
Para quem acredita na “sabedoria do mercado” aí está um bom argumento: o “mercado de leitores” dos jornais das Organizações Globo – mesmo detendo, aqui no Rio de Janeiro, um quase-monopólio – não para de encolher.
E que não se culpe a crise, até porque o Grupo Globo é o maior pregoeiro do “baixo-astral” econômico não é de hoje.
O coleguinha Ivson Alves, um herói que mantém há quase 20 na rede o site Coleguinhas, apurou os dados de circulação das publicações do Infoglobo e da Época (que é da Editora Globo) e o resultado está a seguir.
Resultado que, como diz o Ivson, não precisa de muitas considerações, porque se autoexplica e explica – embora não justifique – as demissões em massa feitas com aquele critério estranho – mas não raro entre os gestores “modernos” de empresas e governos – segundo o qual diante de lucros menores barateia-se o produto perdendo em qualidade.
Com isso, claro, vende-se (ou arrecada-se) cada vez menos.
Mas isso não vem ao caso, não é?
Os números do Infoglobo
Ivson Alves

Só encontro essa explicação para a rapidez com que responderam ao pedido de informações sobre como anda a circulação dos principais veículos do Infoglobo e da Editora Globo (para efeito de comparação), elas que são sempre tão reservas e lentas.
Aqui estão eles e, logo abaixo de cada, uma análise – rápida porque não precisa ser analista de cenário para ler os gráficos e tabelas, cujos números e curvas são quase autoexplicativos.
1. Nos últimos 36 meses (agosto/2012 a julho/2015), a circulação somada dos dois principais jornais do Infoglobo caiu 25% (perda de 1 a cada 4 leitores em três anos), de 438.423 para 328.576, com viés de queda constante, especialmente no caso do Globo. Esse quadro explicaria a decisão de Frederic Kachar de fazer com Ascânio Seleme (O Globo) e Octávio Guedes (Extra) reportem-se diretamente a ele, o que, certamente, limitará a autonomia de ambos, se não de imediato, no médio prazo.

2. O caso mais grave é do Extra, com redução de 32% (menos 1 a cada 3 leitores), de 199.993 (agosto/2012) para 135.815 (julho/2015). Essa forte queda talvez explique a ordem para que Octávio Guedes dedique-se exclusivamente ao jornal, deixando sua função na CBN.
3. Embora melhor, a situação do Globo não se mostra nada confortável. Houve uma queda de 21,6% ( defecção de 1 a cada 5 leitores), de 248.430 para 194.761 (menos do que o Extra há três anos), no período enfocado. Outro fator a considerar: olhando a curva, observa-se que a queda do Globo é mais constante do que a do Extra, que ainda comporta alguns picos, embora não cheguem a alterar significativamente a trajetória de queda.
(Observação do Tijolaço: não se pode usar apenas a internet como explicação para o decréscimo da circulação: O próprio O Globo comemorava, em novembro de 2011, a marca recorde de 264.382 jornais vendidos por dia no primeiro semestre daquele ano. Comparada à média do 1º semestre deste ano (198.413),

a. A resiliência dos leitores de revista é maior em comparação com os de jornal no momento de abandonar a publicação – traduzindo: quem compra revista demorar mais a deixar de lê-la do que os de jornal, especialmente quando se trata de cancelar assinaturas.
b. Olhando-se a tabela e a curva mais de perto, observa-se que entre o pico de novembro de 2013 (412.265 exemplares) e o fina do período (junho/2015) a queda de circulação acentuou-se, chegando a 7,8% .
Do Blog TIJOLAÇO.
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