A deputada estadual do Rio de Janeiro Janira Rocha (Psol)
confirmou que é dela a voz feminina presente na gravação telefônica
autorizada pela Justiça, em que ela travou o seguinte diálogo com o cabo
do corpo de Bombeiros Benevenuto Daciolo:
Janira Rocha: Daciolo, Daciolo, presta atenção. Está errado fechar a negociação antes da greve do Rio.
Daciolo: Tudo bem, tudo bem. Sabe o que vou fazer agora? Avise para ele que eu vou embora daqui, não vou ficar mais aqui.
Janira Rocha: Eles estão querendo que você avalize um acordo antes da greve do Rio. Depois da greve do Rio, muda tudo. Sabe como você vai ajudar eles? Voltando para o Rio, garantindo aqui. O governo vai fazer uma propostinha rebaixada para vocês, vai melhorar um pouquinho esse negócio que eles colocaram. E acho, se vocês garantirem a greve aqui, a mobilização aqui, vocês vão ajudar a Bahia a liberar o Prisco, a ter uma negociação.
Daciolo
está preso no presídio de segurança máxima de Bangu I, para onde foi
transferido após ser preso no aeroporto do Galeão, após retornar de
Salvador.
A deputada do PSOL disse:
"A voz é minha e não cometi nenhuma irregularidade. Esta Casa contém deputados que representam banqueiros, empresários, mas eu represento o trabalhador. Eu também tenho esse direito...
... Eu não estou nesse movimento para ganhar voto. A questão da segurança pública é muito importante. Não incitei greve alguma, o que eu discuti foram as tratativas da mobilização, para que não houvesse uma greve armada e que eles garantisse o mínimo de 30% de efetivo que a lei exige...
...Eu cumpri um papel para que não houvesse radicalização, a emissora que levou ao ar esta gravação editada, tem coisas que eu falei que não foram ao ar...
...Do jeito que a imprensa colocou as coisas, parece que ele (Daciolo) saiu para incitar uma greve. Ele foi acompanhado de um juiz federal, temos como provar isso. Ele tem esse direito de ir e vir".
A
deputada pode dizer o que quiser, e é possível que haja atenuantes no
diálogo completo, mas não há como negar que ela propôs uma estratégia de
nacionalizar a greve, alastrando para o Rio de Janeiro, ao mesmo tempo
em que ocorre na Bahia.
Os policiais, como trabalhadores que são, tem todo o direito a
reivindicarem melhores salários por quaisquer outros meios, mas
sequestrar a segurança pública e usar a população como refém é que não
dá. Isso nunca acaba bem.
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