sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Polícia ocupa última favela da Tijuca para criar 13ª UPP

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O cruzeiro no alto do Morro dos Macacos: ponto estratégico ocupado pelos policiais


A paz pousa nos Macacos


Um ano após a derrubada de helicóptero da PM pelo tráfico, Bope ocupa a favela em Vila Isabel para a instalação da 13ª UPP

Ana Cláudia Costa – O Globo

Um ano depois de um helicóptero da PM ter sido derrubado por traficantes da região, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) subiram ontem o Morro dos Macacos, em Vila Isabel, dando início à primeira etapa da implantação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no lugar. Será a 13ª UPP do Rio. Ao todo, 110 homens do Bope, 40 do Batalhão de Choque e 25 do 6º BPM (Tijuca) e do 3º BPM (Méier) ocuparam a favela, além dos vizinhos morros do Pau da Bandeira e do Parque Vila Isabel. A ocupação é fundamental para a segurança da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, por causa da proximidade do Maracanã e do Engenhão.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, uma outra UPP, a 14ado Rio, será instalada em seguida junto aos Macacos, na Favela São João, no Engenho Novo. A nova unidade abrangerá ainda as comunidades dos morros da Matriz e do Quieto. Foram traficantes dessas favelas que, em outubro do ano passado, entraram em confronto com os de Vila Isabel.

Embora os tiroteios sejam rotineiros no Morro dos Macacos, tirando o sono dos moradores da região, a entrada do Bope na favela, por volta das 8h de ontem, foi tranquila: os PMs não enfrentaram resistência dos bandidos. Uma equipe entrou pela mata e ocupou a área onde existe uma cruz, no alto da comunidade; outra subiu pela Rua Joaquim Nabuco, ao lado da Polinter. Para o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a ocupação dos Macacos é um marco na história das UPPs.

— Na ocasião (da queda do helicóptero), eu disse que não íamos agir de cabeça quente, de forma emocional, porque temos um projeto definitivo.

Agora a polícia está lá. Mais importante do que prender essas pessoas (traficantes) é tirar delas os territórios que elas controlam com armas de fogo — frisou o secretário.

Ele não quis responder se o Morro da Mangueira será ocupado ainda este ano: — Não vou dizer, vocês vão ver.

Traficantes teriam fugido na véspera

De acordo com o comandante do Bope, tenente-coronel Paulo Henrique de Moraes, a polícia tem informações de que traficantes deixaram o morro na noite anterior. O oficial afirmou que o tráfico na favela já era inexpressivo: a quadrilha só se mantinha no local para que outra facção criminosa não assumisse o controle do morro. Ele disse que policiais do Bope viram anteontem a fuga de traficantes para a região conhecida como Patolinha, junto aos Macacos, que será vasculhada hoje.

Apenas um traficante foi preso ontem e um carro roubado, recuperado.

Não foram apreendidas armas ou drogas.

— Temos informações de que eles deixaram a comunidade quando souberam que o Morro dos Macacos estava na lista da pacificação. Eles teriam ido para o Morro de São Carlos, no Estácio — disse o tenente-coronel.

— Aqui, talvez não encontraremos armas e drogas escondidas, como no Morro do Pavão-Pavãozinho (Copacabana).

Vamos ver. Mas certamente há bandidos do andar inferior da escala hierárquica que podem estar escondidos na casa de parentes.

A chegada dos policiais ontem assustou moradores do morro, que correram temendo confrontos. Além disso, escolas, apesar de funcionarem, tiveram as portas trancadas. O temor inicial, no entanto, logo deu lugar à tranquilidade. Nas ruas e vielas, o movimento de moradores voltou ao normal. Alguns conversaram com policiais do Bope e pediram informações sobre benefícios sociais ligados à UPP. Crianças paravam para cumprimentar os PMs.

Policias do Bope continuarão nos morros por tempo indeterminado, vasculhando a área em busca de armas e drogas. Motocicletas, carros e pedestres suspeitos serão revistados.

Moraes disse que espera contar com a ajuda da população. Para marcar o início da ocupação, PMs instalaram perto de uma praça uma faixa com informações sobre a operação.

A bandeira do Bope deverá ser hasteada no alto do morro hoje ou na segunda-feira que vem.

Para o presidente da Associação de Moradores do Morro dos Macacos, Mário Lima, a ocupação demorou a chegar. Ele contou que os moradores da comunidade sempre tiveram bom relacionamento com os do asfalto. No entanto, esse relacionamento estava estremecido há um ano, desde a queda do helicóptero da PM. Há 48 anos no morro, Mário disse que os moradores haviam perdido a paz que esperam agora recuperar com a UPP.

— Vila Isabel é um bairro com histórico cultural. Não poderíamos ficar assim, com essa violência. Enfim o estado começa a pagar à comunidade a grande dívida social, cultural e de segurança que tem com ela, algo que todos esperavam há tempos — disse.

Segundo o porta-voz do Bope, capitão Ivan Blaz, a UPP do Morro dos Macacos vai completar mais uma etapa da pacificação, que é fechar o cinturão de segurança na Grande Tijuca.

A nova unidade vai beneficiar diretamente 12 mil moradores do morro e 27 mil do entorno.

COLABOROU Gustavo Goulart

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Policiais do Bope ocupam, no Rio de Janeiro, o Morro dos Macacos, que receberá a 13ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) (Oscar Cabral)


Ataque deixou três policiais mortos

Os confrontos envolvendo traficantes do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, obrigavam moradores a viver em estado de tensão.

O episódio mais emblemático, em 17 de outubro do ano passado, deixou mais do que marcas em paredes e janelas.

Após uma guerra entre traficantes de facções rivais, o helicóptero Fênix 3 da Polícia Militar foi derrubado por tiros disparados por bandidos, provocando a morte de três policiais.

A violência aconteceu depois que criminosos partiram do Morro de São João, no Engenho Novo, para invadir o Morro dos Macacos. O traficante Fabiano Atanázio da Silva, o FB, foi apontado como um dos chefes da invasão. A ação dos bandidos levou pânico aos moradores, tanto na favela como no asfalto. Dentro de casa, eles procuravam abrigo em cômodos fora da linha de tiro.

Há anos moradores sofrem com a guerra pelos pontos de venda de drogas no morro. Um dos confrontos aconteceu em 2002, quando o local foi invadido por bandidos de seis outras favelas. Apavoradores, moradores deixaram suas casas, transformando a comunidade numa espécie de cidade fantasma.

No asfalto, prédios da Rua Visconde de Santa Isabel, a sede da Polinter e a Escola Municipal Jornalista Assis Chateaubriand eram constantemente atingidos por tiros vindos do Morro dos Macacos. A violência também levou o Hospital do Câncer IV a fechar com concreto, em 2005, quatro janelas dos corredores da enfermaria. A medida foi tomada depois que o auditório da unidade foi atingido por uma bala perdida.

Considerado um dos mais perigosos da região, o Morro dos Macacos está praticamente colado ao antigo jardim zoológico.

Por isso, moradores acreditam que a UPP poderá ajudar a revitalizar a área.

Postado por Luis Favre
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Do Blog do Favre.

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