sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Copom não vê recessão

Matéria copiada na íntegra do Blog CIDADANIA.COM - Eduardo Guimarães, que está entre os meus favoritos. Façam uma ótima leitura.

11/12/2008
Análise econômica
Copom não vê recessão

A crise econômica internacional é tão grave que tem até data de fundação: 14 de setembro de 2008, quando o banco norte-americano Lehman Brothers foi à breca e levou consigo a economia dos Estados Unidos.
No dia 23 do mesmo mês, escrevi o seguinte:
“Aqui no Brasil, [por conta da crise internacional] poderemos ter que consumir menos, o crédito poderá escassear, mas isso num contexto em que tudo de que estávamos precisando era reduzir o ritmo da nossa economia, que já começava a invocar os fundamentos da lei da oferta e da procura, gerando inflação.”
No dia 4 de outubro, durante uma carreata em Santo André devido à campanha eleitoral para prefeitos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva referiu-se à crise da seguinte forma:
"Ela [a crise] é lá [nos EUA] um tsunami, e aqui vai chegar uma marolinha, que não vai dar nem para esquiar.”
É difícil dizer se devemos considerar ou não a crise uma “marolinha”. Problemas ocorreram, mas os índices econômicos todos referentes à segunda metade de setembro mostram que de fato, naquele momento, a crise não chegara até aqui. E os números do terceiro trimestre do ano estão aí para não me deixarem mentir.
Na verdade, quem assistiu ao Jornal Nacional desta quarta-feira viu até a Globo se rendendo aos fatos, sem falar na onda de “especialistas” que já começam a convergir para o que foi dito no último dia 23 de setembro, conforme mencionado acima.
Na vida real, houve alguns problemas como redução na venda de veículos e na oferta de crédito, que diminuiu e encareceu, mas disso não passou, com exceção de algumas dispensas localizadas na indústria e na redução do faturamento das empresas, eventos que, porém, ainda não geraram nenhuma onda de demissões ou de quebra de empresas e de instituições financeiras.
A mídia, desde meados de setembro, vem desfiando diariamente um rosário de previsões aterradoras sobre desgraças que estariam prestes a se abater sobre o país, mas, no entendimento de “instituiçõezinhas” como a OCDE ou o FMI, a crise não será grave no Brasil, e o fato de este ser o único país de seu porte a não ter entrado em recessão até o momento, a meu ver corrobora a metáfora sobre “marolinha”.
Mas, agora, o Comitê de Política Monetária (Copom) deu a entender que, em sua visão, o país está longe de um processo recessivo, pois vê risco de aumentos de preços devido à subida do dólar, moeda que responde pela formação de muitos preços na economia. Ora, para haver disposição de aumentar os preços é preciso que haja atividade econômica de bom nível, no mínimo. Recessão combina com deflação, não com inflação.
Dirão que os técnicos do BC são um bando de alucinados que quer afundar a economia ao divergir da grande maioria dos países (ricos e pobres), uma maioria que têm reduzido os juros para estimular suas economias.
Pensem comigo: se a economia brasileira continuou crescendo a taxas recordes enquanto as dos outros países mergulhavam em recessão, como aconteceu até setembro, realmente não parece fazer muito sentido adotar a mesma política monetária daqueles que foram parar no fundo do poço. Para mim, é uma questão de lógica pura.

Comentários dos leitores

Nesta quinta-feira, viajarei novamente pelo interior de São Paulo para manter reuniões de negócios. É provável que ocorram atrasos na liberação de comentários. Escrito por Eduardo Guimarães às 07h17[(32) Opiniões - clique aqui para opinar] [envie esta mensagem]

Nenhum comentário: