sábado, 20 de setembro de 2014

Tradição favorece quem ganha no primeiro turno


"Nunca no Brasil o menos votado no primeiro turno ganhou no segundo

Tereza Cruvinel, Brasil 247

Dilma abriu uma vantagem de sete pontos percentuais sobre Marina Silva no primeiro turno, mostra o Datafolha. Embora elas estejam tecnicamente empatadas na simulação de segundo turno (46% a 44% a favor de Marina), a tradição mostra que nunca, no Brasil, um candidato que chegou em segundo lugar no primeiro turno ganhou “de virada” no segundo turno. Isso pode acontecer, e já aconteceu em eleições para prefeito e governador mas nunca na disputa presidencial. O segundo turno foi adotado a partir da eleição municipal de 1988.

Na primeira eleição presidencial da atual fase democrática, a de 1989, Collor chegou na frente, com 47% na última pesquisa realizada antes do pleito, e Lula em segundo, com 44%. Empate técnico, mas Collor foi mais votado no primeiro turno e ganhou no segundo. É claro que foi uma eleição muito singular, com jogo muito pesado contra o candidato do PT, mas começou ali uma tradição. Nas duas eleições seguintes, as de 1994 e 1998, não houve segundo turno porque Fernando Henrique Cardoso ganhou no primeiro.

Em 2002, Lula concorreu pela quarta vez e o candidato tucano era José Serra. Lula chegou na frente nas pesquisas e foi o mais votado no primeiro turno, saindo amplamente vitorioso no segundo. O mesmo aconteceu em 2006, quando ele disputou a reeleição tendo como principal adversário Geraldo Alckmin, cuja votação até encolheu no segundo turno.

Em 2010, Dilma liderou as pesquisas para o primeiro turno e foi a mais votada (46.9% dos votos contra 43,6% de José Serra), mantendo a vitória no segundo turno.

Em eleições para governador, o caso mais clássico de virada, uma espécie de exceção que confirma a regra, foi o de Mario Covas contra Paulo Maluf em 1998.

A grande questão

No domingo, começa a chamada reta final da campanha, a dos últimos e decisivos 15 dias. Nesta fase, os indecisos se decidem e geralmente seus votos se distribuem proporcionalmente aos índices de cada um dos candidatos mais competitivos. Segundo o Datafolha, neste momento existem apenas 7% de indecisos, além de 6% que se dispõem a votar em branco ou nulo, embora seja comum a redução deste índice na hora do pleito.   Se não houver grandes deslocamentos de votos e a distribuição destes 13% for proporcional, Dilma chegará na frente no segundo turno, apostando na tradição.

Mas a grande questão desta reta final é: até quando Marina resistirá a uma queda mais acentuada? Ela deve continuar sob o fogo de Dilma (que deve agora moderar o tom do confronto) e de Aécio, que precisa aumentar o fogo para tentar chegar ao segundo turno."

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