terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Aécio distorce os fatos e manipula a realidade à luz de Lula e FHC


Blog Palavra Livre 3/12/2013
 
 


Por Davis Sena Filho  
 
 
O pré-candidato do PSDB a presidente da República, Aécio Neves, concedeu uma entrevista ao jornal espanhol El País. O tucano, como sempre, não disse nada com coisa nenhuma e mais uma vez não apresentou quaisquer propostas de governo e projeto de País para que a sociedade brasileira pudesse avaliá-los e, consequentemente, pensar em outra opção política que possa ocupar o espaço no lugar do PT.

As críticas de Aécio Neves ao Governo trabalhista são superficiais e vazias, porque não passam de lugares comuns, além de não serem acompanhadas de propostas que façam a maioria do eleitorado brasileiro ter esperança de concretizar mudanças que viabilizem as expectativas de melhorar a qualidade de vida e, por sua vez, termos um País mais justo e igualitário.

Acontece que nos últimos 11 anos o PT de Lula e Dilma Rousseff realizou uma revolução silenciosa e o País cresceu economicamente e socialmente como nunca se viu desde os tempos de Getúlio Vargas, ressaltadas as devidas proporções, porque são eras distintas, momentos históricos diferentes e realidades desconcertantes, pois o Brasil de Lula e Dilma é um País industrializado, enquanto Getúlio foi o percussor do desenvolvimento brasileiro, a começar pela industrialização e pelos direitos trabalhistas.

A entrevista do tucano Aécio Neves ao El País não chega a lugar algum, porque para se chegar a um destino é necessário, antes de tudo, começar a jornada ou simplesmente abrir a porta de saída. E isto, seguramente, o tucano presidenciável não o fez. Então, vejamos. O que Aécio Neves quer dizer quando afirma que "Os próximos quatro anos serão muito duros para o Brasil" ou "Precisamos de um governo rígido?”

Se algumas pessoas consideram essas afirmativas vagas, eu não as considero. E vou dizer por quê: quando o tucano fala em "governo rígido", pois acredita que os próximos quatro anos serão "muito duros", é porque ele, sub-repticiamente, aponta na direção do que os tucanos pensam sobre economia e sociedade, o que já mostraram quando governaram o País na década de 1990.

Aécio em sua entrevista fala aos banqueiros nacionais e internacionais, aos megaempresários dos setores industriais e comerciais, aos governantes dos países ricos e, sobretudo, à direita brasileira, que apesar de ter ganhado muito dinheiro durante os mandatos dos governantes trabalhistas, luta para que um dos seus retorne ao poder e, por seu turno, retome as políticas de austeridade econômica, que na verdade significam diminuir os investimentos do estado, apertar o cinto dos trabalhadores brasileiros, continuar com as privatizações e privilegiar os interesses dos ricos.

É o modus operandi dos tucanos e das administrações do PSDB. Essa gente não tem jeito. Continua a apostar no que não deu certo e por isso teve de ir ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três vezes. Os tucanos do apagão energético que prejudicou o País durante 14 meses e do afundamento da P-36, a maior plataforma de produção de petróleo no mundo cuja construção custou US$ 350 milhões.

Governaram o Brasil sem cuidados e zelo e o deixaram à deriva, porque a intenção era vender, alienar o patrimônio público e atender aos interesses dos países ricos e do mercado internacional de capitais. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I — quando saiu do Senado para se candidatar à Presidência da República anunciou, em um discurso de conotação simbólica, que Era Vargas estava no fim e que o estado nacional não deveria mais ser empresarial.

O tucano quis dizer que a iniciativa privada tomaria as rédeas, os destinos do País, e deu no que deu: a entrega das estatais, o desemprego e a inflação de índices altos, a exclusão de milhões de brasileiros do consumo e do atendimento por intermédio de serviços públicos, como saúde e educação. FHC não construiu uma única escola técnica e universidade federal, além de destruir os sistemas de controle gerencial das empresas, pois insistiu em manter o câmbio fixo, além de ter zerado as reservas internacionais no ano de 1998. E o que aconteceu? Respondo: o Brasil quebrou novamente. Os tucanos são geniais, não são?

Anos depois, Lula assume o País. O político trabalhista institui as reservas como política administrativa. Realiza um forte contingenciamento nos primeiros anos de suas duas administrações e efetiva um colchão de proteção que fez com País saísse do atoleiro em que se encontrava. Paga a dívida externa, o Brasil se torna credor do FMI e cria os PAC 1 e 2, que transformam o País em um canteiro de obras, de construções, reformas e revitalizações da infraestrutura brasileira.

Além disso, Lula criou inúmeros programas sociais que dignificaram o povo, porque o incluiu ao invés de continuar a excluí-lo, como se fez durante séculos no Brasil, bem como continuaram a fazê-lo os tucanos, aqueles que governam e governaram para os ricos, porque querem um País VIP, para poucos e por isso nunca mais venceram eleições presidenciais, mesmo com o apoio e a cooperação sistemática de instituições conservadoras e elitistas como o STF e a PGR, além da cumplicidade infame dos magnatas bilionários da imprensa de negócios privados.

Lula, por intermédio de sua política econômica, fez o Brasil conquistar o Investment Grade, baixou os juros para um dígito e prefixou os juros da dívida interna, em real e não em dólar, o que, sem sombra de dúvida, deixou os jogadores do mercado com ódio e até com vontade de derrubá-lo do poder. Todas essas ações permitiram que as grandes empresas brasileiras se consolidassem no exterior.

Como se observa, o socialista e trabalhista Lula entende mais de capitalismo dos que se consideram os baluartes em defesa do capitalismo. A verdade é que os neoliberais, tucanos ou não, apostam no capitalismo selvagem, na exploração por si mesma e no sectarismo entre as classes sociais, pois a intenção é favorecer os "bem nascidos", os privilegiados e manter, a todo custo, o sistema de castas imposto pelos inquilinos da Casa Grande, que sonham, ardentemente ou febrilmente, com a volta da escravidão.

A resumir: os governos trabalhistas de Lula e Dilma Rousseff mostraram, inapelavelmente, o quanto os tucanos quando governaram foram irresponsáveis, fracassados, incompetentes, entreguistas, colonizados, subservientes e portadores de um imenso, gigantesco, incomensurável e inenarrável complexo de vira-latas. E dessa forma também se conduzem e se comportam os coxinhas de classe média porta-vozes da Casa Grande, eternos inconformados com a ascensão econômica e social de 40 milhões de brasileiros que há séculos eram inquilinos da Senzala.

O presidenciável Aécio Neves já deu a senha em sua entrevista ao jornal espanhol El País, que é esta: "Precisamos de um governo rígido", ou seja, vão dar prioridade às questões econômicas geradas pela frieza e impessoalidade dos gabinetes, porque o que somente interessa aos neoliberais são números, índices e gráficos, enquanto as questões humanas são relegadas a um segundo plano.

A verdade é que sempre fez ajustes e levou as leis da economia a sério foram os mandatários trabalhistas e que estão no poder sob a sigla do PT. Quaisquer jornalistas, economistas, historiadores, sociólogos e políticos sérios sabem dessas realidades e verdades. Os tucanos governaram o Brasil no "limite da nossa irresponsabilidade", como advertiu certa vez, em 1998, o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, em conversa telefônica cujo assunto era a participação dos fundos de pensão de estatais na privatização da Telebras. Os mesmos fundos usados um ano antes na compra e venda da Vale do Rio Doce.

Entretanto, Aécio se preocupa com o Bolsa Família, e o considera "enraizado". O tucano mineiro critica: "Mas para o PT ele (Bolsa Família) é um ponto de chegada, enquanto para nós é um ponto de partida. O Brasil não pode viver exclusivamente disso". Nada mais pueril e cínico a afirmativa de presidenciável do PSDB. Para começar, os governos Lula e Dilma implementaram inúmeros programas, que funcionam como uma rede de proteção social.

Bolsa Família, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos, ProUni, Brasil Carinhoso, Luz para Todos, Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais - Assistência Técnica e Extensão Rural, Tarifa Social de Energia Elétrica, Telefone Popular, Minha Casa, Minha Vida, Isenção de taxa para concursos públicos, Programa de Apoio à Conservação Ambiental - Bolsa Verde, Brasil sem Miséria, Rede Cegonha, dentre outros, além da valorização e recuperação do salário mínimo, que passou a ser tratado como política de estado e não apenas de governo.

Como se percebe, tais programas são políticas de estado e têm a finalidade de assegurar a sobrevivência de milhões de pessoas que estão em situação de risco, vítimas da pobreza, da miséria e do descaso e violência das nossas "elites" que durante séculos governaram o Brasil e não se deram ao trabalho de distribuir terras e renda e, consequentemente, promover o crescimento social daqueles que foram excluídos de gerações após gerações. Quando se exclui, diminui-se as oportunidades de se ter uma sociedade justa e democrática. E é exatamente isto que os ricos, os poderosos e os direitistas não querem. Ponto!

Aécio Neves tergiversa, manipula e distorce a verdade, a realidade e os fatos. O tucano sabe o que diz, pois a intenção é criticar para almejar vitória na corrida eleitoral. A verdade é que os tucanos estão desesperados, pois apesar dos ataques diários da imprensa venal e alienígena aos governos trabalhistas, os índices de aprovação da presidenta Dilma Rousseff nas pesquisas são altos e preocupam os "donos" do establishment, que são os moradores da Casa Grande e seus agregados e empregados pagos para defender o indefensável, o imponderável e o injustificável, exemplificados em concentração de renda e de riqueza, que se observa neste País ainda injusto e violento.

Contudo, o tucano de Minas tem seus calcanhares de Aquiles, a exemplo do Mensalão Tucano, do Trensalão Paulista, do Metrosalão Paulista e das privatizações, essas inesquecíveis a todos os brasileiros que prezam o Brasil. Políticos conhecidos do PSDB, como José Aníbal e Aloysio Nunes Ferreira são citados nos escândalos cujas origens são as multinacionais Siemens e Alstom.

Por sua vez, José Serra, Geraldo Alckmin e o falecido Mário Covas têm seus governos duramente questionados quanto à corrupção acontecida no decorrer dessas administrações neoliberais, que alienaram o patrimônio público do povo paulista e se dedicaram a criar pedágios e a atender os interesses da pior imprensa mercantil do mundo: a imprensa paulista, exemplificada em O Globo, TV Globo, TV Band, Folha, Estadão, Veja e Época. Nada é pior. E nada é mais infernal e destrutivo. A direita escravocrata brasileira em ódio e desencanto!

A entrevista de Aécio Neves ao El País é completamente vazia, pois o pré-candidato do PSDB não apresenta propostas e muito menos se compromete com o desenvolvimento e bem-estar do povo brasileiro. Ele, como todo "bom" tucano, evita o assunto, porque vive em um mundo paralelo, de altos negócios, compromissado com o empresariado e com os interesses dos países hegemônicos, como os Estados Unidos. Aécio é a direita disfarçada de playboy e um sorriso que a ninguém engana. Vai ser difícil parar para conversar com ele. Aécio Neves distorce os fatos e manipula a realidade à luz de Lula e de seu guru neoliberal cujo o nome é FHC. É isso aí.
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