“Depois de rifar José Serra numa entrevista
à The Economist, FHC volta atrás e, em novo artigo, diz que tanto ele quanto
Aécio Neves devem se preparar para enfrentar o PT; ex-presidente, no entanto,
admite que falta articular um discurso
Brasil 247
Crer e perseverar
Nas duas últimas semanas apareceram alguns artigos na mídia que ressaltam o silêncio das oposições como um risco para a democracia. É inegável que está havendo uma "despolitização" da sociedade não só no Brasil, mas em geral. O "triunfo do mercado" levou às cordas as colorações políticas. Parece que tudo se deve medir pelo crescimento do PIB. Nos países bem-afortunados, ainda que cheios de "malfeitos", não há voz que ressoe contra os governos. Nos que caem em desgraça sem terem feito a "lição de casa" - sem terem gerado um "superávit primário" -, aí sim, os governos em exercício pagam o preço. Caem porque são vistos como incapazes de assegurar o bom pagamento aos mercados. Não importa ser de coloração mais progressista ou mais conservadora. Caem sem que tenha havido um debate político-ideológico que mostre suas fraquezas eventuais, mas porque o rancor das massas gerado pelo mal-estar econômico-financeiro se abate sobre os líderes do momento.
O Brasil esteve até agora ao abrigo da tempestade que desabou sobre os mercados dos Estados Unidos e da Europa. Por mais que nossos governos errem, os decibéis das vozes oposicionistas são insuficientes para comover as multidões. Pior ainda quando essas vozes estão roucas ou preferem sussurrar. Como entramos em céu de brigadeiro a partir de 2004, tanto pela virtude do que fizemos na década anterior como pelos acertos posteriores e graças à ajuda dos chineses, fazer oposição tornou-se um ato de contrição.
Mas que importa? Também era assim no período do milagre dos anos 1970, durante o regime militar. A oposição nada podia esperar, a não ser censura, cadeia ou tortura. Não obstante, não calou. Colheu derrotas eleitorais e políticas, resistiu até que, noutra conjuntura, venceu. Hoje a situação é infinitamente mais fácil e confortável. Só que falta, o que antes sobrava, a chama de um ideal: queríamos reabrir o sistema político. Hoje o que queremos? Ganhar as eleições? Mas para quê?
Eis o enigma. Não faltam candidatos. Ainda
recentemente, em conversa analítica que fiz com uma jornalista da The
Economist, ressaltei que há vários, e não só no PSDB. Neste o mais conhecido e
denso, José Serra, amadurecido por êxitos e derrotas, não conseguiu deixar
clara em 2010 sua mensagem, embora tenha obtido 44% dos votos. O isolamento em
que sua campanha ficou, dadas as dissonâncias internas do PSDB e as dificuldades
para fazer alianças políticas, impediu a vitória. Se o candidato tivesse
expressado com mais força as suas convicções, mesmo desconsiderando o que as
pesquisas de opinião indicavam ser a demanda do eleitorado, poderia ter
sensibilizado as massas.”
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