‘Fantástico’ coloca Eduardo Campos em saia justa com mau desempenho na educação
O programa "Fantástico" da TV Globo, do último domingo, fez reportagem
sobre a precariedade de escolas públicas nos três estados que tiveram as
notas mais baixas no Programa de Avaliação Internacional de Estudantes
(Pisa): Alagoas, Maranhão e Pernambuco.
A má colocação de Pernambuco constrange o governador Eduardo Campos
(PSB), pré-candidato a presidente da República. Afinal, não é um bom
cartão de visita a apresentar para o eleitor.
Mesmo a reportagem tendo focado em problemas de infraestrutura em três
escolas da rede municipal de Jaboatão dos Guararapes, cujo prefeito
Elias Gomes é do PSDB, não apaga o fato do estado todo ter ficado entre
os últimos no desempenho educacional, inexplicavelmente atrás de outros
estados mais pobres. Inclusive uma pauta de luta dos professores do
estado é justamente contra o processo de municipalização do ensino
fundamental promovido pelo governo Campos, o que precariza mais ainda as
escolas e condições de trabalho dos professores.
Agrava-se o fato do governo de Pernambuco ter gastos vultosos em
propaganda desviando da real situação educacional no estado. Em 2013,
coincidindo com a pré-candidatura do governador à presidência da
República, o governo Campos comprou oito páginas da revista "Voto", que
circula no Rio Grande do Sul, para anunciar o programa de intercâmbio de
alunos de Pernambuco para o exterior, sob o título “O programa que vai
mudar a cara do Brasil”. Tal programa paga a passagem aérea
internacional e uma bolsa mensal de US$ 300 para alguns poucos alunos do
ensino médio viverem um semestre letivo no estrangeiro. Nada contra
intercâmbios como este, mas convenhamos que não tem nada a ver com
solucionar os problemas da grande maioria dos alunos e de todos os
professores que passam o ano letivo nas escolas pernambucanas.
Além da extravagância com dinheiro público estadual para anunciar com
espalhafato em uma revista gaúcha que não circula em Pernambuco, é
sintomático que seja só isso o que o governo Campos tenha a mostrar de
positivo na área da educação.
Pernambuco teve um salto de desenvolvimento com grandes investimentos
federais, tais como no porto de Suape, no estaleiro Atlântico Sul, na
Refinaria Abreu e Lima, e outros que estão em curso. Também foi
beneficiado com as políticas de emprego e elevação de renda das famílias
e programas sociais, o que injetou mais dinheiro na economia local.
Infelizmente, nos quase oito anos de governo de Eduardo Campos a
educação estadual ficou para trás, não aproveitando para acompanhar este
desenvolvimento econômico. Os problemas educacionais negligenciados
serão uma herança maldita para o sucessor no Palácio das Princesas
resolver, exigindo muito trabalho e determinação que faltaram à atual
gestão.
Um bom programa de governo na área educacional para a pré-candidatura
Campos é, no fundo, um pedido de desculpas aos pernambucanos. Prometer
não fazer o que fez em Pernambuco nos últimos anos.
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