TUCANOS FAZEM PAPEL RIDÍCULO

Ontem no final da noite algumas leitoras queridas no Twitter me enviaram a matéria com a manchete acima. Eu olhei e automaticamente li a manchete como “De capacete, jovens tucanos fazem papel de ridículo no Pacaembu”. Com abadás totalmente improvisados (ah, quem não tem roupinhas reproduzindo capas da Veja e da Folha, prontinhas pra usar?), cerca de mil manifestantes tucanos tomaram às ruas espontaneamente para apoiar aquele intrépido guerreiro, o Serra (alguém poderia avisá-los que qualquer alusão ao bolinhadepapelgate não pega bem pro PSDB, que ontem ganhou nova sigla no Twitter, Partido Sendo Derrubado por Bolinha?). Uma moça da FAAP (eu já estudei lá, argh!) disse, “Nós estamos a favor da democracia”. Eu gostei do verbo, estar. Não é “somos a favor da democracia”, porque democracia é um conceito muito relativo. Em Honduras, por exemplo, não estavam tão a favor da democracia assim. Se estivessem vivos em 1964, no Brasil, acho que ficariam do lado da “democracia militar” que impediu que elegessemos um presidente durante 25 anos.

Voltando à idade das trevas, na manifestação na praça do Pacaembu, a filha do Quércia disse que tucanos são bichos pacíficos que não tratam o concorrente como inimigo de morte. Primeiro, eu gosto da palavra, concorrente. É tão comercial, tão conivente com gente que não vê cidadãos, apenas consumidores... Segundo, sim, é óbvio que a influência tucana são os hippies. Por fora esses jovens brancos podem parecer patricinhas e mauricinhos, mas por dentro o coração é puro paz e amor, como ficou evidente nos cartazes que seguravam, “Queime uma bruxa no dia 31 de outubro” e “Vou te abortar Dilma”. Será que alguém podia avisá-los que, num momento em que todo mundo menos eles estão falando que a campanha do Serra anda medieval, esses jovens não deveriam fazer referências à Idade Média?
Perguntei pra Ramayana, uma amiga com quem estudei junto na UFSC, onde esses jovens hippies haviam conseguido aqueles capacetes que não combinam com eles, e ela respondeu: “do mestre de obras do papi, claro”. Pois é, será que a filha do Paulo Preto tava por lá? Mas Ramayana justificou a presença dos capacetes: são “para que ninguém diga que eles não têm nada na cabeça”. Também discutimos qual seria um título apropriado pra foto, “Eles não usam black tie” ou “A classe operária vai ao paraíso”. Ela preferiu “Eles eram muito cavalos”.
A mulher do Aloyiso Nunes discursou que o marido era a prova viva que as pesquisas mentem, mas acho que “prova viva” é força de expressão. Enquanto isso, um jovem Roberto Freire wannabe disse que o diferencial entre o Partido Sendo Derrubado por Bolinha e o PT é que no primeiro há militantes não-contratados, enquanto no segundo, Lolinha tá ficando rica com toda grana que tá recebendo por cada caminhada. “No PT, quem vai às manifestações é a gente aparelhada pelo Estado, ligadas aos sindicatos”, falou o jovem antenado. Essa é uma ótima explicação por que o PSDB não pode realizar comícios ou caminhadas: não tem sindicatos entre suas bases. Só se estivermos falando de Sindicato de Guarda-costas e Seguranças de Políticos Impopulares. Nesse partido, quem lidera carreata é um homem do povo, o FHC.
---Hoje, às 9 horas, aqui na minha querida Fortaleza (já me apossei!), teremos uma carreata menos popular, sem as presenças ilustres de gente identificada com o povão, como o nosso ex-presidente e o Tasso. É que será uma carreata pró-Dilma, sabe como é. Tire sua Mercedez, Porsches e Ferraris da garagem e venha balançar suas joias. Eu estarei lá, talvez você me reconheça pela tiara de diamantes. Não, serião, o mapinha tá aqui. Vamos comparecer, gente! Falta só uma semana pro grande dia!