Haverá fartura de análises sobre o debate entre os candidatos a presidente na Globo. Cada analista puxará a sardinha para o seu candidato de forma mais ou menos explícita. Tais análises, porém, não serão mais do que meramente subjetivas ou parciais.
O que ocorre é que, devido às estratégias dos dois candidatos melhor colocados nas pesquisas de fugirem um do outro, qualquer afirmação peremptória sobre quem se saiu melhor em uma disputa em que ambos jogaram na retranca será de uma absoluta inutilidade.
Em benefício do meu leitor, portanto, tentarei lhe oferecer análise menos pastosa sobre o que aconteceu na noite de ontem, madrugada de hoje.
Um ponto pacífico é o de que um debate modorrento e tedioso em que ninguém brilhou – por falta de coragem de Dilma e de Serra de se enfrentarem ou por falta de capacidade de Marina e de Plínio de enfrentarem os adversários – tende a favorecer quem está na frente.
Dilma esteve mais segura do que nos outros debates. Enfrentou serenamente os tucanos da platéia quando deram uma gargalhada depois de ela dizer que as doações de sua campanha são todas oficiais – respondeu que lamentava o riso de quem faz diferente, quanto a doações.
Esse talvez tenha sido o ponto alto do debate, o que dá a dimensão de sua pobreza.
Apesar de o desempenho de Dilma ter sobressaído naquele momento, não posso deixar de dizer que ela e Serra furtarem do eleitor um debate direto entre eles mostrou que a coragem é a primeira vítima das estratégias medrosas dos marqueteiros.
Em minha opinião, portanto, como nenhum dos contendores ganhou ou perdeu nada com o debate, ficou tudo como estava. E quem ganha com isso, parece-me óbvio.
A covardia forjada pelos marqueteiros de uns ou a incompetência dos ataques sem conteúdo de outros contrastaram com a postura heróica exibida ontem por um homem público. Pena que ele não seja brasileiro.
O presidente do Equador, Rafael Correa, expôs a própria vida a risco ao enfrentar golpistas armados até os dentes com as seguintes palavras:
“Se quiserem matar o presidente, aqui estou. Matem-me se tiverem vontade, matem-me se tiverem poder, matem-me se tiverem coragem ao invés de ficarem covardemente escondidos na multidão. Se quiserem destruir a pátria, aí está! Mas o presidente não dará nem um passo atrás“.
Foi alvejado com gás lacrimogênio, com pedras, garrafas e permaneceu ali, um gigante. E não usou as forças militares leais a si a fim de evitar uma mortandade. Oxalá, portanto, estivesse no debate da Globo.
Dirão que o que importa, agora, é derrotar a máfia tucano-midiática. Deverão estar certos. Contudo, Dilma poderia ter se contraposto ao maior covarde que esteve presente ao debate, José Serra, que nada teria acontecido.
Serra não passa de um rematado covarde. Mesmo estando em expressiva desvantagem na disputa eleitoral, em vez de enfrentar diretamente a adversária atacou-a indiretamente ao responder a Marina e a Plínio. Provavelmente pagará por isso no próximo domingo.
É por ter esta personalidade, caro leitor, que recentemente recusei um convite para entrar em um partido político. Este cidadão não seria capaz de comparecer àquele debate sem dizer àquele verme tucano tudo o que merece ouvir um adversário tão sujo e covarde.
Homenagem a Rafael Correa
Em homenagem a esse bravo homem público que é o presidente do Equador, reproduzo, abaixo, reportagem que fiz em agosto de 2008. Em viagem de negócios àquele país, fui a um ato público em Quito pela aprovação da nova Constituição do país, amplamente aprovada em plebiscito que teria lugar pouco depois.
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