Quando vejo e leio informações sobre o que pensaram(?) e disseram as
senhoras jornalistas Eliane Cantanhêde e Rachel Sheherazade não fico
abismado e muito menos surpreso. Apenas me pergunto o porquê de um site
de política tão importante como o Brasil 247 dá tanta atenção ao que
afirmam duas jornalistas sem qualquer noção de civilidade e
solidariedade, que vomitam seus preconceitos e perversidades, porque são
simplesmente favoráveis ao fim do projeto de País do PT, partido
trabalhista que apostou no crescimento do Brasil, por intermédio de
pesados investimentos em programas sociais e infraestrutura.
Porque, se alguém parar e pensar com clareza e de forma pontual vai
perceber, quase que instantaneamente, que pessoas elitistas,
preconceituosas e intolerantes como essas duas meninas já com certa
idade não têm a importância política e jornalística que pensam ter e
muito menos influenciam no que é relativo ao caminho que a maioria do
povo brasileiro escolheu para trilhar, que se resume na busca,
intermitente, do seu desenvolvimento social e econômico e da continuação
de um programa de Governo apresentado há quase 12 anos à população
brasileira, que hoje parte dela se mostra insatisfeita, porque teve
acesso a muitas coisas até então "proibidas" e, como gostou das novas
experiências, agora quer ter mais.
Querer mais e reivindicar pacificamente ou violentamente, como ocorreram
com as manifestações "pacíficas", "apartidárias" e "apolíticas", que
somente a imprensa mentirosa e de negócios privados viu e ainda vê por
conveniência política, ao tempo que teve que cobrir os protestos de
helicóptero, porque, do contrário, apanhava nas ruas, não significa que a
maioria dos brasileiros quer mudanças políticas e partidárias, como,
por exemplo, colocar novamente na cadeira da Presidência da República um
tucano neoliberal e que, conforme os anteriores, não tem compromisso
com o povo brasileiro e, sim, com os privilegiados inquilinos da
escravagista casa grande.
A verdade é que o povo pobre, os trabalhadores, a classe média que
recentemente melhorou de vida sabe o que quer. Esses grupos ascenderam
socialmente e passaram a ter acesso ao consumo, sendo que muitos de seus
filhos ingressaram nas escolas técnicas, nas universidades públicas e,
consequentemente, conquistaram melhores empregos e passaram a receber
salários mais dignos, bem como perceberam que o direito de comprar, de
frequentar restaurantes e shoppings, além de ocupar os saguões dos
aeroportos, espaços historicamente ocupados pela burguesia,
transformou-se em parte de sua rotina.
Os burgueses e os pequenos burgueses que se revoltam, babam de ódio e
demonstram desavergonhadamente todo o preconceito e o desprezo
adquiridos durante a vida e herdados de seus ancestrais, como nos casos
de Sheherazade e Cantanhêde, a primeira imbecilmente a clamar pela volta
dos militares e a apoiar a Marcha da Família, prevista para ser
realizada em março em São Paulo (sempre São Paulo); e a segunda, depois
de fazer um passeio de madame coxinha no exterior, desembarca em
aeroporto e lamenta, mais do que as obras e as reformas, a aglomeração
de pessoas, a maioria de classe média e média baixa, fato este que,
certamente, causa urticária, danos psicológicos e muita raiva até se
transformar em ira à madame, pessoa que se acha fidalga e com trejeitos
nobiliárquicos. Durma-se com um barulho desses.
Cantanhêde é a Danuza Leão que não suporta ver porteiro em Nova Iorque. E
a Sheherazade é a perversa elite branca do Nordeste e que vem para o
"Sul Maravilha", a convite do magnata bilionário Sílvio Santos, dar uma
de paladina da moral e dos bons costumes, só que, sem entrar no mérito,
comporta-se como uma cangaceira, a fomentar discórdia e a aplaudir até
linchamento de ladrãozinho como ocorreu no episódio do garoto que foi
preso a um poste por uma trava de segurança de automóvel.
São, realmente, duas pessoas sem discernimento sobre o que acontece e o
que já aconteceu no Brasil, a exemplo do golpe de 1964 e até mesmo da
escravidão, como lembrou o triste e lúgubre episódio do rapaz preso ao
poste. É incrível e por isso surreal que duas pessoas que tiveram todas
as oportunidades para vencer na vida tenham mentalidades tão obtusas,
baseadas em pseudos teorias de uma pretensa superioridade de classe,
como se o mundo pertencesse apenas a algumas pessoas que se
autoproclamam donos das razões e de todo dinheiro que se tem para ganhar
em qualquer mercado, atividade, segmento e profissão.
Em contraponto a essa farsa ou fraude que são os valores e princípios
preconcebidos por gente perversa e dada à estratificação da sociedade em
castas sociais, surge com força um Brasil disposto a valorizar o
trabalho e a distribuir renda e riqueza ao rejeitar a antiga trapaça de
que é preciso fazer crescer o bolo para depois dividi-lo. Nada disso. O
Brasil cresceu economicamente e socialmente, de forma exponencial, e
essa realidade foi como um soco na ponta do queixo da direita brasileira
herdeira da escravidão e acostumada a dominar o poder e a ter a
imprensa alienígena como porta-voz de seus interesses, que geralmente
não coadunam com os do País de ser totalmente independente e com um povo
definitivamente emancipado.
Eliane Cantanhêde e Rachel Sheherazade são apenas marionetes replicantes
de uma "elite" decadente e que quer a volta de um sistema econômico
neoliberal e voltado a apenas a atender os ricos deste País e do
exterior. Lutam para que o Brasil volte a ser de poucos, como se fosse
um clube VIP para a burguesia se locupletar e se divertir enquanto o
restante maior da população fique a ver navios e a mendigar para ter um
simples emprego, como ocorreu no (des)governo de FHC — o Neoliberal I —,
aquele que foi ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos,
porque o Brasil quebrou três vezes.
Quando resolvo ler alguma coisa, geralmente não muito realista e
inteligente de Cantanhêde, ou ouvir, o que é muito raro, o palavreado
desconexo e desconcatenado de Sheherazade, custo acreditar que essas
pessoas utilizem meios de comunicação de concessão pública e fiquem a
propagar a desestabilização do sistema democrático, a convocar marchas
golpistas e a aprovar, por exemplo, os quebra-quebras ocorridos neste
País e que culminaram com a morte do cinegrafista da Rede Band.
A importância jornalística e a influência política das jornalistas é
nenhuma. Apenas são provocadoras e contam com as controvérsias e os
antagonismos para criarem crises e confusões artificiais, em nome do
establishment e de seus patrões. Eliane Cantanhêde e Rachel Sheherazade
são o verso e o reverso da insensatez, do preconceito e da fanfarronice.
É isso aí.
Davis Sena Filho
Davis Sena Filho é editor do blog Palavra Livre
Do Blog O TERROR DO NORDESTE.
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