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Sochi, onde o clima nunca é muito frio, foi transformado em meca dos esportes de inverno
Uma olimpíada com uma tocha enviada ao Polo Norte e ao espaço, uma
estrada pavimentada com "ouro e caviar" – nas palavras de um crítico –
com contratos exorbitantes executados por amigos do presidente e um
estádio para 40 mil pessoas que será usado apenas duas vezes.
Essas são algumas das peculiaridades dos Jogos de Inverno de Sochi, que
começam nesta sexta-feira na Rússia, e estão sendo chamados de a
"Olimpíada mais cara da história". O orçamento não-oficial dos Jogos, de
US$ 50 bilhões, seria suficiente para custear todas as obras somadas da
Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos do Rio 2016.
O governo russo afirma que o orçamento oficial é de US$ 7 bilhões –
levando em conta apenas obras diretamente ligadas aos Jogos. Mas o
governo reconhece que foram gastos os US$ 50 bilhões – quando somados
todos os investimentos em infraestrutura na rica região de Sochi, no sul
da Rússia.
Em seu planejamento oficial, entre recursos públicos e privados, o
Brasil está gastando uma fração desse valor para todas as obras – tanto
as de infraestrutura como os estádios.
Segundo o mais recente balanço, divulgado em novembro pelo Ministério do
Esporte, a Copa do Mundo de 2014 tem um orçamento de R$ 25,6 bilhões
(ou cerca de US$ 10,6 bilhões, com o câmbio atual). Para a Olimpíada de
2016, foi previsto um orçamento de US$ 14,4 bilhões, segundo o documento
de candidatura, com valores de 2009.
Especialistas acreditam que os custos dos eventos no Brasil ainda podem
subir bastante - mas dificilmente chegariam perto do gasto na Rússia. A
cidade de Londres gastou US$ 13,9 bilhões na Olimpíada de 2012.
Olimpíadas e Copa: custos
Sochi 2014: US$ 51 bilhões
Pequim 2008: US$ 43 bilhões
Rio 2016: US$ 14,4 bilhões*
Londres 2012: US$ 13,9 bilhões
Copa no Brasil 2014: US$ 10,6 bilhões**
Vancouver 2010: US$ 7 bilhões
* Valores de 2009.
** R$ 25,6 bilhões. Câmbio de 6 de fevereiro de 2014.
Desde 2010, Sochi vem recebendo investimentos para transformar o
balneário de veraneio russo – onde a média histórica das mínimas nunca
fica abaixo de quatro graus – na meca dos esportes de inverno.
Em um raio de poucos metros, próximo à orla do Mar Negro, foram
construídas duas arenas de hóquei, uma de curling e dois estádios com
rinques de patinação. As competições de esqui acontecerão nas montanhas
que cercam o balneário.
Um dos maiores estádios dos jogos – o Fisht – tem capacidade para 40 mil
pessoas e sequer vai abrigar eventos esportivos. Ele será usado em
apenas duas ocasiões: para as cerimônias de abertura e encerramento.
Mas os estádios nem são os itens mais caros do orçamento. As obras para
construção de uma estrada e uma ferrovia de 28 quilômetros entre o
aeroporto local e a região de Krasnaya Polyana, onde também haverá
competições, custaram US$ 8,7 bilhões.
Esse valor é mais que o orçamento total da Olimpíada de Inverno
anterior, em Vancouver, segundo a Fundação Anti-Corrupção, uma ONG de
Moscou que faz ativismo contra os gastos dos Jogos. Segundo o site
sochi.fbk.info, mantido pela entidade, o governo russo entrou com 54% do
total de recursos.
O diretor executivo da Fundação, Vladimir Ashurkov, disse à BBC Brasil
que os custos dos estádios em Sochi são de 1,5 a 2,5 vezes maiores do
que o normal - ao comparar as obras das Olimpíadas de Inverno com outros
estádios.
"Nós acreditamos que os grandes motivos por trás do aumento dos gastos são a corrupção", diz Ashurkov.
O político de oposição Boris Nemtsov, que virou uma espécie de porta-voz
contra os gastos nos Jogos, disse a uma televisão russa que a estrada
poderia ter sido pavimentada com "cinco milhões de toneladas de ouro ou
caviar, que o preço da obra teria sido o mesmo".
Os ativistas e a oposição também acusam o governo russo de favorecer os
aliados do presidente Vladimir Putin. As empresas de um amigo de
adolescência de Putin, Arkady Rotenberg, receberam US$ 7,4 bilhões em
contratos – mais da metade de todo o orçamento dos Jogos do Rio.
Turismo
O governo russo diz também querer manter um legado vivo de turismo e
esportes na cidade. Em outubro, Sochi abrigará o primeiro GP da Rússia
de Fórmula 1 da história.
O estádio Fisht está nos planos das autoridades para a Copa do Mundo de
2018, que também será disputada na Rússia. Para este torneio, o
orçamento inicial previsto na candidatura já duplicou, e está atualmente
em US$ 19 bilhões - quase o dobro do gasto previsto para o Brasil em
2014.
Postado há 2 hours ago por Blog Justiceira de Esquerda
Ainda do Blog Justiceira de Esquerda.
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