Eu penso, tu pensas
e eles pensam que pensam.
Meu
primeiro emprego, com carteira assinada, foi num jornal de Curitiba. Eu
era desenhista. Muita empolgação, novos conhecidos e conhecimentos, e
uma grande descoberta: O jornal apoiava descaradamente um dos candidatos
a governador (os outros dois jornais da cidade faziam o mesmo com seus
candidatos).
Por
acaso o meu candidato era o mesmo do jornal mas o jornalismo não era o
que eu imaginava. O jornal era basicamente o comitê do seu político.
Saí
e fui trabalhar na fase pioneira da TV Paranaense. Em seguida entrei
para o mundo da propaganda. Eu, o Miran e o Nilson Machado, montamos o
Grifo, estúdio de arte lendário na cidade. Isso no mesmo ano que o golpe
militar aconteceu. No início (muito puro e burro) até achava que a
“revolução” seria uma boa.
Durou
pouco o encanto: o regime militar era pior do que o comunismo que eles
diziam combater. Mas os grandes veículos de comunicação se babavam de
satisfação e eu comecei a pensar e repensar.
Nesta
época surgiu o Pasquim, um jornalzinho criado e tocado por grandes e
corajosos humoristas. Quem viveu esse tempo sabe o que tudo isso
representava.
Nos bons tempos do Pasquim, os detritos sólidos
que boiavam na praia de Ipanema eram ali chamados de
“Roberto Marinho”.
Eu
acordava cedo para comprar e ler o Pasquim. Tudo que eu pensava eu
encontrava no Pasquim. Um dia me deu um “Ops!” Estava chovendo no
molhado, estava me repetindo e senti que precisava saber mais do que
sempre o mesmo.
Surgiu
a revista Veja. Suas matérias não tinham o tom debochado do Pasquim, é
claro, mas tinham uma certa ironia nos textos. Acho que era nos tempos
do Mino Carta. Colecionei a Veja durante muitos anos. Até que senti uma
certa e bem camuflada sintonia da revista com os interesses
internacionais e dos ditadores. Doei minha coleção para uma
penitenciária e fiquei órfão de pai e mãe em informação.
Os
anos foram passando. Senti muita pena do Lula quando assisti o que a
Globo fez com ele e pró Collor. Votei no Lula. E na primeira eleição do
FHC votei no tucano, apesar de achá-lo apenas um Mauricinho coroa e
vaidoso (o menos pior). Isso porque não conseguia acreditar que um
torneiro mecânico pudesse governar e construir o Brasil dos meus sonhos.
A
decepção com o FHC foi maior do que eu esperava. Na eleição seguinte
votei no Lula. Ele perdeu. Finalmente, na quarta tentativa ele venceu!
Fiquei feliz. O cara mostrou ser superior a todos os demais
“profissionais” do ramo, mas eu continuei mantendo uma certa
desconfiança. Sua sucessora está sendo outra surpresa feliz e espero não
estar enganado.
Aquela
primeira trapaça da Globo me deixou com uma pulga atrás da orelha. Fez
com visse que outros veículos dançavam todos a mesma música e fiquei
ainda mais alerta. Não era difícil. Seus redatores eram tão medíocres (e
continuam sendo) que só conseguiam enganar uns 5% dos brasileiros.
“Guerra é uma coisa muito séria
para ser comandada por militares.”
Winston Churchill
“Imprensa é uma coisa muito séria
para ser comandada por empresários.”
Z.J.O.
Tão
alienados que malharam o Lula por 8 anos e o cara terminou seu segundo
mandato com 85% de aprovação. Isso não é uma opinião, é a constatação de
um fato. Ou não?
Tenho
que admitir que essa mídia foi muito prejudicada pela falta de um líder
político com mais qualidades para expor. Tiveram que ficar defendendo o
indefensável (aquela da bolinha de papel foi a gota d’água).
É
uma pena que nós dois e os 190.000.000 de brasileiros não tenhamos o
apoio de uma mídia de massa confiável, responsável, imparcial,
inteligente, honesta, competente e comprometida com o bem do Brasil.
Paralelamente
surgiu a internet e com ela uma série de sites independentes, com um
grande leque de opiniões, análises, previsões, informações etc. A
opinião pública foi ficando cada vez mais distante da opinião publicada
pelas grandes empresas de mídia.
Como
você deve ter observado, mudei diversas vezes de opinião e continuarei
aberto para mudanças. Afinal eu tenho que aproveitar o dom de pensar,
analisar e optar, que tenho. Não sou um robozinho para ser programado
por essa midiazinha.
Faça o mesmo. Não caia na conversa nem deste blog!
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário