segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Retomada do crescimento alavanca candidatura do Planalto em 2010


Copiado do Blog do FAVRE, do Luis Favre, que está em Minhas Notícias e em Meus Favoritos.

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Saraiva

Retomada do crescimento alavanca candidatura do Planalto em 2010
Sergio Lamucci, de São Paulo - VALOR
Crescimento na casa de 4%, inflação ao consumidor abaixo de 4,5%, juros de um dígito durante o ano inteiro, massa salarial em alta razoável e desemprego em queda. Esse é o cenário econômico que se desenha para 2010, um prato cheio para o candidato do governo à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Visto de hoje, a combinação de avanço mais firme do Produto Interno Bruto (PIB), índices de preços sob controle e mercado de trabalho robusto está contratada, após a estagnação ou leve contração da economia esperadas para este ano. Segundo analistas, existem ameaças a esse panorama róseo, como uma nova onda de deterioração global, mas os riscos de que elas se concretizem parecem pequenos (ver nesta página).
Para o cientista político Marcus Figueiredo, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), um cenário econômico em 2010 nessa linha - ou até mesmo um pouco pior - será sem dúvida o grande trunfo para a provável candidata do governo à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Numa eleição presidencial, o desempenho da economia é um fator chave, diz Figueiredo. “A ideia de que o eleitor vota com o bolso não é simplista; é altamente sofisticada.” Com isso, o fato de o país sair da crise com retomada firme do crescimento, aumento de empregos e expansão da renda torna Dilma “cada vez mais competitiva”. Para a oposição, ficará muito difícil encontrar um discurso de oposição no campo econômico. “É evidente o peso da questão econômica na eleição. Se havia um cenário de crise e ele se desfaz rapidamente, isso passa a ser um importante ativo para o candidato do governo”, concorda Amauri Teixeira, diretor da MCI Estratégia.
Nas últimas semanas, surgiram previsões apontando para um crescimento próximo a 5% em 2010. A Tendências Consultoria Integrada aposta em expansão do PIB de 4,8% e o Bradesco, de 4,9%. O ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Loyola, sócio da Tendências , acredita que a economia, em 2010, terá mais uma vez o consumo das famílias como um dos grandes destaques, prevendo alta de 5% para o principal componente da demanda. A Tendências vê um avanço de 7,1% do investimento, de 7,1%, um número forte, mas em grande parte uma reação ao tombo de 14,4% esperado para 2009. O Bradesco aposta numa alta um pouco menor do consumo das famílias - de 4% -, mas em expansão mais robusta do investimento, de 13,2%.
“Mesmo se a expansão do PIB ficar em 4%, já será um número bastante positivo”, diz Loyola, que espera queda de 0,6% neste ano. Segundo ele, o crédito deverá estar normalizado e a massa salarial tende a crescer a uma taxa mais forte em 2010, dando muito fôlego ao consumo. A Tendências estima que a massa salarial crescerá 4,5% acima da inflação no ano que vem, mais que os 3% previstos para 2009.
Loyola observa ainda que o salário mínimo deve subir quase 10% no ano que vem, mais uma vez um reajuste robusto. “Do ponto de vista fiscal, o aumento do mínimo pode ser um desastre [dois terços dos benefícios do INSS são atrelados ao piso salarial], mas ele ajuda a demanda, ao fazer a renda real crescer. E será um ativo importante para o governo num ano de eleições.”
O ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, sócio da Quest Investimentos, aposta num crescimento menos robusto em 2010, considerando mais provável algo entre 3% e 3,5%. “Mesmo assim, a economia deverá ser de fato o grande trunfo da candidata do governo.” Para o tucano Mendonça de Barros, Dilma adotará o discurso “em time que está ganhando não se mexe”, já que não teria “currículo” suficiente para se colocar numa posição competitiva na eleição.
Sergio Zacchi / Valor - 13/8/2008 Foto DestaqueMendonça de Barros: “A economia deverá ser o grande trunfo da candidata do governo”
O economista diz que o investimento e as exportações devem atrapalhar um pouco o crescimento em 2010, o que justifica a sua previsão de um PIB mais fraco do que o da Tendências e do Bradesco. Um termômetro fundamental para ver a reação do eleitorado, segundo Mendonça de Barros, será a evolução do varejo. Para ele, as perspectivas para o comércio em 2010 são boas, mas provavelmente não tão positivas quanto nos últimos anos, em especial de 2006 a 2008 - em 2007, o comércio varejista teve alta de 9,7% e em 2008, de 9,1%. “O quadro para a massa salarial e o consumo não será tão brilhante em 2010.”
O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, vê um cenário bastante favorável para a economia em 2010. “Na história recente da economia brasileira nenhum presidente da era democrática conseguiu entregar a economia relativamente saudável como Lula vai entregar. É realmente impressionante a quantidade de números positivos que podem ser apresentados no ano que vem”, diz ele, que projeta um crescimento do PIB de 4% e alta de 8% para as vendas no varejo. “A indústria pode dar um rebote enorme em 2010.”
Para Vale, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar em 4% em 2010, o que vai permitir ao BC manter os juros em 8,75% durante todo o ano que vem. Como há capacidade ociosa na economia, há espaço para o crescimento não causar pressões relevantes sobre os preços, segundo ele. O Bradesco, que estima uma expansão do PIB mais forte, acredita que os juros terão de subir um pouco no fim do ano que vem, levando a Selic para 9,5%. “É importante destacar, porém, que a magnitude de elevação será menor do que a verificada no passado recente, justamente pela melhora de fundamentos nos últimos anos e pela queda do patamar neutro de juros [que permite um crescimento sem pressões inflacionárias]”, dizem os analistas do Bradesco, em relatório. O banco prevê taxa de desemprego média de 8% em 2010, abaixo dos 8,7% esperados para este ano.
Com a perspectiva de que os juros sigam abaixo de dois dígitos ao longo de 2010, as tradicionais críticas à política monetária tendem a perder espaço na eleição. “É provável que haja mais ataques aos bancos, por causa dos altos spreads, do que aos juros básicos”, diz Mendonça de Barros. Loyola pondera que falar mal da política monetária é um esporte nacional, mas que pode ficar de fato “envelhecido” por causa da própria atuação do BC, que reduziu a taxa Selic de 13,75% em janeiro para os atuais 8,75%.
Por tudo isso, a oposição terá de buscar o discurso “pós-Lula”, e não “antiLula”, diz Figueiredo. É uma tarefa árdua, para a qual o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), lhe parece mais talhado que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), mais bem colocado nas pesquisas de intenção de voto. Segundo ele, Serra, ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, é identificado com o projeto tucano paulista, de oposição a Lula, uma estratégia que deve ter baixo ibope nas eleições do ano que vem. Aécio teria como ir por outros caminhos, avalia. Teixeira, da MCI, também vê pouco espaço para críticas ao governo no campo econômico em 2010. Nesse front, Dilma terá, tudo indica, o seu grande trunfo em 2010, avaliam economistas e analistas políticos.
Postado por Luis Favre1 comentário Tags: , , , , , , , , , ,

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