Ninguém deve ter tirado votos dos outros a ponto de mexer muito no atual quadro.
É bem provável que Dilma tenha recuperado os votos que, dizem, havida perdido.
Ninguém se sobressaiu muito perante os indecisos.
Nesse contexto, melhor para Dilma, por ser a candidata que representa a continuação do governo Lula. Basta um indeciso não ver uma clara vantagem nos outros candidatos, que é grande a chance dele votar em Dilma.
Dilma ganhou no conteúdo e na mensagem. Não cometeu nenhum deslize, neutralizou bem as investidas de Marina, e passou sua mensagem propositiva como nenhum adversário conseguiu.
Serra foi o candidato do contra, e derrapou feio quando deu "coice" em Marina
Serra não foi tão mal como das outras vezes, mas foi mal. Foi o candidato errado na hora errada. Ao fazer oposição sistemática à um governo que só 4% reprovam, quanto melhor seu desempenho como opositor, pior seu desempenho nas urnas.
Como Serra e seus marqueteiros sabem disso, deve ter sido um gesto calculado de desespero, tipo tudo ou nada: deve acreditar que já não tem mais votos a perder, e que só resta agora tentar tirar votos de Dilma, mesmo que vá para Marina, Plínio ou seja lá quem for.
O erro de cálculo de Serra pode ser o eleitor indeciso enxergar Dilma como vítima de um ardil. Serra usou e abusou de criticá-la de forma desleal, escolhendo Marina ou Plínio para perguntar, e criticando Dilma na réplica. Errou a mão, deu para o telespectador perceber o jogo desleal e trapaceiro, porque ele não escolhia perguntar para Dilma, e ficava criticando ela pelas costas, quando ela não podia se defender.
Serra também sofre o problema de mentir, o que é percebido sobretudo pelos paulistas: quando critica o governo federal em temas como saúde, segurança, falta de moradias, catástrofes, metrô, transporte, funcionalismo, e diz que vai resolver tudo isso no Brasil inteiro, perde eleitores em São Paulo, porque sua gestão como governador e prefeito, deixou muito a desejar em todas essas áreas. O paulista sabe das promessas não cumpridas dele como prefeito e governador, e que não terá como cumprir como presidente.
Além disso, ele perde eleitores mais esclarecidos ao mentir, quando criticou tarifas como de telefone, cujas agências reguladoras apenas conferem o reajuste, porque o índice foi determinado no contrato de concessão durante as privatizações, até que se renove as concessões.
Por fim teve um momento acima do tom, quando distribuiu um coice em Marina, ao dizer “Não use sua régua pra medir os outros”... porque não gostou da pergunta de Marina questionando ele por só agora defender o bolsa-família, quando os tucanos e o DEMos tem um histórico de criticar o programa.
Enfim, Serra deve ter sido quem mais perdeu votos.
Dilma levou a melhor contra Marina e foi a mais propositiva
Dilma duelou contra 3, mas os 3 não tinham munição suficiente para abalá-la. E ainda pode ter tirado vantagem do fato, por ter ficado na posição de vítima de um linchamento.
Quando Serra, Marina e Plínio perguntaram entre si, Serra atacou Dilma sistematicamente sem que ela tivesse direito de se defender. Marina e Plínio, algumas vezes, entraram nesse jogo.
Apesar dessa desvantagem numérica, Dilma se saiu bem. De novo, quando teve a palavra, fixou-se na agenda positiva do governo, defendendo o "Minha Casa, Minha Vida", o PAC, a geração de empregos, as ferrovias, os programas sociais, as UPP's. Foi a candidata que deu mais motivos a um eleitor para votar nela.
Ela foi muito feliz logo na primeira pergunta.
Marina perguntou sobre o trabalho informal.
Dilma fez a festa, falando dos recordes de empregos gerados no governo Lula, em torno de 15 milhões até o final do ano, e destacou também aumento do crédito durante o governo Lula e o combate à crise. Fez um golaço.
Marina perdeu um pouco o rumo, e tentou dar uma de jornalista do PIG, dizendo que ela não respondeu (respondeu sim, pois geração de empregos formais é a solução da informalidade), e Marina foi pior na réplica ao defender, ainda que disfarçadamente, o discurso neoliberal de seu vice, de que é preciso sacrificar direitos trabalhistas para "facilitar a contratação".
Dilma defendeu a manutenção dos direitos trabalhistas, e o crescimento para continuar gerando empregos. Fez outro golaço.
Em outros embates com Marina, Dilma também foi bem ao falar em soluções práticas, concretas, para problemas reais da população. Era uma forma de denunciar o discurso rebuscado de transversalidade de Marina (que agrada muita gente), mas desinformado e vazio de respostas que os brasileiros precisam para seus problemas.
Ao responder Plínio sobre partidos e transparência nas doações de campanha, disse: "Nós registramos todas as doações, que são oficiais na minha campanha, todas elas, no Tribunal Superior Eleitoral".
A platéia riu, e Dilma deu uma resposta brilhante, de improviso:
"E gostaria de deixar claro que todas as doações são oficiais. Lamento os risos de quem tem outras práticas. A minha não é essa".
Marina: fixação em princípios e desinformação
Marina apostou mais na imagem do que no conteúdo. De certa forma ela consegue fazer o que Serra tentou a campanha inteira: angariar votos apenas com a imagem pessoal, numa espécie de populismo sustentável.
Diversificou o discurso para além dos temas ambientais (apesar de sempre recorrer à eles quando não tinha respostas), e usou e abusou do artifício de falar rebuscado, falando apenas em princípios, mas apostando na desinformação sobre logística, PAC, ferrovias, sem propostas de governo. Talvez impressione desavisados, mas perde consistência entre eleitores bem informados e que estão interessados em respostas para os assuntos abordados.
Marina deve ter tirado votos de Serra, mas não deve ter tirado votos de Dilma, pelo contrário. É mais fácil que Dilma tenha tirado votos de Marina, porque nos embates diretos entre as duas, Dilma saiu-se melhor, e apresentou respostas ao eleitor.
Plínio foi Plínio
Plínio foi melhor do que no debate anterior, e se aproximou do desempenho dos primeiros debates, abdicando das piadas. Fugiu do populismo denuncista que usou no último debate, e foi bastante ideológico, fiel a seu eleitorado. Fez um bonita consideração final. Mas deve ter ficado com seu mesmo eleitorado fiel que já tinha.
Quem não viu os outros debates, pode ter uma percepção um pouco diferente, ao ver os candidatos debatendo pela primeira vez, mas não deve fugir muito desta visão que tivemos.
Em tempo: Dilma pouco citou o presidente Lula, e muita gente deve achar que foi um erro. Não foi. Acredito que pesquisas devem atestar que todo mundo já sabe que ela é a candidata dele. Então passa a ser mais importante realçar ela mesma.
Um comentário:
eu assisti o debate nao e bem assim posso ver que voce ja tem candidato e este a e a dilma,eu como ainda estou em duvida nao vi vitoria da dilma
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