domingo, 3 de outubro de 2010
A eleição encaminhou-se para a indefinição se haverá ou não segundo turno:
Ou é Dilma Já, no primeiro turno, ou é Serra X Dilma no segundo.
Marina está com pouco mais da metade dos votos de Serra nas pesquisas, às vésperas das eleições. Não tem condições reais de chegar ao segundo turno.
Nesse contexto, vale a pena o eleitor de esquerda de Marina, e o de Plínio (que quase sempre é de esquerda), considerar o voto em Dilma, usando o conceito de voto útil.
Marina e Plínio, podem sair lideranças mais fortes se a eleição acabar no 1º turno.
No caso de Plínio, sairá uma oposição à esquerda mais forte, que pode crescer nas outras eleições se o eleitor de esquerda não tiver sob pressão de ter que vencer o PSDB/DEM/PPS.
No caso de Marina, sai mais forte, crescendo e tomando espaços de centro do PSDB e DEMos. Caso Serra dispute o 2º turno, mesmo perdendo, o eleitorado de centro-direita conquistado por Marina voltará para Serra, para o PSDB e DEM.
Se Dilma vence no 1º turno, só ela estará de fato na dianteira. Serra estará no mesmo pelotão de Marina e Plínio, porém Serra será o maior derrotado, pois sairá menor do que entrou na eleição, e Marina e Plínio saem maior do que entraram na eleição.
Se Serra vai ao 2º turno, ele, o PSDB e o DEM crescem de novo, retomando o espaço político de Marina e Plínio conquistado. E, pior, a hegemonia de Dilma e do PT ficará maior no eleitorado de esquerda, reduzindo espaços do PSOL e do PV.
Fosse outro o contexto, o fato de Marina e Plínio negociarem seus apoios no 2º turno os fortaleceria. Mas neste contexto, paradoxalmente, enfraquece o futuro dos projetos político que ambos representam.
O PV não terá dificuldades em continuar no governo Dilma, integrando a base governista, como integrou no governo Lula. O PSOL deve preferir ficar na oposição à esquerda. Mas ambos ficam mais fortes, sem Serra ocupando espaço político no 2º turno que eles conquistaram no 1º turno.
É claro que os candidatos Plínio e Marina não vão admitir isso, vão querer o máximo de votos possível. Mas o eleitor de esquerda deve refletir bem a respeito desse quadro para tomar decisão. E se pensar bem verá que o voto útil é a melhor solução.
Se Marina tem divergências de Dilma (que eu acho que podem ser contornadas), pelo menos Dilma respeita, dialoga e negocia com os movimentos sociais e lideranças ambientalistas. Serra é o estilo ditador.
Se Plínio tem críticas à condução da economia por Dilma, é inegável que os "melhorismos" de Dilma são muito melhores do que os de Serra. Ela governará priorizando os mais pobres (mesmo que todos ganhem), com fez Lula. Serra não. Da mesma forma, Dilma respeita, dialoga e negocia com os movimentos sociais, desde os trabalhadores das centrais sindicais até os sem-terra. É muito diferente de Serra, que trata a pauladas e espiona os movimentos sociais para persegui-los.
Se o 1º turno estivesse definido (seja com Dilma com muita folga, ou faltando muitos pontos percentuais para haver segundo turno) não haveria necessidade do voto útil. Mas quando o primeiro turno está no limite, e o adversário é Serra, o bom senso recomenda deixar um pouco de lado o voto do coração, da simpatia, do perfeccionismo, e votar com a cabeça, com a razão.
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