Mídia tenta esconder monstro fascista
Blog do Miro - terça-feira, 17 de março de 2015
Por Altamiro Borges
Depois de alimentar a fúria fascista, numa campanha que já dura doze anos e que atingiu seu apogeu na “cobertura jornalística” dos protestos de domingo (15), a mídia hegemônica agora tenta esconder seus monstros. Da mesma forma como fez na preparação do golpe militar de 1964, ela apresenta os organizadores das marchas como cidadãos em luta contra a corrupção e pela democracia. A capa do jornal 'O Globo' desta segunda-feira é uma cópia da manchete estampada para saldar a deposição do presidente João Goulart. Até ministros do governo Dilma, na vã tentativa de acalmar o ódio fascista, elogiam as “manifestações democráticas”. Um verdadeiro tiro no pé, que só estimula os golpistas!
Os jornalões e as emissoras de rádio e tevê exibem imagens de famílias vestindo o verde e amarelo e manifestando sua revolta em “marchas pacíficas”. Eles escondem, porém, os discursos hidrófobos dos líderes “espontâneos” do movimento, as faixas com suásticas nazistas, os pedidos pela imediata intervenção militar, os xingamentos e agressões. O ódio das hordas fascistas é retirado dos holofotes para não assustar os ingênuos que aderiram ao protesto alimentado pela própria mídia. Nas redações destes veículos – aonde a única liberdade de imprensa que impera é a do patrão, como ensinou o jornalista Cláudio Abramo –, repórteres domesticados ou acovardados fingem não enxergar o perigo.
Além de apresentar as marchas como “democráticas e pacíficas”, o esforço midiático é também para negar seu caráter classista. Globo, Folha e Estadão fazem de tudo para exibir “a diversidade dos atos" – aonde há, inclusive, alguns pobres e negros. Apenas a imprensa internacional, ainda não totalmente contaminada pela ofensiva golpista, revela que os protestos foram “mais velhos, mais brancos e mais ricos”, como registrou o jornal britânico “The Guardian”. Até a revista “Forbes”, dirigida aos ricaços, chamou as manifestações de “festival do ódio”. Já no “festival de mentiras” da mídia nativa, apenas alguns articulistas de salvaram. Reproduzo abaixo dois artigos destoantes publicados na Folha:
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Impeachment é pouco
Vladimir Safatle
Você na rua, de novo. Que interessante. Fazia tempo que não aparecia com toda a sua família. Se me lembro bem, a última vez foi em 1964, naquela "Marcha da família, com Deus, pela liberdade". É engraçado, mas não sabia que você tinha guardado até mesmo os cartazes daquela época: "Vai para Cuba", "Pela intervenção militar", "Pelo fim do comunismo". Acho que você deveria ao menos ter tentado modernizar um pouco e inventar algumas frases novas. Sei lá, algo do tipo: "Pela privatização do ar", "Menos leis trabalhistas para a empresa do meu pai".
Vi que seus amigos falaram que sua manifestação foi uma grande "festa da democracia", muito ordeira e sem polícia jogando bomba de gás lacrimogêneo. E eu que achava que festas da democracia normalmente não tinham cartazes pedindo golpe militar, ou seja, regimes que torturam, assassinam opositores, censuram e praticam terrorismo de Estado. Houve um tempo em que as pessoas acreditavam que lugar de gente que sai pedindo golpe militar não é na rua recebendo confete da imprensa, mas na cadeia por incitação ao crime. Mas é verdade que os tempos são outros.
Por sinal, eu queria aproveitar e parabenizar o pessoal que cuida da sua assessoria de imprensa. Realmente, trabalho profissional. Nunca vi uma manifestação tão anunciada com antecedência, um acontecimento tão preparado. Uma verdadeira notícia antes do fato. Depois de todo este trabalho, não tinha como dar errado.
Agora, se não se importar, tenho uma pequena sugestão. Você diz que sua manifestação é apartidária e contra a corrupção. Daí os pedidos de impeachment contra Dilma. Mas em uma manifestação com tanta gente contra a corrupção, fiquei procurando um cartazete sobre, por exemplo, a corrupção no metrô de São Paulo, com seus processos milionários correndo em tribunais europeus, ou uma mera citação aos partidos de oposição, todos eles envolvidos até a medula nos escândalos atuais, do mensalão à Petrobras, um "Fora, Alckmin", grande timoneiro de nosso "estresse hídrico", um "Fora, Eduardo Cunha" ou "Fora, Renan", pessoas da mais alta reputação. Nada.
Se você não colocar ao menos um cartaz, vai dar na cara de que seu "apartidarismo" é muito farsesco, que esta história de impeachment é o velho golpe de tirar o sujeito que está na frente para deixar os operadores que estão nos bastidores intactos fazendo os negócios de sempre. Impeachment é pouco, é cortina de fumaça para um país que precisa da refundação radical de sua República. Mas isto eu sei que você nunca quis. Vai que o povo resolve governar por conta própria.
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“A nossa bandeira jamais será vermelha”
Mônica Bergamo
"Tem até mulher de banqueiro aqui!", informava à coluna a educadora Ligia Carvalho no estacionamento da rua Augusta em que vários amigos combinaram de se encontrar para ir à passeata de domingo na avenida Paulista.
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"Ela poderia estar em casa, descansando. Mas pensa nos mais humildes", segue Ligia, referindo-se a Ana Eliza Setubal, mulher de Paulo Setubal, da família que controla o Itaú Unibanco. "Nós temos que pensar neles. A minha empregada me disse que é atendida por enfermeiros nos postos de saúde. Eles não têm escola, saúde, nada."
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Ana Eliza diz que o protesto "não é contra um governo específico" e afirma que "o povo tem que acordar, se mexer. Tem que mostrar aos governantes, todos eles, a insatisfação com essa corrupção que está arraigada no país".
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Ao lado da empresária Rosângela Lyra, ela assume a liderança do grupo, que sobe a rua cantando: "A nossa bandeira jamais será vermelha!".
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A arquiteta Brunete Fraccaroli carrega um banco de plástico verde. Ela vai se submeter em breve a uma cirurgia de coluna e precisa sentar-se de tempos em tempos. "Estou perdendo clientes. Muitos deles estão saindo do Brasil, estão indo para Miami. É triste. Estou muito preocupada", diz.
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Quase em frente ao Masp, outro grupo se reunia numa varanda. "Queria estar era lá embaixo", dizia a empresária Tatianna Oliva, apontando para a avenida. "Já fomos lá, mas tivemos que voltar por causa das crianças", explicava, com as duas filhas ao lado.
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Acompanhada do marido, José Victor Oliva, ela assistia de camarote ao protesto, a convite de uma amiga que abriu o escritório de sua empresa a cerca de 40 convidados. Para recebê-los, mesa de aperitivos e doces decorada com bandeirinhas do Brasil, refrigerantes, cervejas e drinques. A anfitriã pediu para não ter o nome divulgado ("Senão baixam 50 fiscais da Receita aqui! Sou do bem").
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"A Déia, que trabalha lá em casa, disse que queria vir. Eu não forcei ela a nada", contava Tatianna. Ao lado da patroa, Andrea Carneiro dizia: "A gasolina tá muito cara, o ônibus, o supermercado também. Tá muito ruim".
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Irmã do playboy Chiquinho Scarpa, Renata Scarpa ia do parapeito do prédio para a TV, que transmitia o ato ao vivo. "Graças a Deus", repetia. "E é todo mundo! As mulheres [vieram] mesmo com chuva no cabelo." Ali perto, o marido dela, Marcelo Palhares, fumava um charuto.
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Renata dizia: "Não interessa se é PT, PSDB, PMDB. Acho que todos os políticos e suas famílias teriam que ser obrigados a usar hospital e escola públicos. Já mudaria tudo". E lembrava o fato de Miami estar "lotada" de brasileiros. "Temos que ter todo mundo aqui para ajudar. Se os ricos forem embora, o que que sobra? Só os que não interessam para crescer o país."
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"Sou elite sim!", dizia José Victor Oliva. "E acho que eu deveria ser homenageado pelo governo, porque invisto, dou empregos, pago impostos, faço tudo certo." Mostrando a avenida, concluía: "Acho que eu não sou o único que penso assim".
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No prédio ao lado, alguém agitava na janela uma bandeira vermelha. Adultos e crianças na sacada vaiavam: "Ei, petista, vai tomar no c...".
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Um dos convidados passa com um saquinho distribuindo cornetas de plástico.
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Com a bandeira do Brasil estampada nos brincos --e uma de verdade amarrada nos ombros--, a empresária Norma Kherlakian brincava que iria "tirar todas as peças vermelhas do armário". "Eu sempre soube que o PT, quando chegasse lá, ia roubar", afirmava a prima de Reinaldo Kherlakian, herdeiro da galeria Pagé e cantor.
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Nadia Locanto, consulesa de São Cristovão e Nevis (ilhas no Caribe), dizia: "Tem que sair o PT. E parar a corrupção. Não é possível que não haja gente honesta no Brasil, né?", dizia, com a bolsa Louis Vuitton a tiracolo.
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Já no fim da tarde, o empresário Paulo Velloso chegava. "Já andei duas vezes a Paulista. Subi para vir ao banheiro." Dizendo-se emocionado, afirmava, com um copo de margarita na mão: "Falam que SP é um reduto do PSDB. Não é isso! É que aqui as pessoas têm mais conhecimento, informação. Sabem que do jeito que está não dá pra continuar".
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Leia também:
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Contraponto 16.317 - "A limonada que se tira de um domingo azedo: reforma política já"
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17/03/2015
A limonada que se tira de um domingo azedo: reforma política já
Há um claro cinismo dos que batem panela contra a corrupção, mas que se opõem a uma reforma política que proíba o financiamento de campanhas por empresas. Afinal, todos são contra a corrupção?
João Alvarez / Fotos Públicas
Combate à corrupção: oposição adota discurso genérico para desestabilizar governo, sem tocar no que interessa
por Helena Sthephanowitz
Nos movimentos de rua do domingo (15), é fato que os
setores oposicionistas neoliberais e conservadores marcaram uma vitória
política ao conseguirem organizar uma manifestação significativa em
várias cidades e de grandes proporções, especialmente em São Paulo, com
cerca de 210 mil participantes ao longo do dia, segundo a métrica do
Instituto Datafolha.
É bastante gente, sem dúvida, mas minorias barulhentas não se sobrepõem à maioria silenciosa da nação.
Essa maioria silenciosa que ficou em casa ou escolheu fazer outras atividades no domingo – são mais de duzentos milhões de brasileiros – é composta em grande parte de apoiadores ao governo, ainda que criticamente. Outra parte votou na oposição e votaria de novo mas, em sua grande maioria, respeita o resultado das urnas e discorda de aventuras que levem a retrocessos, tanto nas nas liberdades democráticas, duramente conquistadas pela sociedade, como também nos avanços sociais e econômicos dos últimos anos.
Foi para esta maioria silenciosa, não radicais, que os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, falaram em entrevista coletiva, no noite do domingo.
Reconheceram a óbvia normalidade de protestos pacíficos com os quais qualquer democracia estável e livre deve saber conviver, e pegaram o gancho no principal apelo dos manifestantes, a corrupção, para defender o que sempre defenderam: uma reforma política em que empresas financiarem campanhas eleitorais sejam terminantemente proibido – e esta é a principal raiz da corrupção.
Quem é contra a corrupção? Todos os brasileiros o são, é claro. A não ser aqueles que não têm escrúpulos.
E é aí que vemos o cinismo de algumas lideranças políticas da oposição e empresariais: gente envolvida em denúncias de crimes, alguns escandalosos, mas "batendo panelas contra a corrupção".
Até mesmo os empresários de mídia, com seus editoriais e colunistas esbravejando contra a corrupção, fizeram uma espécie de "auto-delação premiada" em seus próprios jornais e portais na sexta-feira, antecipando que tiveram contas secretas no HSBC suíço.
Assim, mesmo das manifestações planejadas com fins golpistas, as forças políticas e da sociedade civil que querem um ambiente político mais representativo dos anseios populares, e menos do poder econômico, podem fazer do limão a limonada.
Praticamente ninguém sensato acredita na ladainha de que o país vai melhor apenas e simplesmente derrubando só a presidenta. As mazelas políticas que vão das Câmaras de Vereadores até o Congresso Nacional, começam com empreiteiras, bancos e outras empresas financiando quem é eleito. Na melhor das hipóteses, os honestos ficam devendo favores, limitando sua independência na hora de legislar contra os interesses das empresas que os financiaram. E na pior das hipóteses, há a eleição proposital de corruptos, que colocam seus mandatos a serviço das empresas que lhes dão dinheiro, e não a serviço de seus eleitores.
A grande maioria da nação, silenciosa ou barulhenta, compreende facilmente essa situação se tiver acesso ao debate e a explicações claras. Se todos os agentes políticos, desde a presidenta da República até o cidadão militante, mostrarem insistentemente ao eleitor que misturar dinheiro de banco e empreiteira com atividade política é raiz, tronco e frutos da corrupção, a proibição do financiamento de campanhas eleitorais por empresas vira clamor popular.
É bastante gente, sem dúvida, mas minorias barulhentas não se sobrepõem à maioria silenciosa da nação.
Essa maioria silenciosa que ficou em casa ou escolheu fazer outras atividades no domingo – são mais de duzentos milhões de brasileiros – é composta em grande parte de apoiadores ao governo, ainda que criticamente. Outra parte votou na oposição e votaria de novo mas, em sua grande maioria, respeita o resultado das urnas e discorda de aventuras que levem a retrocessos, tanto nas nas liberdades democráticas, duramente conquistadas pela sociedade, como também nos avanços sociais e econômicos dos últimos anos.
Foi para esta maioria silenciosa, não radicais, que os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, falaram em entrevista coletiva, no noite do domingo.
Reconheceram a óbvia normalidade de protestos pacíficos com os quais qualquer democracia estável e livre deve saber conviver, e pegaram o gancho no principal apelo dos manifestantes, a corrupção, para defender o que sempre defenderam: uma reforma política em que empresas financiarem campanhas eleitorais sejam terminantemente proibido – e esta é a principal raiz da corrupção.
Quem é contra a corrupção? Todos os brasileiros o são, é claro. A não ser aqueles que não têm escrúpulos.
E é aí que vemos o cinismo de algumas lideranças políticas da oposição e empresariais: gente envolvida em denúncias de crimes, alguns escandalosos, mas "batendo panelas contra a corrupção".
Até mesmo os empresários de mídia, com seus editoriais e colunistas esbravejando contra a corrupção, fizeram uma espécie de "auto-delação premiada" em seus próprios jornais e portais na sexta-feira, antecipando que tiveram contas secretas no HSBC suíço.
Assim, mesmo das manifestações planejadas com fins golpistas, as forças políticas e da sociedade civil que querem um ambiente político mais representativo dos anseios populares, e menos do poder econômico, podem fazer do limão a limonada.
Praticamente ninguém sensato acredita na ladainha de que o país vai melhor apenas e simplesmente derrubando só a presidenta. As mazelas políticas que vão das Câmaras de Vereadores até o Congresso Nacional, começam com empreiteiras, bancos e outras empresas financiando quem é eleito. Na melhor das hipóteses, os honestos ficam devendo favores, limitando sua independência na hora de legislar contra os interesses das empresas que os financiaram. E na pior das hipóteses, há a eleição proposital de corruptos, que colocam seus mandatos a serviço das empresas que lhes dão dinheiro, e não a serviço de seus eleitores.
A grande maioria da nação, silenciosa ou barulhenta, compreende facilmente essa situação se tiver acesso ao debate e a explicações claras. Se todos os agentes políticos, desde a presidenta da República até o cidadão militante, mostrarem insistentemente ao eleitor que misturar dinheiro de banco e empreiteira com atividade política é raiz, tronco e frutos da corrupção, a proibição do financiamento de campanhas eleitorais por empresas vira clamor popular.
Contraponto 16.316 - "O jornal de hoje embrulha o estômago do amanhã"
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17/03/2015
O jornal de hoje embrulha o estômago do amanhã
Tijolaço - 16 de março de 2015 | 22:53 Autor: Fernando Brito
Fernando Brito
Há, entre os jornalistas, um ditado para que aprendamos a perder a vaidade de vermos nosso texto
impresso, nosso nome publicado no papel: “o jornal de hoje embrulha o peixe de amanhã”, coisa do tempo em que haviam peixarias e as pobres corvinas, pescadas e anchovas eram envoltas em discursos de políticos, crimes bárbaros ou partidas de futebol da véspera.
Os fatos passam, as manchetes perdem o sentido, os personagens desbotam sua importância, como o tempo a tudo descolore.
Há, porém, uma exceção: a história.
Volta e meia ela se repete, disse há século e meio um barbudo alemão – que alguns neuróticos acham ter renascido em Garanhuns e querem pôr em cana – que como farsa, depois de terem sido tragédias.
A imagem que posto, que o pessoal do Política no Face espalhou nas redes sociais com as capas, quase iguais, das edições de O Globo de hoje e de pouco antes do Golpe de 1964 é um destes casos.
Meio século depois, é inescondível o sentido desta semelhança.
Jango, como Dilma, tinha ainda o frescor da legitimidade eleitoral, embora já se aproximando do último ano de seu mandato, porque havia sido, um ano antes, restituído de seus poderes pelo plebiscito de janeiro de 1963, que venceu com incríveis 82% dos votos.
Um ano depois, estava, pela imprensa dominante – jornais e rádios, bem como pela nascente televisão – transformado em alguém frágil, que se dedicava a um projeto de “república sindicalista”, uma versão pré-história deste bolivarianismo que repetem, sem saber o que é, tanto quando não sabiam – e ninguém nunca soube – o que seria a tal república dos sindicatos.
Soubemos bem, porém, o que veio depois que São Paulo pôs-se “de pé pela democracia”.
A ditadura. As cassações, as perseguições, as mortes, os livros queimados, as pessoas caladas.
Ruas desertas e o único humor que se fazia era o de não se achar nada, pois dizia-se que “o último que achou, ainda não acharam”.
Os jornais de hoje, tomara, só embrulhem o peixe de amanhã.
Mas já embrulham o estômago de uma geração que cresceu sob a sombra, sob o medo e que, de prêmio, só ganhou o direito de ser eternamente prisioneira do sentimento de liberdade e de democracia.
A intervenção militar “provisória” durou de meus cinco anos até os 32, até que, num dia 1989, não pude votar para Presidente, porque dei este maravilhoso direito a minha filha, uma menina de nove anos, para que ela marcasse um xis na folha de papel.
As duas capas de O Globo são, espero eu, antes farsa que tragédia.
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Contraponto 16.315 - "O futuro da Petrobrás segundo os interesses internacionais, por Marco Aurélio Cabral Pinto"
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17/03/2015
O futuro da Petrobrás segundo os interesses internacionais, por Marco Aurélio Cabral Pinto
Jornal GGN - ter, 17/03/2015 - 16:39
Artigo do Brasil Debate
Marco Aurélio Cabral Pinto
Se há algo de enigmático na atual conjuntura econômico-política brasileira é o fato de a Petrobrás ter sido “aceita” pelo complexo petrolífero mundial como empresa-líder na exploração de petróleo em grande escala no Atlântico Sul.
Deve-se lembrar que o negócio do pré-sal foi “descoberto” por brasileiros (Petrobrás), mediante aceitação de riscos de todas as ordens, inclusive tecnológico.
A partir da “descoberta”, houve discussão sobre a nacionalidade das águas onde se assentam as reservas minerais. Em princípio, liderados pelos EUA, europeus “aceitaram” tacitamente o território como brasileiro e permitiram às instituições do País legislar sobre a exploração. Poderia ter sido diferente, mas o Brasil se ofereceu como necessário para ancoragem de infraestrutura on-shore para manutenção, reparo, transbordo etc.
Em desfecho favorável para contencioso internacional de longa data, a legitimação da “propriedade do mar” em favor dos brasileiros permitiu aos brasileiros (Petrobrás) coordenação dos interesses das grandes petroleiras internacionais no bolo do pré-sal. Mais uma vez a negociação favoreceu o País, mantendo-se a Petrobrás como holding nos principais campos de operação.
Esta posição permitirá ao sistema aproveitar instalações da Petrobrás atualmente disponíveis, as quais constituem a maior parte do parque de exploração, refino, transporte e distribuição de hidrocarbonetos no País. Permitirá ainda estabelecimento de responsabilidade nos consórcios, reservando-se aos brasileiros liderança tecnológica e inversões de grande monta em capital fixo. Ou seja, o resultado do leilão de Libra representa celebração de associação internacional supostamente duradoura e abrangente.
O fato de os EUA não terem participado diretamente na exploração do campo de Libra apenas reforça a hipótese de que há delegação de responsabilidade aos brasileiros (Petrobrás) para que o pré-sal seja incorporado ao planejamento macroenergético global (China e Europa, principalmente). Há razões para que a Europa e a China encontrem no Atlântico-Sul suprimento seguro de energia – em caso de conflito militar amplo no Oriente Médio, nem China nem Europa seriam pressionadas por falta de produção própria.
Dessa maneira, o cronograma de cumprimento dos investimentos no pré-sal não pode atrasar indefinidamente, de maneira a permitir encadeamento com investimentos globais realizados pelos novos entrantes do setor no País. Atrasos demasiados podem prejudicar interesses do Estado norte-americano no Oriente Médio em médio prazo.
O objetivo deste artigo é analisar o aparente paradoxo estabelecido entre a associação internacional recentemente firmada e a crise política montada para prejudicar a participação brasileira no pré-sal.
Contra os interesses do complexo petrolífero internacional
Dois aspectos incomodam a indústria de petróleo internacional. O primeiro trata do grau de verticalização da Petrobrás, que compreende segmentos rentáveis como logística (Transpetro) e canais de distribuição (BR Distribuidora) e, portanto, encontra-se com “reservas de mercado” que elevam barreiras de entrada das petroleiras internacionais no mercado brasileiro de energia.
Esta é uma questão importante face às margens do segmento, que giram em torno de 40% na comercialização de combustíveis e derivados, adicionando-se valor e provendo escoamento para a atividade de refino.
O segundo é a exigência de conteúdo nacional mínimo nas licitações realizadas pelos brasileiros (Petrobrás). Ainda que as regras de conteúdo mínimo venham sendo burladas mediante “maquiladoras” que apenas realizam montagem final no País, a simples especificação de equipamentos pelos brasileiros já favorece a indústria nacional em detrimento de outros arranjos de assembling-outsourcing disponíveis aos demais petroleiros internacionais.
Se a desvalorização do Real é inevitável, boa parte dos custos do setor encontram-se indexados ao dólar. Desta maneira, há pouco espaço para substituição de importações de maneira “natural ou espontânea”, sem indução ativa do Estado. Ingredientes como tecnologias proprietárias demandam investimentos arriscados em projetos de produto e processos, a serem compartilhados por toda a cadeia produtiva de bens de capital para o setor.
O que querem os banqueiros?
O Golpe Civil instituído no Brasil após as eleições presidenciais restabeleceu políticas macroeconômicas neoliberais favoráveis aos interesses financeiros internacionais.
A percepção de que o Brasil encontra-se insolvente em dólares (o rombo em transações correntes será de cerca de US$ 80 bilhões em 2015) levou os banqueiros internacionais a concertarem ataque via grande imprensa sobre os grandes grupos nacionais de engenharia, responsáveis e principais beneficiários das políticas públicas nos últimos cerca de 10 anos.
A reversão do ciclo de investimentos públicos em infraestrutura ocorreu no momento em que as principais obras de energia e logística foram equacionadas. Completado o ciclo de investimentos para o grande capital exportador, a continuidade dos investimentos se deslocaria para melhoria devida dos mais pobres nas cidades brasileiras (transporte, educação, saúde, iluminação pública, saneamento etc).
O aumento nos juros deve-se assim não ao combate contra a inflação, mas para atração de capital financeiro de curto prazo. Adicionalmente, o plano parece ser o de recuperar a bolsa de valores brasileira mediante reinauguração de novo cronograma de venda de ativos públicos. A repetição das políticas adotadas durante a década de 1990 não é mera coincidência. Acontece que a agenda agora avançará sobre a Caixa Econômica Federal, a Petrobrás e a Eletrobrás.
No caso das duas últimas, propõe-se venda de controle nas subsidiárias, com abertura de capital, e preservação de controle público nas holdings, que assumiriam parcela do negócio mais arriscada e menos rentável. Com isso, seriam gerados substanciais recursos para o Tesouro em decorrência de pagamento de dividendos, sem que houvesse qualquer tipo de gestão nacionalista (conteúdo nacional ou verticalização).
O aumento nas taxas de juros e o aperto fiscal irão gerar desemprego, porém isso é exatamente o esperado pelos tecnocratas financeiros. A hipótese confessa é que os salários são os principais responsáveis pela inflação brasileira. Com isso, pretende-se diminuir o poder de barganha dos sindicatos com aumento no desemprego, levando-se a barateamento de custos principalmente para o grande capital. O efeito colateral é a diminuição do consumo, das importações e, portanto, colaborar para o “ajuste” nas transações correntes.
Naturalmente, a tecnocracia que ocupou o núcleo de poder da República não responde às urnas, nem é preciso. A mídia de massas foi poderosamente mobilizada em defesa do golpe, reforçando-se denúncias, aprofundando e aumento a abrangência de crise política.
Conclusões e proposta
Aos interesses internacionais do Petróleo há razões para desmontagem tanto dos requisitos de nacionalidade da produção de bens de capital, quanto na desverticalização da Petrobrás, com aquisição de ativos de logística (Transpetro) e distribuição (BR Distribuidora).
Há, portanto, razões para convergência entre os interesses internacionais do petróleo e da banca. Esta promoverá a venda de ativos em energia no Brasil e o complexo petrolífero internacional será comprador.
De outro lado, os brasileiros, apoiados nos únicos remanescentes entre os principais grupos empresariais nacionais, encontram-se sem meios para sustentação das políticas que promoveram distribuição de riqueza. Feridas de morte, as principais empresas públicas encontram-se igualmente paralisadas e excessivamente endividadas, sem condições de levar adiante os investimentos para a retomada da industrialização no país.
Caminho diverso se oferece ao Governo eleito como artifício para preservação do interesse dos brasileiros. Há a possibilidade de oferta pública para recompra de ações pelo Tesouro Nacional (BNDES, BB) da Petrobrás, seguida de fechamento de capital. Aproveitando-se do baixíssimo preço alcançado nos pregões bursáteis, o governo eleito pode realizar chamada pública para todo o capital da empresa por menos que 20% de prêmio sobre os preços praticados no mercado.
Conforme se pode perceber na Tabela 1, a composição do capital da Petrobrás em poder do setor privado monta 7,05 bilhões de ações. Caso o preço de compra a ser anunciado seja de R$12 (20% acima dos R$10 recentemente observados), o tesouro teria que desembolsar cerca de R$ 85 bilhões para adquirir a parcela das ações em poder do “mercado”.
Para que a operação seja viável economicamente para o Tesouro, bastaria que o preço das ações subisse em cerca de R$ 6,00, alcançando-se cerca de R$ 18,00, bastante abaixo dos preços-alvo definidos pelos próprios bancos de investimento antes do Golpe Civil (R$ 25,00 por ação).
Em resumo, o Tesouro Nacional poderia, nesta alternativa, não apenas restabelecer as propostas vencedoras nas urnas como também viabilizar futuros superávits primários.
Apesar disso, esta alternativa não parece viável mediante os riscos (“quase certeza”) de fuga dos capitais de curto-prazo, em resposta a ações de afirmação da soberania nacional e em defesa da renda e do emprego dos brasileiros.
Considerando-se que o Congresso Nacional também tenha sido subjugado pelo Golpe Civil, a manutenção da ameaça a impedimento do Governo eleito já parece suficiente para inibir a solução desejada pelo País.
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Contraponto 16.314 - "PML: agressão a políticos é uma herança do fascismo"
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17/03/2015
PML: agressão a políticos é uma herança do fascismo
Brasil 247 - 17 de Março de 2015 às 16:30
Mesmo aliado dos protestos contra o governo Dilma,
o deputado federal Paulo Pereira da Silva, conhecido como Paulinho da
Força, "foi tratado de forma humilhante" na manifestação do último
domingo, relembra Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília;
episódio semelhante aconteceu contra um dos principais líderes do PSDB,
Aloysio Nunes, hostilizado por movimentos que têm ligações com tucanos;
"Um número considerável de cidadãos tem comemorado o tratamento
agressivo recebido pelos políticos que compareceram aos protestos de
domingo", escreve o jornalista, que chama o fato de "sinal preocupante e
condenável"; citando Hitler e Mussolini, PML acrescenta que, "do ponto
de vista histórico, o tratamento agressivo contra os políticos —
inclusive aliados — é uma herança do fascismo"
Contraponto 16.313 - "Vire à esquerda, presidenta"
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17/03/2015
Vire à esquerda, presidenta
Eduardo Guimarães
Olhando as ondas humanas que engolfaram as ruas do Brasil no último domingo, a impressão que se tem é a de que o país é hoje todo de direita. Porém, não é bem assim. Essas manifestações não contaram com movimentos populares como de mulheres, homossexuais, negros etc., que, via de regra, costumam estar presentes em grandes atos públicos.
O site da BBC Brasil também contraria essa percepção de que o Brasil “endireitou”. O que constata a empresa jornalística de matriz britânica é, ipisis-litteris, o mesmo que foi dito nesta página no post anterior: tratou-se de um protesto da dita “elite branca”.
Para chegar a essa conclusão, a BBC Brasil fez um apanhado do que opinaram grandes veículos da imprensa internacional. Vejamos o que foi dito.
“Centenas de milhares de brasileiros predominantemente brancos e de classe média tomaram as ruas ontem [15/3] para pedir o impeachment da presidente e, alguns, um golpe militar”, publicou o britânico The Guardian.
Já o espanhol El País noticiou, na capa do periódico, que “os protagonistas das marchas pertencem às classes médias mais educadas“.
No insuspeito argentino Clarín, destacou-se que o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP) foi “o único que levou grande número de manifestantes que não são nem brancos nem ricos para a manifestação“. Mas o jornal destacou que Paulinho foi hostilizado pelos manifestantes, pois estes têm ojeriza a trabalhadores e sindicalistas.
Se restasse alguma dúvida do caráter de ultradireita dessa manifestação, bastaria verificar que os motivos militares com pregações de golpe de Estado a la 1964 foram aceitos sem maiores problemas nessas manifestações.
Além disso, segundo o instituto Datafolha 82% dos participantes desses protestos votaram em Aécio Neves na eleição presidencial do ano passado.
Esses dados são mais do que suficientes para que a presidente Dilma e seu estafe se convençam de que não adiantará se ajoelharem no altar dos adversários e, sobremaneira, da ultradireita que manteve este país prisioneiro durante duas décadas, sem poder se manifestar eleitoralmente.
O que acontece é que a maioria que elegeu o atual governo está desmotivada, calada, acuada e, em grande parte, decepcionada, de modo que não aderiu aos protestos levados a efeito pela Central Única dos Trabalhadores dois dias antes do protesto reacionário.
Dilma assumiu seu segundo mandato com uma agenda destinada a pacificar o “outro lado”, ou seja, aqueles que derrotou em 26 de outubro do ano passado. Não funcionou. Na abertura da atual Legislatura, o candidato derrotado no segundo turno, Aécio Neves, deu a senha. A grande mídia, idem. Não estavam – e não estão – dispostos a aceitar o resultado da eleição.
Dilma também buscou fazer um agrado ao capital ao nomear como ministro da fazenda um Armínio Fraga “fake”, ou seja, uma cópia “light” daquele que Aécio anunciou, durante a campanha eleitoral, que seria o seu ministro da economia.
Dilma chegou a dizer, durante a campanha eleitoral de 2014, que ajustes na economia seriam necessários, mas não os especificou. E muito menos explicou que, devido às políticas anticíclicas que adotou para que os brasileiros não sentissem a crise internacional, as contas públicas foram se desajustando, o que fez os investidores se retraírem.
Como esta página vem explicando desde o “day after” das eleições, sem investimentos privados o Brasil não cresce. Ora, as contas públicas, tanto quanto as privadas, sofrem reajustes.
Assim como aumentam a escola dos filhos ou o aluguel, as despesas do Estado sofrem reajustes. Se o país não cresce, o governo, assim como o cidadão, tem que recorrer ou à poupança ou ao “cheque especial”.
Ao longo dos últimos quatro anos, o governo federal tratou de impedir que a crise internacional afetasse os brasileiros gastando acima do que arrecadava em impostos e por outros meios.
O resultado é que há uma conta que chega a 100 bilhões de reais (dívida no “cheque especial”), o que nem chega a ser muito para um país cujo PIB beira os 5 trilhões e que tem quase 400 bilhões de dólares de reservas cambiais, mas, para quem decide se vai investir, o fato de o país estar “no vermelho” inibe essa decisão de investimento.
O fato é que a política econômica de Dilma está correta. É possível fazer esse ajuste sem grandes sacrifícios. Porém, a presidente não levou em conta a política. Não imaginou que a oposição e a mídia não aceitariam o resultado da eleição.
O grande erro de Dilma foi não preparar o povo e as forças políticas de esquerda que a apoiaram no segundo turno para o ajuste fiscal. Deixou de lado quem trabalhou por sua reeleição e foi afagar aqueles que a cada afago respondem com um chute na canela ou, como no domingo, com um soco no rosto.
Se os protestos de sexta-feira 13 tivessem sido em favor da presidente e atraíssem a sociedade civil em grande número, teriam anulado os protestos de domingo e ficaria tudo na mesma. O problema é que inúmeras entidades de esquerda nem deram as caras e os cidadãos progressistas, salvo raras exceções, ficaram em casa.
Isso sem falar que o ato da CUT continha críticas ao governo…
Ainda no domingo, com as ruas do país ainda tomadas pelos tarados de ultradireita que saíram protagonizando cenas que lembram a ascensão do nazismo na Alemanha, ministros de Dilma deram declarações de “humildade” e ensaiaram uma tentativa de diálogo com as massas revoltadas. Na segunda-feira, a própria Dilma pediu compreensão.
Tudo perda de tempo. A presidente colheu mais panelaços enquanto contemporizava na TV.
É impossível contemporizar com aqueles que fizeram bonecos de pano simulando a presidente da República e seu antecessor e os penduraram pelos pescoços em viadutos, sugerindo linchamento físico de ambos.
O que resta a Dilma é a esquerda (do centro à extremidade). Esse setor foi majoritário na eleição de 2014, bastando para reelegê-la – ainda que parte do eleitorado que reconduziu a presidente ao poder não tenha ideologia, mas medo de perder tudo que conquistou nos últimos 12 anos.
Em vez de Dilma ficar afagando quem não quer seus afagos e, sim, o seu sangue – em alguns casos, literalmente – deve tentar – ao menos tentar – um diálogo com a esquerda.
Claro que o grande problema da esquerda é o mais absoluto desconhecimento de economia e de administração pública, até porque quem administra a coisa pública desde de sempre, neste país, é a direita – seja mais moderada, seja mais radical.
Porém, se Dilma chamar as lideranças de movimentos sociais e partidos de esquerda para o diálogo, pode tentar conseguir apoio que lhe permitirá governar e que evitará, para a própria esquerda, que seja dizimada pelo conclave reacionário de ultradireita que vai se formando.
O que Lula, Dilma e o PT têm que tentar é fazer a esquerda pensar no “day after”, ou seja, dizer a movimentos sociais, sindicais e partidos se já refletiram sobre o que sobrevirá caso ela seja derrubada ou mesmo se tiver que governar por quatro anos como uma marionete, cedendo a tudo que a ultradireita neoliberal quiser.
Mais: há que propor uma agenda progressista a partidos, sindicatos, movimentos sociais e mesmo aos cidadãos com pensamento de esquerda. Uma agenda a ser implementada conforme a situação político-econômica se estabilizar.
O que vai exposto acima não chega a ser o melhor dos planos, mas, no entender deste blogueiro, é o que há para hoje. Antes de começar redecorar a casa incendiada, há que apagar o incêndio. E fazer afagos na direita, no momento, equivale a jogar gasolina nesse incêndio. Quanto mais Dilma falar para essa gente, mais furiosa ela vai ficar.
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segunda-feira, 16 de março de 2015
Contraponto 16.312 - " Dilma diz que Brasil 'nunca mais' terá ditadura"
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16/03/2015
Dilma diz que Brasil “nunca mais” terá ditadura
Brasil 247 - 26/03/2015
Presidente defendeu, em pronunciamento, as
manifestações realizadas neste domingo e afirmou que "valeu lutar pela
liberdade"; "Presto homenagem a todos os que lutaram contra o regime de
exceção e pela democracia e pelo restabelecimento das liberdades
democráticas", disse Dilma, acrescentando que teve a "honra de
participar da resistência à ditadura"; segundo ela, "nunca mais no
Brasil vamos ver pessoas que, ao manifestarem sua opinião, seja contra
até a presidenta, possam sofrer consequências" no País; em entrevista
coletiva, ela também defendeu os ajustes econômicos e repudiou "aqueles
que acreditam no quanto pior, melhor"; "Criamos empregos enquanto lá
fora havia 60 milhões de desempregados"; Dilma anunciará ainda essa
semana novas medidas contra a corrupção
Contraponto 16.313 - "A MARCHA DOS HIPÓCRITAS"
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16/03/2014
A MARCHA DOS HIPÓCRITAS
Leandro Fortes. no Facebook em 16/03/2015
A MARCHA DOS HIPÓCRITAS
Leandro Fortes
Primeiro, vamos combinar uma coisa: se você votou em Aécio Neves, nas eleições passadas, você não está preocupado com corrupção.
Você nem liga para isso, admita.
Aécio usou dinheiro público para construir um aeroporto nas terras da
família dele e deu a chave do lugar, um patrimônio estadual, para um
tio.
Aécio garantiu o repasse de dinheiro público do estado de Minas Gerais, cerca de 1,2 milhão reais, a três rádios e um jornal ligados à família dele.
Isso é corrupção.
Então, você que votou em Aécio, pare com essa hipocrisia de que foi às ruas se manifestar porque não aguenta mais corrupção.
É mentira.
Você foi à rua porque, derrotado nas eleições passadas, viu, outra vez, naufragar o modelo de país que 12 anos de governos do PT viraram de cabeça para baixo.
Você foi para a rua porque, classe média remediada, precisa absorver com volúpia o discurso das classes dominantes e, assim, ser aceito por elas.
Você foi para a rua porque você odeia cotas raciais, e não apenas porque elas modificaram a estrutura de entrada no ensino superior ou no serviço público.
Você odeia as cotas raciais porque elas expõem o seu racismo, esse que você só esconde porque tem medo de ser execrado em público ou nas redes sociais. Ou preso.
Você foi para a rua porque, apesar de viver e comer bem, é um analfabeto político nutrido à base de uma ração de ódio, intolerância e veneno editorial administrada por grupos de comunicação que contam com você para se perpetuar como oligopólios.
Foram eles, esses meios de comunicação, emprenhados de dinheiro público desde sempre, que encheram a sua alma de veneno, que tocaram você como gado para a rua, com direito a banda de música e selfies com atores e atrizes de corpo sarado e cabecinha miúda.
Não tem nada a ver com corrupção. Admita. Você nunca deu a mínima para corrupção.
Você votou em Fernando Collor, no PFL, no DEM, no PP, em Maluf, em deputados fisiológicos, em senadores vis, em governadores idem.
Você votou no PSDB a vida toda, mesmo sabendo que Fernando Henrique comprou a reeleição para, então, vender o patrimônio do país a preço de banana.
Ainda assim, você foi para a rua bradar contra a corrupção.
E, para isso, você nem ligou de estar, ombro a ombro, com dementes que defendem o golpe militar, a homofobia, o racismo, a violência contra crianças e animais.
Você foi para a rua com fascistas, nazistas e sociopatas das mais diversas cepas.
Você se lambuzou com eles porque quis, porque não suporta mais as cotas, as bolsas, a mistura social, os pobres nos aeroportos, os negros nas faculdades, as mulheres de cabeça erguida, os gays como pais naturais.
Você odeia esse mundo laico, plural, multigênero, democraticamente caótico, onde a gente invisível passou a ser vista – e vista como gente.
Você foi não foi para a rua pedir nada.
Você só foi fingir que odeia a corrupção para esconder o óbvio.
De que você foi para a rua porque, no fundo, você só sabe odiar.
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Aécio garantiu o repasse de dinheiro público do estado de Minas Gerais, cerca de 1,2 milhão reais, a três rádios e um jornal ligados à família dele.
Isso é corrupção.
Então, você que votou em Aécio, pare com essa hipocrisia de que foi às ruas se manifestar porque não aguenta mais corrupção.
É mentira.
Você foi à rua porque, derrotado nas eleições passadas, viu, outra vez, naufragar o modelo de país que 12 anos de governos do PT viraram de cabeça para baixo.
Você foi para a rua porque, classe média remediada, precisa absorver com volúpia o discurso das classes dominantes e, assim, ser aceito por elas.
Você foi para a rua porque você odeia cotas raciais, e não apenas porque elas modificaram a estrutura de entrada no ensino superior ou no serviço público.
Você odeia as cotas raciais porque elas expõem o seu racismo, esse que você só esconde porque tem medo de ser execrado em público ou nas redes sociais. Ou preso.
Você foi para a rua porque, apesar de viver e comer bem, é um analfabeto político nutrido à base de uma ração de ódio, intolerância e veneno editorial administrada por grupos de comunicação que contam com você para se perpetuar como oligopólios.
Foram eles, esses meios de comunicação, emprenhados de dinheiro público desde sempre, que encheram a sua alma de veneno, que tocaram você como gado para a rua, com direito a banda de música e selfies com atores e atrizes de corpo sarado e cabecinha miúda.
Não tem nada a ver com corrupção. Admita. Você nunca deu a mínima para corrupção.
Você votou em Fernando Collor, no PFL, no DEM, no PP, em Maluf, em deputados fisiológicos, em senadores vis, em governadores idem.
Você votou no PSDB a vida toda, mesmo sabendo que Fernando Henrique comprou a reeleição para, então, vender o patrimônio do país a preço de banana.
Ainda assim, você foi para a rua bradar contra a corrupção.
E, para isso, você nem ligou de estar, ombro a ombro, com dementes que defendem o golpe militar, a homofobia, o racismo, a violência contra crianças e animais.
Você foi para a rua com fascistas, nazistas e sociopatas das mais diversas cepas.
Você se lambuzou com eles porque quis, porque não suporta mais as cotas, as bolsas, a mistura social, os pobres nos aeroportos, os negros nas faculdades, as mulheres de cabeça erguida, os gays como pais naturais.
Você odeia esse mundo laico, plural, multigênero, democraticamente caótico, onde a gente invisível passou a ser vista – e vista como gente.
Você foi não foi para a rua pedir nada.
Você só foi fingir que odeia a corrupção para esconder o óbvio.
De que você foi para a rua porque, no fundo, você só sabe odiar.
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Contraponto 16.311 - "PML: protestos não buscam reivindicações, mas poder"
Brasil 247 - 16 de Março de 2015 às 12:06
"É curioso reparar que faixas que propõem rupturas
institucionais e ataques ao regime democrático puderam ser exibidas à
luz do dia sem causar estorvo ou constrangimento", escreve Paulo Moreira
Leite, diretor do 247 em Brasília; jornalista diz que "protestos desse
tamanho, com esse grau de articulação e especialmente com este conteúdo,
não buscam reivindicações específicas. Buscam o poder, disputam o
Estado"; PML afirma ainda que "a constante referência à 'intervenção
militar' e outras variações anunciam abertamente uma tentativa de
reverter o processo democrático" e "o esforço para vestir os protestos
com símbolos nacionais - como camisas da seleção brasileira - envolve um
tipo peculiar de nacionalismo, que pouco tem a ver com o legítimo
sentimento de amor e defesa de um país"
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