quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Elegantes, Gleisi e Ideli desviam de Rambo Jobim

Dilma reunida no Planalto para tratar de caso Jobim; ministro declarou guerra ao governo atacando Ideli “muito fraquinha” Salvati e Gleisi “nem sequer conhece Brasília” Hoffmann; “declarações desnecessárias”, rebateu Ideli; “Isso é irrelevante”, desviou Gleisi; José Eduardo Cardozo, da Justiça, a um passo de assumir Defesa
A presidente Dilma Rousseff vai avaliar ao longo desta manhã se mantém ou não Nelson Jobim no cargo de ministro da Defesa. Em uma entrevista à Revista Piauí, Jobim chama o governo Dilma de "atrapalhado", diz que a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, é "fraquinha", e que Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil, "não conhece Brasília". Se a presidente decidir mesmo antecipar a demissão de Jobim, um dos nomes cotados é o do atual ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo.
Por conta de outras declarações, Jobim já estava na lista dos auxiliares de Dilma que ela deve tirar do governo na primeira reforma ministerial, no final deste ano ou no início de 2012. Agora, com a entrevista à Piauí, que chega amanhã às bancas, a presidente pode decidir pela demissão imediata de Jobim, desistindo da ideia de não mexer no governo enquanto não assentar a poeira da base aliada levantada pela crise política no Ministério dos Transportes, no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e na estatal Valec.
O ministro viajou ontem à noite para São Gabriel da Cachoeira (AM). Hoje de manhã, ele partiu para Tabatinga (AM), onde, ao lado do vice-presidente da República, Michel Temer, assina um plano de vigilância de fronteiras entre Brasil e Colômbia. Pela agenda oficial, Jobim deixa a base do Cachimbo (AM) às 20h30, devendo chegar a Brasília perto da meia-noite.
Em recente entrevista concedida ao programa "Poder e Política", da Folha de S. Paulo e UOL, Jobim criou incômodo no Planalto ao fazer questão de revelar que, nas eleições do ano passado, votou no candidato tucano José Serra, o adversário da candidata vencedora, Dilma Rousseff.
Abaixo, notícia de 247 publiada esta manhã:
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, continua aprontando das suas, para constrangimento do governo. “É muita trapalhada”, disse ele a respeito da posição do núcleo do governo Dilma sobre a questão do sigilo eterno de documentos. A respeito de sua colega de ministério Ideli Salvati, titular das Relações Institucionais, chegou a ser cruel: “Ideli e muito fraquinha”. E também detonou a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, que “nem sequer conhece Brasília”.
Em entrevista à revista Piauí que circula amanhã, o ministro fez as considerações acima e, ainda, contou bastidores que constrangem a presidente Dilma. Em detalhes, ele disse como foi o seu diálogo com ela no momento em que ambos conversavam sobre a nomeação do petista José Genoíno como assessor do Ministério da Defesa. "Mas será que ele pode ser útil?", perguntou a presidente. "Presidente, quem sabe se ele pode ou não ser útil sou eu", respondeu Jobim, demonstrando autoridade sobre a chefe do Poder Executivo.
As declarações já circulam hoje na primeira página do jornal Folha de S. Paulo. Não se sabe se a presidente Dilma Rousseff já fez a leitura, mas já se pode dizer o que ela deve fazer para acabar com tanto constrangimento: tornar Jobim ex-ministro da Defesa.
Abaixo, o que disse o ministro em entrevista esta semana no programa Roda Viva:
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, descartou que exista uma crise por conta da sua permanência na pasta e fez uma série de elogios à presidente Dilma Rousseff. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ministro afirmou na semana passada ter votado no candidato José Serra (PSDB) nas eleições de 2010. A declaração, avaliada como 'desnecessária' por integrantes do governo federal, causou desconforto no Palácio do Planalto e levou Dilma a questionar a permanência do ministro no cargo.
"Eu não sou dissimulado. Sempre disse o que pensava e o que fazia", afirmou Jobim, durante entrevista na tarde de hoje ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que vai ao ar na noite de hoje. O ministro lembrou que, em 2010, foi convidado a gravar inserções para a campanha eleitoral da então candidata do PT. Na época, ele disse ter descartado o convite. "Todo mundo sabia das minhas relações com José Serra", disse, lembrando ser amigo do tucano.
Jobim negou que tenha a intenção de deixar o ministério e acrescentou que sua relação com a presidente é "ótima". "A presidente é extraordinária e minha relação com ela é ótima, não tem problemas. Ela tem uma visão de futuro", disse. Jobim salientou ainda que está no governo federal porque lhe dá prazer e considerou que não vê problema em ter declarado seu voto. "O meu papel no governo federal é institucional", afirmou.
O ministro ressaltou também que tem o desejo de continuar realizando o trabalho que atualmente desempenha e negou que esteja se sentindo desprestigiado pela presidente. "A política e a emoção são coisas que não coincidem", justificou. A declaração de voto do ministro, segundo petistas, desagradou a presidente que inclusive já estaria avaliando nomes para substituir Jobim. O primeiro sinal público de que a posição do ministro estaria ameaçada foi dado na última sexta-feira, 29, quando, em evento no Planalto, ela não citou o nome de Jobim em discurso e o cumprimentou de forma protocolar.
A relação entre Jobim e Dilma passa por turbulências desde junho após ele ter declarado, em homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no Senado, que é preciso ter tolerância com os idiotas. Em reunião com a presidente, ele negou que fosse uma referência a integrantes do atual governo, mas sim a jornalistas.

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