segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O falar fino e o falar grosso na sociedade brasileira.

“... é um Governo que fala de igual pra igual: não fala fino com Washington e não fala grosso com a Bolívia e o Paraguai e por isso mesmo é respeitado no mundo inteiro”.(Chico Buarque)

Desde que o Chico deixou esta mensagem para o Governo Lula e para a Dilma Rousseff no maravilhoso evento do Teatro Casa Grande, era minha intenção escrever alguma coisa sobre esta mensagem. Como bem definiu Leonardo Boff Chico ali estava representando o anjo Gabriel, o portador da Boa Nova. Ia trazer a sua mensagem de maior significado. E o fez. Na genialidade que lhe é peculiar, expressou, de forma sintética, o que tem sido a sociedade brasileira. Uma sociedade que sempre esteve, politicamente falando, sempre do lado dos fortes, submissa a esses setores, de cabeça baixa e falando fino e permitindo que os grandes dessem as cartas dentro da nossa Pátria. Tudo isso em benefício de um pequeno grupo que sempre usufruiu do dinheiro público que deveria ser distribuído igualmente por todos os brasileiros. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, seus tentáculos sempre se estenderam abrangendo todos os setores e todas as categorias profissionais que, em uníssono, se submetem a falar grosso com os mais fracos e fino com os poderosos. Infelizmente, essa mentalidade do atraso ainda tem muita força. Há muitas pessoas que, quando possuem um cargo mais elevado na escala social, se acham no direito de falar, não só grosso, mas de submeter os mais fragilizados a vexames inimagináveis. Humilhando mesmo. É só verificar o que ocorre no âmbito policial e no âmbito da Justiça. Difícil perder o ranço que o cargo parece lhes conferir. E essa relação de poder não está só aí. Está dentro de casa, da mãe e do pai que se sentem superiores aos filhos e agem com autoritarismo e não com a autoridade necessária para ajudar na formação das crianças e dos jovens, lhes dando a segurança que precisam para vencer todas as etapas das suas vidas. No Magistério, idem. Enfim, de alguma forma, todos nós possuímos algum poder. O problema está na forma com que o utilizamos. Falando grosso ou fino, segundo as conveniências, denota uma mentalidade de servilismo total. Como bem disse o Chico: Lula fala de igual pra igual, com todos. Não humilha a Bolívia e o Paraguai por serem pobres e nem glorifica Washington por representar o maior poder mundial. Esse é o nosso Lula que não despreza a sua origem e dela não se envergonha. Pelo contrário, a enaltece, onde quer que vá, demonstrando que a miséria não é uma condição humana. Lula prega isso mundo a fora. Chico está coberto de razão: é por isso que ele é respeitado no mundo inteiro.

Afinal, não poderia deixar de falar do que Leonardo Boff falou sobre Oscar Niemeyer no princípio do apoio à Dilma. Como religioso pediu a Deus um sinal e, pensou que, o sinal viria com a presença do Oscar. A presença do Oscar seria, para Boff, a senha divina de que a candidata de Lula estaria eleita. O povo aplaudiu, concordando. Foi muito lindo!...A presença daqueles artistas, de intelectuais, de jornalistas, todos de renome e de moral inatacável, dando apoio explícito à Dilma, vem confirmar que o falar fino e o falar grosso, não cabe numa sociedade democrática, onde TODOS, sem distinção de classe social, têm o DIREITO de se expressar, sem medo de sofrer retaliações por parte de quem gosta de falar grosso. É por essas razões que movimentos como este precisam estar sempre na pauta do dia para que o sentimento democrático se fortaleça cada vez mais e o FALAR FINO e o FALAR GROSSO sejam banidos de vez da Sociedade Brasileira.

Matéria escrita por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)

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