quarta-feira, 21 de julho de 2010

Procuradora "rebelde" recua e diz que "não há motivo para impugnação de candidatura"


Não acho que "rebelde" (como a Folha adjetiva Cureau, em matéria com chamada na capa) seja um elogio adequado para uma procuradora eleitoral, mas o que importa saber é que Sandra Cureau parece ter caído em si. Em entrevista para a Folha desta quarta-feira, a procuradora visa, nitidamente, esfriar a crise que ela mesma havia ajudado a produzir.

Destaco esse trecho da entrevista:

Há dados para impugnar uma candidatura presidencial?
As multas aplicadas até aqui, sozinhas, não são capazes de impugnar. Não houve até aqui situações que possam caracterizar desequilíbrio das eleições. Teria de ter um ato que fizesse uma candidatura subir astronomicamente nas pesquisas. Isso não aconteceu. Quanto mais importante o cargo, mais cuidadoso você tem de ser, para não cair no golpismo.

Como assim?
Golpismo no sentido de alguém fazer uma artimanha para afastar o outro da eleição, pegar um ato apenas. Por isso tem de ser algo que desequilibre as eleições para levar a uma impugnação.
É natural que o procurador-geral da República, seu chefe, e as associações da categoria, tenham saído em sua defesa.

Mas é evidente também que todos perceberam a bizarrice de vermos uma procuradora eleitoral ganhar protagonismo midiático e político num cenário de forte tensão eleitoral. A procuradora deu declarações que foram usadas politicamente (e somente por um dos lados) e ajudou a criar uma atmosfera desagradável de instabilidade política, onde muitos sentiram inclusive o aroma de golpe. Tanto é que chegou às narinas da própria procuradora, levando-a declarar que seria "golpismo" pegar um ato apenas e querer impugnar uma candidatura. Para impugnar uma candidatura, afirmou, seria necessário provar que houve alguma coisa que tenha desequilibrado profundamente o processo eleitoral. "Isso não houve", declara Cureau, categoricamente.

As declarações de Cureau revelam ainda que ela foi, de certa forma, manipulada pela mídia, que através de suas perguntinhas e respostas, conseguiu arrancar da procuradora frases infelizes e interpretações afobadas que geraram manchetes, títulos e destaques fortemente negativos para um dos candidatos, produzindo um factóide eleitoral. Com isso, a procuradora fez exatamente o que ela está obrigada a coibir: desequilibrou a disputa.

As águas parecem voltar a seu leito agora. A reação do PT e da sociedade, mesmo que tenha sido apenas um latido alto, e não tenha se concretizado numa denúncia formal ao Conselho Nacional do Ministério Público, surtiu efeito.

Esperemos que a procuradora "rebelde" tenha amadurecido com o episódio e tomado juízo.

Tags: Sandra Cureau, juízo, Procuradora Rebelde, Folha, entrevista.




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