sábado, 13 de dezembro de 2008

Crônica - FELIZ ANO VELHO.



Matéria copiada na íntegra do Bog CIDADANIA.COM - Eduardo Guimarães, que está entre os meus favoritos.

13/12/2008
Crônica
Feliz ano velho
Atualizado às 19h44 de 13 de dezembro de 2008


Vai chegando ao fim um ano que talvez vocês possam me ajudar a decidir se foi bom ou ruim do ponto de vista do interesse público. Aliás, começo a escrever sem saber ainda como classificar 2008. À primeira vista, entretanto, não me parece ter sido um ano muito bom, mesmo que ainda lhe reste alguns dias.
Certo é, porém, que, para o mundo como um todo, o ano, definitivamente, não foi bom – a crise internacional sozinha já dá conta de estragar 2008 para todos os habitantes deste planetinha perdido na galáxia Láctea. Cabe refletir, também, que, para alguns, a volta ao redor do Sol que a Terra está terminando de dar terá sido pior do que para outros.
Talvez os brasileiros pudéssemos nos gabar de estar vendo o mundo já mergulhado e sofrendo os efeitos de uma convulsão econômica de proporções superlativas e inéditas enquanto que o nosso país mesmo, continua debatendo se sofreremos maiores ou menores conseqüências de tal convulsão. E assim, igualmente, poderemos dizer que, apesar dos pesares, do mesmo ponto de vista econômico o Brasil avançou como nunca avançara em período tão curto, batendo sucessivos recordes econômicos e sociais com crise e tudo.
Mas agora, infelizmente, a fim de obter um resultado mais preciso desta equação seremos obrigados a abrir mais os olhos. Teremos que adicionar à equação dose considerável de desgraças genuinamente brasileiras, que se somarão às internacionais.
O ano já começou com uma grave ameaça, que causou pânico, desespero, medo aos brasileiros. Surgiu o boato de que uma desgraça mortal se abatera sobre o país, na forma de uma grave epidemia que não ameaçava havia sessenta anos, uma epidemia de febre amarela em sua versão urbana.
O boato se transformou em noticiário nos meios de comunicação, que o repercutiram à exaustão e, por conta disso, dezenas de nós, brasileiros, acabamos adoecendo, e alguns poucos, inclusive, até morremos. Devido a um simples boato, ainda que amplificado pela mídia. E, para coroar essa tragédia, constata-se que tudo foi à toa, que as pessoas adoeceram e morreram por uso desnecessário e incorreto de uma droga controlada, a vacina contra a febre amarela, e não havia epidemia nenhuma.
Além de problemas menores na política, que fizeram o país perder tempo com denúncias falsas sobre “dossiês” e “grampos”, com o Congresso deixando de se debruçar sobre os problemas que nos afligem para perder-se em politicagem, logo em seguida mais uma desgraça se abate sobre os brasileiros, na forma de um hipotético surto de inflação, da ameaça, amplificada pela mídia, de fim da estabilidade do Real devido a erros de condução da economia que teriam sido cometidos pelo governo.
Mais uma vez, ao menos o humor dos brasileiros foi para o fundo do poço com outro boato igualmente amplificado pelos meios de comunicação, agora sobre mais uma ameaça terrível que estaria retornando.
De novo o país volta a perder tempo, a economia acaba sendo distorcida, seu ritmo se perde, enfim, as atenções se voltam para o lado errado e à toa, pois o “retorno” da inflação não passou de um movimento sazonal dos preços internacionais dos alimentos, preços que depois passam a cair, deixando-nos todos, novamente, com caras de bobos.
Com tanta coisa importante que há para discutir no Brasil, durante o ano o país perde tempo com um voyeurismo doentio sobre o suposto assassinato de uma criança por seus país, revelando com isso os piores instintos das massas, fazendo-nos ver quantos idiotas e desocupados há por aí e que gastam tempo precioso para infernizar a vida dos outros, rir do sofrimento alheio, numa mistura nefasta de exibicionismo com burrice.
Mais algum tempo passa e o Brasil se encanta com uma grande operação policial que teria posto as mãos num mafioso rico e influente, grande empresário e banqueiro, e o vê indo parar atrás das grades. A nação diz a si mesma que alguma coisa está mudando, que os grandes escroques estão deixando de pairar acima da lei, que começamos a ser iguais, todos os brasileiros, mas a cúpula do Poder Judiciário se mobiliza para imunizar e pôr acima da lei o grande capo. Descobrimos que um dos Poderes da República é comandado por alguém que seus próprios pares execram.
Chegam as eleições municipais de 2008. Os resultados delas parecem agradar a todos os lados. Não se poderia dizer que foram boas ou ruins porque fortaleceram ou enfraqueceram este ou aquele grupo político, mas temos que lamentar que um grupo político com um histórico criminoso, um grupo que abriga e abrigou traficantes de drogas, contrabandistas de armas e o que de pior há na política brasileira deixou de ser enterrado de vez eleitoralmente graças à mais importante cidade brasileira, que deu sobrevida ao partido então moribundo no resto do país.
Enfim, chega-se à mãe de todas as desgraças em 2008, a crise internacional. Se o otimista diria que é preciso comemorar a resistência que o Brasil está demonstrando isoladamente num mundo que já se ajoelhou diante da crise, o pessimista pode responder que poderíamos estar sofrendo muito menos se não voltássemos a perder mais tempo, agora paralisando o país apesar de que este ainda não sofreu efeitos maiores daquela crise. Mais uma vez, é a mídia que amarra o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Cheguei até aqui para oferecer a cada um de vocês a oportunidade de refletir se consideram que 2008 nos será um feliz ano velho por ter sido um bom ano ou se por este ano estar acabando. De uma forma ou de outra, desejo a todos um maravilhoso Natal e um feliz, próspero e menos conturbado ano novo, que, para sê-lo, dependerá de cada um de nós, de acordarmos nossos concidadãos para o grande problema que aflige e amarra o Brasil, a “sua” mídia.

Dos leitores expatriados

2008 foi um ano terrível para mim, desde julho. Tudo parou [aqui na Suécia]. Todos os projetos pararam. E nem sabemos quando tudo se recolocará nos trilhos.
Os suecos estão indo para a Noruega em busca de trabalho. Nunca se pensou que se chegaria à esse ponto por estas bandas.
A Suécia, com todas as suas indústrias de ponta (SKF, Volvo, Saab, Electrolux, Ikea, Ericsson), agora está em profunda recessão.
E o que eu vejo no Brasil: pessoas "cansadas" querendo que a crise chegue para que o Lula se "ferre".
Eu vos digo: 2008 foi um ano MA-RA-VI-LHO-SO para vocês aí no Brasil! Chegaram VIVOS e com boa saúde até aqui? Ótimo! Os filhos estão bem? Ótimo! Existiram novos empregos no País? Ótimo!
E pra acabar: essa "nossa" crise por aqui pode ser o que os países emergentes estão esperando há décadas! Não percam essa oportunidade!
Carlos Estocolmo - Suécia Retirante Escrito por Eduardo Guimarães às 12h56[(19) Opiniões - clique aqui para opinar] [envie esta mensagem]



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