segunda-feira, 15 de junho de 2009

O que vamos ganhar com o juro baixo


Copiado do Blog do ALÊ, Alexandre Porto, que está em Minhas Notícias e em Meus Favoritos.

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Saraiva

O que vamos ganhar com o juro baixo
Exame - [...] Pela primeira vez desde o Plano Real, a taxa básica de juro, a Selic, atingiu o patamar de 1 dígito. É o custo do dinheiro mais baixo da história de um país em que já foi necessário pagar mais de 400 000% ao ano para tomar um empréstimo bancário ou financiar a compra de um equipamento industrial. As cifras eram uma abstração. Na prática, por muito tempo, o crédito simplesmente não existiu para os brasileiros. Não se trata - ainda - de um patamar semelhante ao das economias desenvolvidas, no qual os juros atualmente são até negativos. Ainda assim, o cenário que se descortina é inédito. Nunca estivemos tão perto de entrar para o grupo de países modernos.
Em perspectiva histórica, vê-se que estão sendo retiradas, uma a uma, todas as anomalias acumuladas ao longo de décadas. A bola da vez são os juros altos. "O Brasil de hoje é muito diferente de quando tínhamos inflação alta e contas públicas desreguladas", diz o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Com a queda dos juros, vamos eliminar uma das últimas disfunções da economia e caminhar para a normalidade." A frase resume o ânimo dos quase 50 economistas, empresários, analistas de bancos de investimento e membros do governo ouvidos por EXAME nas últimas quatro semanas. O sentimento geral é de que, ao diminuir os juros, o Brasil pode fomentar uma expansão nunca vista no volume de crédito disponível para pessoas e empresas, destravando o crescimento de segmentos com enorme efeito irradiador na economia. As mudanças serão particularmente visíveis em quatro áreas - mercado de capitais, setor imobiliário, infraestrutura e varejo. Alguns números dão ideia da avenida que se abre para o Brasil. No mercado imobiliário, provavelmente o setor em que há a maior expectativa com o novo cenário, mais de 30 milhões de moradias podem vir a ser construídas nos próximos 20 anos - um ritmo anual cinco vezes superior ao de 2008. "A gente dorme e acorda pensando em como aproveitar a queda dos juros", diz Luis Largman, diretor financeiro da construtora Cyrela. No campo da infraestrutura, os recursos para obras de estradas, ferrovias, hidrelétricas e portos devem alcançar 90 bilhões de reais em 2012, depois de ter descido quase a zero em alguns anos da década de 90. Ao longo dos próximos quatro anos, pelo menos 160 bilhões de dólares a mais devem ser aplicados na bolsa de valores - capital que em boa parte irá para o caixa das empresas e lhes dará mais fôlego para investir. Com juros mais baixos, o volume de crédito disponível deve aumentar na economia como um todo, provocando acréscimo de até 1 trilhão de reais na oferta de recursos a empresas e pessoas dentro de três anos. Mais crédito deve levar a mais consumo, o que pode transformar também o modelo de negócios das redes varejistas e fazer toda a economia crescer. A consultoria LCA estima que uma redução de 2 pontos no juro real signifique estímulo adicional de até 1,5 ponto percentual para o produto interno bruto. "Com o juro real caindo para 5%, como se espera, o potencial de crescimento da economia brasileira sobe de 4% para 5,5% ao ano", diz Bráulio Borges, economista-chefe da LCA. (Malu Gaspar) Com este último corte de 1% da taxa Selic, o Banco Central já reduziu a taxa básica de juros em 4,5% neste ano. Eu acredito em mais uma redução de 0,5% em julho, totalizando um ciclo de 5%. Mais do que isso, só avaliando a atividade econômica. Além da baixa atividade industrial mundial, que derruba o preço das principais commodities dois fatores apontam para um maior afrouxamento da política monetária: o câmbio e a queda livre do IGP nos últimos meses. A pressão sobre o câmbio será ainda de queda do dólar nos próximos meses e os preços administrados perderão força. O Banco Central deixou bastante claro, no comunicado divulgado logo após a reunião, que o ciclo de flexibilização da política monetária não está encerrado e que pretende promover novos cortes nos próximos meses, ainda que num ritmo mais lento. No curto prazo, o IPCA deve voltar ao patamar de 0,30% em junho, depois de dois meses pressionado pelos reajustes de remédios, cigarros e do salário mínimo. O IGP deve ainda ser beneficiado pela redução do preço do óleo diesel. No médio prazo é preciso acompanhar o desempenho dos investimentos produtivos, que podem afetar negativamente a inflação. Os economistas costumam dizer que há um hiato de até seis meses entre a decisão de baixar os juros e seus efeitos na economia real. Vamos esperar então que no segundo semestre já tenhamos uma recuperação mais visível, trazendo mais confiança a todos os agentes. Marcadores: Crédito, Infraestrutura, Mercado imobiliário, Plano Real, Selic POSTADO POR ALEXANDRE PORTO( 0 COMENTÁRIO ) ( LINK PERMANENTE ) ( IMPRIMIR ) ( ENVIAR A UM AMIGO )

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