Eleições: Cúpula tucana diz que controvérsia sobre a agressão sofrida por Serra no Rio prejudicou-o
Raquel Ulhôa e Raymundo Costa | VALOR
De Brasília
O percentual de rejeição de Serra aumentou em relação às duas últimas pesquisas do instituto. No levantamento feito entre 11 e 13 de outubro, o índice era de 37,5%. Na pesquisa seguinte, realizada entre 18 e 19 de outubro, aumentou para 39,8%. Esse crescimento foi o que mais preocupou o comitê de campanha do PSDB. Até o fim da tarde de ontem, os tucanos não encontraram uma explicação satisfatória para o resultado. A maior parte da cúpula tucana especulava que a razão seria a controvérsia sobre a agressão sofrida por Serra no Rio de Janeiro – o PT e até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disseram que ele foi alvo de uma bolinha de papel; os correligionários, um rolo de fita.
Independentemente de bola de papel ou rolo de fita, boa parte dos tucanos achou um erro a exploração do fato pela campanha, quando Serra suspendeu o restante de sua agenda no Rio, consultou-se com um médico e depois ficou em repouso. O ataque, mesmo em se tratando do rolo de fita, não teria parecido tão grave, aos olhos do eleitor-telespectador.
Em contrapartida, a rejeição da petista reduziu-se. Em 11 e 13 de outubro, 35,4% disseram que não votariam em Dilma de jeito nenhum. No levantamento seguinte, o índice ficou praticamente estável, em 35,2%. Nessa última pesquisa, houve recuo para 32,5%.
Com isso, em seis dias a vantagem de Dilma saltou de 5,6 pontos percentuais para 17,2 pontos, considerando apenas os votos válidos. De acordo com a sondagem, Serra caiu em todas as regiões, exceto no Sul, onde cresceu 9,9 pontos percentuais e Dilma caiu 2,8 pontos percentuais.
No Sudeste, região com a maior concentração do eleitorado nacional (42,4%), Serra caiu apesar do maior empenho na campanha tucana dos senadores e governadores aliados eleitos no primeiro turno. A vantagem de Dilma ampliou de 2,6 pontos percentuais para 11,4 pontos percentuais em relação à sondagem anterior da CNT/Sensus, realizada uma semana antes. Ela tinha 44,2% da preferência do eleitorado dos Estados do Sudeste e agora, 50,7%. Serra, por sua vez, aparecia com 41,6%, percentual que caiu para 36,7%.
A candidata do PT também recupera índices de intenção que recebeu no primeiro turno do eleitorado do Nordeste. Ela tinha 57,5% na pesquisa anterior e agora tem 66,3%. Serra cai de 34,8% para 25,5%. Para Clésio Andrade, presidente da CNT, a melhora do desempenho de Dilma no Nordeste pode ser atribuído à volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao programa eleitoral.
Por outro lado, na opinião de Andrade, o esforço do ex-governador Aécio Neves (PSDB), eleito senador por Minas Gerais, não tem mostrado resultado porque ele está fazendo campanha fora do Estado. “Aécio tem voto é em Minas. E ele saiu do Estado para fazer campanha”, disse Andrade, após divulgar a rodada 108 da CNT/Sensus.
No Sul, a preferência por Serra aumentou de 45,1% para 54%, abrindo boa vantagem. Nessa, que foi a única região em que perdeu votos, Dilma passou de 38,2% para 35,4%. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, pesquisadas juntas pelo Sensus, o percentual de Dilma passou de 42,1% para 50,7%. Serra caiu de 52,6% para 40,4%.
Na pesquisa divulgada ontem, Dilma aparece na pergunta estimulada – em que os nomes dos candidatos são apresentados ao entrevistado – com 51,9 % da preferência do eleitorado (58,6% dos válidos) e Serra, com 36,7% (41,4% dos válidos).
As 2 mil entrevistas foram realizadas pelo Sensus de 23 a 25 de outubro. Na rodada anterior, em que os pesquisadores foram a campo nos dias 18 e 19, a candidata do PT tinha 46,8% das intenções de voto (52,8% dos válidos) e Serra, com 41,8% (47,2% de válidos). A margem de erro é de 2,2% para mais ou menos. A primeira rodada da CNT/Sensus no segundo turno chegou a registrar empate técnico entre Dilma e Serra.
Na tentativa de explicar as razões para a ampliação da vantagem de Dilma sobre Serra em uma semana, Clésio afirmou que a “discussão emocional” do fim do primeiro turno, com questionamentos religiosos e sobre aborto, foram substituídos no segundo turno “por uma discussão racional”, em que prevalecem as questões de economia e plano de governo. “Isso favorece a Dilma”, disse.
Para Ricardo Guedes, diretor do Sensus, o descolamento se deveu ao suposto fracasso da tentativa de desconstrução da imagem de Dilma pelos adversários.
A pesquisa traz várias boas notícias para a campanha petista. Uma delas é o crescimento das intenções de voto em Dilma registrado pelos entrevistados nas perguntas espontâneas, na qual o instituto, sem citar nomes, pergunta em quem o eleitor vai votar. Dilma é lembrada por 50,4% e Serra, por 35,7%. Na pesquisa anterior, eles eram citados por 45,3% e 40,6%, respectivamente.
Postado por Luis FavreComentários Tags: 2010, 2º turno, Dilma Rousseff, José Serra, pesquisas, Sensus
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