O cerco ao usurpador Michel Temer vai se fechando. Aparentemente, ele
ainda demonstra força – aprovando a toque de caixa seus projetos
ultraliberais no Congresso Nacional, bancando o nome de Alexandre de
Moraes para a função de guarda-costas no Supremo Tribunal Federal e
escolhendo um aliado de Eduardo Cunha para o Ministério da Justiça. Mas
no subterrâneo do poder a situação é bem mais complicada, com o
agravamento da crise econômica, as primeiras fissuras no bloco golpista
da burguesia e as brigas sangrentas no covil. Se aparência fosse igual a
essência, não seria necessária a ciência – dizia Karl Marx.
Nesta semana, mais uma bomba estourou no colo do presidente ilegítimo e
impopular – o que pode até acelerar o fim do seu governo. Um dos seus
amigos mais íntimos, o empresário José Yunes, resolveu abrir a bico e
detonou o ainda ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha – que pediu
afastamento para tratar de um “problema de saúde”. A jornalista Mônica
Bergamo publicou na Folha algumas das confidências do operador de Michel
Temer, que diz que foi usado como “mula” para carregar um “pacote” a
pedido de Eliseu Padilha. O pacote conteria milhões de reais de grana
suja. As revelações são devastadoras:
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Amigo de Temer, Yunes diz que recebeu 'pacote' a pedido de Padilha
Por Mônica Bergamo - 23/02/2017
O empresário José Yunes está decidido a esclarecer um episódio em que se
envolveu em 2014, e que veio à tona na delação premiada de Claudio Melo
Filho, um dos ex-executivos da Odebrecht que fez acordo de colaboração
com a Justiça: o de que ele teria recebido dinheiro vivo em seu
escritório, em São Paulo.
Yunes, que é um dos melhores amigos do presidente Michel Temer e foi seu
assessor especial até o ano passado, diz à Folha que pode ter sido um
mero "mula" e que nunca teve nada a ver nem com a origem nem com o
destino de recursos para campanhas eleitorais.
Ele foi espontaneamente prestar depoimento à Procuradoria-Geral da República sobre o assunto na semana passada.
Em depoimentos de delação, cujo teor foi revelado em dezembro passado,
Cláudio Melo Filho disse ter participado de um jantar no Palácio do
Jaburu com Marcelo Odebrecht, Temer e o hoje chefe da Casa Civil, Eliseu
Padilha.
Na ocasião, contou Melo Filho, Temer pediu apoio financeiro para o PMDB
na campanha eleitoral de 2014. O empreiteiro afirmou, ainda segundo a
delação, que pagaria R$ 10 milhões, sendo que R$ 4 milhões ficariam sob
responsabilidade de Padilha. Melo Filho diz que um dos pagamentos foi
feito na sede do escritório de advocacia de Yunes, no Jardim Europa, em
São Paulo.
Agora, Yunes conta que, naquele ano, em meio à campanha eleitoral,
recebeu um telefonema de Padilha, afirmando que precisaria de um favor.
O hoje ministro queria que Yunes recebesse em seu escritório alguns
"documentos", que depois seriam retirados de lá por um emissário.
O empresário concordou.
Na hora combinada, para a sua surpresa, Lucio Funaro, tido como operador
do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-SP), apareceu no
escritório, que fica na região da avenida Faria Lima. "Ele chegou
trazendo um pacote", diz Yunes.
Yunes diz que até hoje não sabe o conteúdo do pacote e que não se preocupou na época em esclarecer o que havia dentro dele.
O empresário conta ainda que mal conversou com Funaro.
O episódio tem incomodado Yunes, que deixou a assessoria especial de Temer depois que o caso foi divulgado, ainda em 2016.
"Pedi demissão para defender a minha inocência nesse episódio e para que
tudo fique muito bem esclarecido, não querendo me prevalecer nem do
cargo nem da proximidade com o presidente", afirmou ele à Folha.
Ao pedir demissão, Yunes disse em carta que seu nome tinha sido jogado
"no lamaçal de uma abjeta delação" premiada e criticou a "fantasiosa
alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em
espécie".
Na ocasião, também citou a amizade de "décadas" com Temer.
Em dezembro, o Planalto disse que as doações da Odebrecht ao PMDB foram
declaradas à Justiça Eleitoral. "Não houve caixa dois, nem entrega em
dinheiro a pedido do presidente."
Procurado por meio de sua assessoria, Padilha não respondeu.
CUNHA
O episódio já havia sido mencionado também por Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
que está preso. Ao chamar Temer como testemunha de defesa em ação da
Lava Jato, Cunha perguntou, em documento: "O sr. José Yunes recebeu
alguma contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência
ou do PMDB?"
O ex-deputado questionou ainda se essas contribuições foram realizadas
de "de forma oficial ou não declarada". O juiz Sergio Moro, responsável
pelo caso, indeferiu os questionamentos.
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É certo que o “justiceiro” Sergio Moro, chefe da midiática Lava-Jato,
tem se comportado como advogado de Michel Temer – como ele mesmo
reconheceu recentemente ao censurar o presidiário Eduardo Cunha. É certo
também que a mídia venal, que apoiou o “golpe dos corruptos” e hoje é
recompensada com o aumento vertiginoso das verbas de publicidade, tem
feito um baita esforço para blindar a gangue que assaltou o poder. Mas a
vida não segue automaticamente o script dos golpistas e dos seus
cúmplices. O “mula” José Yunes, tentando salvar a sua pele, pode ajudar a
defecar mais um ministro, o mafioso Eliseu Padilha – já batizado do
“Eliseu Quadrilha”. De quebra, pode fragilizar ainda mais o aparente
forte covil golpista. A conferir!
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Postado há 2 days ago por Blog Justiceira de Esquerda
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