profissão.
Em contraponto a essa farsa ou fraude que são os valores e princípios preconcebidos por gente perversa e dada à estratificação da sociedade em castas sociais, surge com força um Brasil disposto a valorizar o trabalho e a distribuir renda e riqueza ao rejeitar a antiga trapaça de que é preciso fazer crescer o bolo para depois dividi-lo. Nada disso. O Brasil cresceu economicamente e socialmente, de forma exponencial, e essa realidade foi como um soco na ponta do queixo da direita brasileira herdeira da escravidão e acostumada a dominar o poder e a ter a imprensa alienígena como porta-voz de seus interesses, que geralmente não coadunam com os do País de ser totalmente independente e com um povo definitivamente emancipado.
Eliane Cantanhêde e Rachel Sheherazade são apenas marionetes replicantes de uma "elite" decadente e que quer a volta de um sistema econômico neoliberal e voltado a apenas a atender os ricos deste País e do exterior. Lutam para que o Brasil volte a ser de poucos, como se fosse um clube VIP para a burguesia se locupletar e se divertir enquanto o restante maior da população fique a ver navios e a mendigar para ter um simples emprego, como ocorreu no (des)governo de FHC — o Neoliberal I —, aquele que foi ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque o Brasil quebrou três vezes.
Quando resolvo ler alguma coisa, geralmente não muito realista e inteligente de Cantanhêde, ou ouvir, o que é muito raro, o palavreado desconexo e desconcatenado de Sheherazade, custo acreditar que essas pessoas utilizem meios de comunicação de concessão pública e fiquem a propagar a desestabilização do sistema democrático, a convocar marchas golpistas e a aprovar, por exemplo, os quebra-quebras ocorridos neste País e que culminaram com a morte do cinegrafista da Rede Band.
A importância jornalística e a influência política das jornalistas é nenhuma. Apenas são provocadoras e contam com as controvérsias e os antagonismos para criarem crises e confusões artificiais, em nome do establishment e de seus patrões. Eliane Cantanhêde e Rachel Sheherazade são o verso e o reverso da insensatez, do preconceito e da fanfarronice. É isso aí.

Davis Sena Filho

Davis Sena Filho é editor do blog Palavra Livre
 

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