sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Justiça a la carte no STF?

carm
O mais básico, o mais elementar, o mais comezinho na Justiça é que ela se move por regras.
É “erga omnes”, como dizem os advogados, é a mesma diante de todos, de qualquer caso, de qualquer situação.
É razoável que Cármem Lúcia não definisse o que seria da Lava jato antes das homenagens fúnebres a Teori Zavascki.
Mas o Supremo tem um regimento e este regimento, embora possa abrir possibilidades, deve ter uma única interpretação.
Interpretação que corresponda à convição jurídica daquela que é a responsável por formá-la, a presidente do STF, Cármem Lúcia.
Quando ela diz que ““sobre esse assunto eu não falo, nem sob tortura” e responde com um “nem me fale” à pergunta sobre se estão havendo pressões  para definir a homologação das delações da Odebrecht e a redistribuição da relatoria dos processos da lava Jato, está, explicitamente, afirmando que está sendo pressionada e, de forma oculta e ilegítima.
E se ninguém, ainda, pode descartar que ela vá tomar uma decisão independente, o simples fato de uma magistrada estar sendo pressionada, o que seria grave na primeira instância e é absolutamente intolerável na corte suprema de um país.
O que parece, a quem está distante, é que se negocia a fórmula “solução x indicação”, pela qual o integrante do STF a ser apontado por Michel Temer, que aprova no Senado até o nome do Tiririca, dependerá do timming que se der às delações e ao encaminhamento que venha a ter a escolha do relator.
Parecer, desde a mulher de César se sabe, é frequentemente mais importante que ser.
Fazer uma “conta de chegar” entre os que a apressam por homologar as delações  e os que querem dilatar este prazo até que Câmara e senado fiquem como “tudo dominado”?
Com todo o respeito, fica-se na mesma situação em que ficou o falecido Teori Zavascki quando afastou Eduardo Cunha somente depois de este ter cumprido sua missão de por a voto o impeachment de Dilma.
Já houve tempo pra que Cármem Lúcia tenha percorrido os caminhos da prudência.
De agora em diante, será a suspeita de que percorre os da conveniência.

Justiça a la carte no STF?

carm
O mais básico, o mais elementar, o mais comezinho na Justiça é que ela se move por regras.
É “erga omnes”, como dizem os advogados, é a mesma diante de todos, de qualquer caso, de qualquer situação.
É razoável que Cármem Lúcia não definisse o que seria da Lava jato antes das homenagens fúnebres a Teori Zavascki.
Mas o Supremo tem um regimento e este regimento, embora possa abrir possibilidades, deve ter uma única interpretação.
Interpretação que corresponda à convição jurídica daquela que é a responsável por formá-la, a presidente do STF, Cármem Lúcia.
Quando ela diz que ““sobre esse assunto eu não falo, nem sob tortura” e responde com um “nem me fale” à pergunta sobre se estão havendo pressões  para definir a homologação das delações da Odebrecht e a redistribuição da relatoria dos processos da lava Jato, está, explicitamente, afirmando que está sendo pressionada e, de forma oculta e ilegítima.
E se ninguém, ainda, pode descartar que ela vá tomar uma decisão independente, o simples fato de uma magistrada estar sendo pressionada, o que seria grave na primeira instância e é absolutamente intolerável na corte suprema de um país.
O que parece, a quem está distante, é que se negocia a fórmula “solução x indicação”, pela qual o integrante do STF a ser apontado por Michel Temer, que aprova no Senado até o nome do Tiririca, dependerá do timming que se der às delações e ao encaminhamento que venha a ter a escolha do relator.
Parecer, desde a mulher de César se sabe, é frequentemente mais importante que ser.
Fazer uma “conta de chegar” entre os que a apressam por homologar as delações  e os que querem dilatar este prazo até que Câmara e senado fiquem como “tudo dominado”?
Com todo o respeito, fica-se na mesma situação em que ficou o falecido Teori Zavascki quando afastou Eduardo Cunha somente depois de este ter cumprido sua missão de por a voto o impeachment de Dilma.
Já houve tempo pra que Cármem Lúcia tenha percorrido os caminhos da prudência.
De agora em diante, será a suspeita de que percorre os da conveniência.

Trump faz muro contra os vira-latas (brasileiros)

Um golpe que cai

Um golpe que cai

Sem a resistência de uma frente ampla, capaz de repactuar a nação e o desenvolvimento, o golpe arrastará a sociedade para uma ressaca histórica desesperadora.

por: Saul Leblon


Por que o golpe se despedaça na sarjeta como um bêbado trôpego, sem que ninguém consiga recolocá-lo de pé e apesar da extrema boa vontade da mídia e do mercado com esse frango desossado que se amarrota sob o próprio peso?

Falta ao bêbado golpista algo que não se improvisa quando um ciclo de crescimento de uma nação se esgota e outro pede para ser construído: um projeto pactuado de futuro no qual a maioria da sociedade se enxergue e com o qual se identifique.

O oposto ocorre no Brasil agora --na verdade já ocorria desde 2012 quando se esgotou o fôlego contracíclico do Estado brasileiro e a desordem neoliberal no mundo não deu sinais de arrefecimento.






Se o PT demorou a perceber o esgotamento de uma era do capitalismo desregulado, e que os bons tempos de comercio mundial crescendo o dobro do PIB não voltariam mais, o golpe foi além.

Continuou a apostar  na autossuficiente restauração de um neoliberalismo tardio, enquanto seus fundamentos estrebuchavam no plano mundial, em altos decibéis a partir da vitória de Donald Trump nos EUA

A aliança da mídia com a escória, o dinheiro e o judiciário tucanizado foi urdida para derrubar o PT .

O grande consenso dos derrotados em 2002, 2006, 2010 e 2014 teve notável eficácia nesse impulso.

A bem da verdade, contou com a ajuda de um alvo desgastado mas, sobretudo, mortalmente vulnerável por não ter se organizado para o embate  de vida ou morte que viria, como veio e o derrotou sem resistência.

A derrota petista --'sem um tiro', como admitiu Lula--  revelou uma outra ilusão não menos desastrosa em seu algoz.

A propaganda midiática de que a restauração da confiança dos mercados no governo faria o resto embriagou os golpistas que agora tropeçam e desabam na sarjeta dos bêbados da história.
 
Os que assaltaram o poder num processo iniciado em 2 de dezembro de 2015, quando Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, acolheu o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, não formavam mais que uma turba antipetista, antissocial e antinacional.

Não é pouco quando se trata de fazer estrago na democracia e revogar a vontade de 54 milhões de eleitores

Mas é insuficiente para compor uma nova espinha dorsal feita de respostas históricas articuladas e fortes o suficiente para estruturar um novo pacto de desenvolvimento.

A crença cega nas virtudes autossuficientes dos livres mercados ficou à espera de que os capitais afluíssem em massa e os investidores fizessem filas nas Bolsas e nos ministérios encarregados de concluir o serviço privatizante iniciado pelo PSDB nos anos 90.

Não aconteceu e não acontecerá: nenhum governo que rasteja e reprime sua gente com o furor insustentável será reerguido pelas mãos dos mercados.

Claramente um condomínio de oportunistas e oportunidades, desprovidos de um projeto de futuro dotado de força e consentimento para reordenar o destino da economia e da sociedade, a aventura golpista tropeça e rodopia como um joão-bobo no meio fio da desordem mundial e ao sabor dela.

Os interesses que se acomodavam no grande ônibus do antipetismo, uma vez concluída a fase alegre dos consensos, digladiam-se agora para decidir o rumo seguinte da viagem, quem vai dirigi-la, quem cobrará as passagens e quem sentará na janelinha.

Reina o furdunço  enquanto a sociedade e a economia se dissolvem.

Em menos de cem dias, a autofagia dos apetites díspares derrubou uma Presidenta da República, um presidente da Câmara e colocou a cabeça do Presidente do Senado na linha da guilhotina. A fila pode andar com a cabeça do seu algoz, o ministro Marco Aurélio, caso prevaleça a vontade de seu companheiro de toga, Gilmar Mendes.

É interminável o corredor da morte num projeto que se tornou refém da capacidade de mobilização da extrema direita, dopada pela demência histórica dos justiceiros da Lava Jato.

O resto é o horror que se sucede na crônica dos dias que rugem.

Num Brasil que enfrenta uma queda de 30% na taxa de investimento, comparado o 3º trimestre de 2013 com o de 2016, há obras paralisadas por conta da Lava Jato que já custaram R$ 55 bilhões --o equivalente a tudo o que o governo conseguiu arrecadar com a anistia aos depósitos no exterior.
É só um dos sumidouros por onde a nação escorre.

A industrialização se dissolve, mas os formuladores do vale tudo se preparam para extinguir a exigência de conteúdo nacional na exploração das reservas do pre-sal --talvez o último impulso industrializante capaz de erguer uma ponte entre a defasagem tecnológico nacional e a quarta revolução industrial em curso no mundo...

A única forma de deter esse comboio irrefletido é opor ao desvario um projeto de repactuação negociada do desenvolvimento.

Em vez da lógica bêbada dos golpistas, uma frente única de sobriedade política e responsabilidade histórica para devolver aos brasileiros a experiência inestimável de reassumir o comando do seu destino e acreditar nele.

Sem isso, o golpe que cai arrastará o conjunto da sociedade para uma ressaca histórica desesperadora.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A semana que expôs toda a hipocrisia da elite brasileira: Temer, Gilmar, Moro, Filgueiras e os irmãos Marinho



Foi uma semana reveladora da completa esculhambação que é o Brasil.

Terminou domingo, com dois suspeitos de corrupção, às vésperas da revelação de delações que podem custar a eles seus cargos — Michel Temer e o ministro Moreira Franco — recebendo “em casa” o juiz que poderá julgá-los, tanto no Tribunal Superior Eleitoral quando no próprio Supremo Tribunal Federal.

É o ministro que “articula” os interesses do PSDB e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no interior de um governo golpista: Gilmar Mendes.

O mesmo que havia viajado anteriormente em avião oficial com Temer — destino, Portugal — onde não compareceu ao enterro do ex-presidente Mário Soares alegando problemas de saúde.

Outra imagem simbólica da semana havia sido recolhida no sábado, quando futuros réus se deixaram fotografar, “pesarosos”, diante do caixão de Teori Zavascki, o ministro morto na quinta-feira em acidente de avião.

Estavam lá, velando Teori ao lado de Temer, o ministro Eliseu Padilha, acusado dentre outras coisas de receber R$ 3,9 milhões por serviços não prestados a uma universidade e o chanceler José Serra, que será delatado pelo recebimento de R$ 23 milhões da empreiteira Odebrecht.

Também tirou uma casquinha do velório o juiz Sérgio Moro, que havia sido admoestado publicamente por Teori — sem menção nominal — por seu comportamento na Operação Lava Jato.

Teori  disse, então:

“O princípio da imparcialidade pressupõe uma série de outros pré-requisitos. Supõe, por exemplo, que seja discreto, que tenha prudência, que não se deixe se contaminar pelos holofotes e se manifeste no processo depois de ouvir as duas partes”.

Pois Moro antecipou o fim das férias, foi atrás dos holofotes e chamou Teori de “herói brasileiro”, a antítese da “discrição” pregada pelo ministro do STF.

“Meus pêsames aos familiares e amigos do ministro Teori Zavascki”, escreveu o protofascista Kim Kataguiri, em outro rompante de hipocrisia.

O Movimento Brasil Livre (MBL), do qual ele é um dos fundadores, participou de protestos diante da casa do ministro, quando ele foi definido como “Teori traidor” e “Pelego do PT”. “Deixa o Moro trabalhar”, dizia outra faixa.

Aconteceu no ano passado, depois que Teori pediu ao juiz Sérgio Moro que devolvesse ao STF os processos envolvendo o ex-presidente Lula que o juiz de Curitiba conduzia.

Meses depois, Zavascki anulou prova obtida ilegalmente pela Polícia Federal, sob o comando de Moro: grampo telefônico entre a presidenta da República em exercício e o ex-presidente.

Bem antes da anulação, Moro tratou de difundir o grampo através de Vladimir Netto, repórter da Globo, filho de Miriam Leitão e autor de um livro adulatório sobre… Sérgio Moro.

Foi mais um caso em que Moro não foi “discreto” e atuou ciente das consequências políticas de seu ato — baseado, frise-se, em prova ilegal — num momento chave da campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff.

Além da hipocrisia de Kataguiri, também é preciso expor a do Brasil #vemprarua, que postou nas redes sociais o endereço de um dos filhos do ministro Zavascki para efeito de “esculacho” — mensagem que se disseminou com um retuíte do cantor Lobão.

“Obrigado, Vossa Excelência”, agradeceu em sua capa a revista Época, da família Marinho, cujo editor chefe Diego Escosteguy, na época dos protestos contra Teori, vaticinou, meio que torcendo: “Será difícil conter o ânimo contra Teori. A revolta começou agora e vai piorar imensamente”.

O próprio comportamento do ministro falecido, no entanto, demonstra que a elite brasileira tem um padrão para si e outro para os comuns.

Teori estava a caminho da casa de um empresário que tinha interesses em jogo no STF. Carlos Alberto Filgueiras é dono de extensa área de terra em Paraty: uma fazenda à beira mar e a ilha das Almas, em Paraty Mirim.

Como se sabe, as ilhas brasileiras pertencem à União. Muitas posses são “esquentadas” em cartório e os direitos possessórias vendidos em seguida. Filgueiras, depois de comprar a posse da ilha das Almas, na Área de Preservação Ambiental Cairuçu, passou a fazer construções com o objetivo de montar em Paraty o embrião de um terceiro hotel de luxo, “boutique”, no dizer de quem é do ramo.

Ele era processado por crime ambiental, teve liminar negada no STF pelo ministro Edson Fachin quando tentou trancar a ação que corre no Superior Tribunal de Justiça.

No Rio, um dos sócios indiretos de Filgueiras, através de empresas, é o BGT Pactual, cujo ex-presidente, o banqueiro André Esteves, foi preso na Operação Lava Jato. Em dezembro de 2015 Teori revogou a prisão de Esteves e o mandou para casa. Em abril de 2016, revogou a domiciliar.

Embora não haja qualquer indício de que Filgueiras tenha atuado para beneficiar Esteves ou de que Teori Zavascki tenha se submetido a qualquer tipo de pressão, a permanência do ministro num hotel de luxo sempre que vinha a São Paulo e a viagem a Paraty podem levantar dúvidas sobre a “discrição” que ele próprio, Teori, recomendou a Moro.

A diária básica do Hotel Emiliano em São Paulo é de R$ 1.200,00.

A recomendar Teori, o fato de que na conversa gravada entre o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado e o hoje presidente do PMDB, senador Romero Jucá — na qual os dois combinavam travar a Lava Jato em defesa do governo Temer — uma frase foi dita sobre o ministro do STF indicado por Dilma:

MACHADO – Um caminho é buscar alguém que tem ligação com o Teori [Zavascki, relator da Lava Jato], mas parece que não tem ninguém.

JUCÁ – Não tem. É um cara fechado, foi ela [Dilma] que botou, um cara… Burocrata da… Ex-ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça].

Na mesma conversa, uma frase de Machado que menciona o ex-presidente Lula tem sido pouco lembrada:

MACHADO - Eu acho o seguinte, a saída [para Dilma] é ou licença ou renúncia. A licença é mais suave. O Michel forma um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege o Lula, protege todo mundo. Esse país volta à calma, ninguém aguenta mais. Essa cagada desses procuradores de São Paulo ajudou muito [referência possível ao pedido de prisão de Lula pelo Ministério Público de SP e à condução coercitiva dele para depor no caso da Lava jato].

Talvez isso explique a recente decisão do PT de “esquecer” Dilma e apoiar parlamentares que deram o golpe na Câmara e no Senado. É a “pacificação” até  as eleições de 2018, supostamente com apoio do empresariado.

Um precioso adiamento de até 90 dias na divulgação das delações da Odebrecht dá ao governo Temer um tubo de oxigênio essencial, diante da expectativa de algum tipo de recuperação econômica no segundo semestre.

Para os ricaços, é isso o que realmente importa.

Filgueiras, o dono do avião que caiu em Paraty, era conhecido na cidade pela extensão das propriedades, mas não pela ostentação das posses.

Navegando a caminho da ilha das Almas, que pertence a ele, fica à direita o que alguns locais viam como o verdadeiro “centro do poder”: a mansão de concreto atribuída à família Marinho, que ganhou um prêmio internacional de arquitetura. Ela se assenta num terreno de 55 mil metros quadrados, 8 mil dos quais pertencentes à União.

Vários crimes ambientais foram cometidos na construção e manutenção da mansão, inclusive o bloqueio de uma praia pública.

O barqueiro que nos atendeu contou ter trabalhado mais de cinco anos para gente da família: Paula, neta de Roberto Marinho e filha de João Roberto Marinho, um dos magnatas controladores da Globo.

Paula era presença constante no lugar, de acordo com o barqueiro. Quando o escândalo da mansão de concreto estourou, a família Marinho tratou de dizer publicamente que não tinha qualquer relação com a casa, sugerindo que era de Alexandre Chiapetta de Azevedo, ex-marido de Paula.

No entanto, documentos descobertos na sede paulista da empresa panamenha Mossack & Fonseca, facilitadora internacional da lavagem de dinheiro, contém indícios de que Paula pagou pela manutenção de três empresas offshore, uma das quais é sócia da mansão de Paraty, a Vaincre LLC, de Las Vegas, nos Estados Unidos, cria da Mossack.

Moradores de Paraty definem a Costa Verde e particularmente a ilha Grande como um “quintal” dos donos da Globo, cujos interesses são organizados pelo “ambientalista” da família, José Roberto Marinho.

O problema principal não é que Paraty não tem um aeroporto adequado, afirmam eles, mas o fato de que milionários “invadiram” as ilhas da região e tomaram para si bens públicos, causando ampla devastação ambiental no que resta da mata atlântica.

Este é o Brasil ao qual servem Temer, o Congresso e o STF.

Captura de Tela 2017-01-23 às 16.46.55

Luiz Carlos Azenha No Viomundo


La la Land


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

STF deve ao Brasil relatoria da Lava Jato isenta de politicagem


STF deve ao Brasil relatoria da Lava Jato isenta de politicagem

O Poder Judiciário como um todo está ameaçado de total desmoralização a depender da “solução” que o presidente Michel Temer e a ministra Carmén Lúcia derem para a substituição do relator da Lava Jato naquela Corte. Do primeiro não se espera nada, da segunda não se espera muito, mas se espera, ao menos, um mínimo de compostura.
Um bom exemplo do que pode acontecer de mortal para o STF na designação da relatoria da Lava Jato é a incumbência cair nas mãos de um membro do Tribunal que não guarda o menor pudor em adotar posições político-partidárias.
Gilmar Mendes é um ministro do STF absolutamente inabilitado para o cargo por tornar públicas suas preferências políticas, já que em suas mãos frequentemente caem ações envolvendo grupos políticos que ele apoia ou combate abertamente, tornando previsível que suas decisões não se pautarão pela lei, mas por seus interesses políticos.
O vídeo abaixo mostra a posição política indubitável desse “magistrado”.
Para quem não tem conta no Facebook e não conseguiu assistir ao vídeo, ele contém entrevista de Gilmar à Globo caluniando o PT – note bem, leitor, não um petista, mas o PT inteiro – de todas as formas, sem apresentar provas, ao passo que está à frente de julgamentos de questões envolvendo o partido.
Você gostaria de ser julgado por um juiz que deixa suas idiossincrasias se sobreporem à interpretação técnica da lei?
Gilmar Mendes foi uma das escolhas mais absurdas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Era membro de seu governo, um aliado, e esse indivíduo se manteve como aliado do PSDB desde a nomeação para o STF até hoje, como mostram suas declarações e seu comportamento partidarizado.
No último domingo, o programa “Fantástico”, da Globo, mostrou reportagem sobre visita de Gilmar e do secretário de Parcerias e Investimentos do governo federal, Moreira Franco, a Temer.

Tanto o secretário quanto o presidente da República foram acusados por delatores da Lava Jato. Reunirem-se com quem poderá ter que julgá-los é, no mínimo, imoral.
Ora, sabemos que a possibilidade de a relatoria da Lava Jato cair no colo de Gilmar é muito grande. Como alguém que deixa simpatias e antipatias por investigados e delatados tão claras poderá ter suas decisões acima de suspeitas?
O preenchimento da vaga no STF, porém, ainda conta com outros riscos. Há um movimento que prega a nomeação de Sergio Moro para a vaga no STF. A mensagem abaixo está sendo freneticamente disseminada pelo What’s App.
stf 2
As especulações sobre a nomeação desse indivíduo para a vaga de Teori preocupam ainda mais porque a política dominaria a Suprema Corte de Justiça do país e a exporia ao ridículo, como bem diagnosticou o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence, para quem a mera hipótese de nomear Moro para a vaga de Teori é “anedótica”, já que se trata de um juiz de primeira instância sendo guindado a um cargo que requer muito mais experiência.
Mas não é só isso. A relação de Moro com tucanos investigados pela Lava Jato ou acusados por delatores é tão clara como a de Gilmar.
A Foto abaixo gerou um dos maiores escândalos políticos de 2016 porque, apesar de Aécio estar sendo julgado por seu amigão Gilmar Mendes, se ele perdesse o mandato no âmbito dessa investigação seria julgado por Moro, como aconteceu com Eduardo Cunha, que perdeu o foro privilegiado e teve seu caso enviado ao vingador curitibano dos antipetistas
stf 1A indicação do magistrado é possível, mas pouco provável. Caso assumisse o posto, Moro teria que abandonar os processos da Lava Jato em primeira instância; entre elas as ações contra o ex-presidente Lula. Além disso, no Supremo o juiz não poderia analisar os mesmos processos em que foi responsável na Justiça Federal, segundo a especialista em direito constitucional Ana Paula Turra.
“Ocorre que, se indicado, além de deixar de atuar nos processos da Lava Jato em primeiro grau, no STF também estaria impedido de atuar no âmbito da Lava Jato, conforme o artigo 252 do código de processo penal que prevê que “o juiz não pode exercer jurisdição no processo em que tiver atuado como juiz de outra instância “.
O professor de Direito Administrativo e Direito Constitucional da Escola da Magistratura Federal do Paraná, Marcus Bittencourt, não acredita na nomeação de Moro: “apesar da nomeação do Juiz Sérgio Moro para a vaga do Ministro
Teori ser um clamor de grande parte da população, acredito que seria complicado na prática, pois o juiz Sérgio Moro ficaria afastado do julgamento das ações da lava-jato na primeira instância e também ficaria impedido de atuar nos casos no próprio STF, por ter atuado já em instância inferior”, afirmou ao Paraná Portal.
A presidente do STF, ministra Carmén Lúcia, tem a prerrogativa de, a seu critério, em casos excepcionais, ordenar a redistribuição dos demais tipos de processo, como um inquérito, por exemplo, que é o estágio em que se encontra a tramitação da Lava Jato no STF.
Assessores jurídicos do STF levantaram também a hipótese, embora menos provável, de que os ministros possam se reunir para, inclusive, modificar o regimento e adequá-lo à situação. Por isso, eles afirmaram ser precipitado definir o que pode ocorrer com a parte da Operação Lava Jato que tramita na Corte.
Quando o ministro Carlos Alberto Menezes Direito morreu, em 1º de setembro de 2009, o ministro sucessor, Dias Toffolli, herdou cerca de 11 mil processos, com exceção daqueles nos quais ele havia atuado como advogado.
A ministra Carmén Lúcia tem em suas mãos um “abacaxi” dos grandes. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Paraná, realizada por meio de questionário online com 2800 pessoas, mostra que 83,1% dos entrevistados acreditam que a morte do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi resultado de sabotagem ao avião.
Em que pese a baixa credibilidade desse instituto e de a pesquisa ter sido feita só pela internet, é evidente que há um sentimento na sociedade de que a morte de Teori sugere que pode ter sido para livrar a cara dos beneficiários imediatos pela delação de 77 funcionários da Odebrecht contra políticos que até aqui estava livres.
Duas matérias do grupo Folha divulgadas no mês passado sob o título “Tucanos aparecem em delações da Lava Jato” e “Temer é citado 43 vezes em delação de executivo da Odebrecht” mostram bem quem ganhou com a morte de Teori.
Diante desses fatos, o STF, como instituição, tem o dever constitucional e moral de entregar a relatoria da Lava Jato a um ministro acima de acusações e de evidências de partidarismo sob pena de desmoralizar o Poder Judiciário de alto a baixo – se ocorrem mutretas no STF, que dirá em instâncias inferiores.
A Lava Jato de Teori Zavascki não era a Lava Jato de Gilmar Mendes ou de Sergio Moro, quem o ministro falecido repreendeu publicamente por conduta imprópria como a de vazar áudio com fala da então presidente Dilma Rousseff, gravado ilegalmente. A ministra Carmén Lúcia tem nas mãos poder de enlamear irremediavelmente a instituição que preside.
Tags: , , , , ,

Do Blog da Cidadania.  

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Três donos da Globo têm 23% da renda dos brasileiros

Você está aqui: Página Inicial / Economia / Três donos da Globo têm 23% da renda dos brasileiros

Três donos da Globo têm 23% da renda dos brasileiros

E não estão na cadeia...
publicado 18/01/2017
Filhos_do_Doutor_Roberto.jpg
E devem achar pouco... (Reprodução: RobertoMarinho.com.br)
O “rendimento real habitual” dos brasileiros, em setembro, outubro e novembro de 2016 foi de R$ 2.032,00.
(Fonte: IBGE)
O rendimento de todos os brasileiros assalariados, segundo o IBGE, foi de R$ 180 bilhões, nesse período de 2016.
A organização Oxfam revelou na reunião de Davos, na Suíça, que oito pessoas têm a mesma riqueza dos 50% mais pobres do mundo.
(Fonte: UOL)
A mesma Oxfam revelou que 6 brasileiros têm a mesma riqueza que 100 milhões de brasileiros.
(Fonte: UOL)
A mesma Oxfam revelou que 0,5% dos brasileiros detêm quase 45% do PIB.
(Fonte: Oxfam Brasil)
A mesma Oxfam revelou que os três filhos do Roberto Marinho - os que não têm nome próprio -, cada um, tem uma riqueza de R$ 13,92 bilhões, CADA UM!
O filho do meio, João Roberto Marinho, que desempenha o papel de “cérebro” das negociações políticas e dá as instruções para o Gilberto Freire com “i”, João Roberto ultrapassou o irmão mais velho, Roberto Irineu, e, segundo a Oxfam, se inclui na lista dos oito brasileiros biliardários.