sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Gilberto Carvalho pede desculpas pelo que não disse

Em reunião com a Frente Parlamentar Evangélica, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência da República) pediu ontem "perdão" pelos "sentimentos" provocados por declarações atribuídas a ele defendendo uma disputa ideológica do governo com os líderes dessas igrejas. No mesmo encontro, reafirmou o compromisso da presidente Dilma Rousseff contra a descriminalização do aborto. E, diante das queixas de falta de interlocução com o governo, prometeu mais diálogo com o setor.

Carvalho foi ao Congresso para tentar pacificar os evangélicos, que vinham protestando contra o governo nos últimos dias, por causa dos dois temas. Houve até ameaças isoladas de troco nas eleições, como uma mobilização contra Fernando Haddad na disputa pela Prefeitura de São Paulo. A frente é suprapartidária, integrada por 76 deputados e 3 senadores.

No Fórum Social de Porto Alegre, no dia 27, o ministro defendeu disputa ideológica do governo com os líderes evangélicos pelos setores conservadores. Na versão dos evangélicos, teria dito que a ideia é criar uma mídia estatal para a classe C, para disputar esse público com evangélicos, que controlam meios de comunicação.

"Vim aqui dizer que isso não é verdade. Que nós não temos, de maneira nenhuma, essa intenção. Pelo contrário, o governo considera as igrejas evangélicas parceiras, muito importantes, sobretudo, nesse grande programa Brasil Sem Miséria. Não temos nenhuma intenção e seria uma loucura fazer uma rede para combater as igrejas evangélicas", disse Carvalho, após a reunião.

Carvalho manifestou "o respeito e o carinho" do governo com as igrejas evangélicas e disse que o governo quer "aprofundar" a "parceria" com esse grupo religioso. "Me dispus a trabalhar para que esse diálogo melhore entre nós. Está resolvido o problema. O pedido de desculpas que fiz, de perdão, não foi pelas minhas palavras e sim pelo sentimento que provocaram em alguns dos deputados e senadores, em função das interpretações que surgiram a partir de Porto Alegre."

O áudio da palestra  mostra que Gilberto  Carvalho  não mente

 Em Porto Alegre ele limitou-se a dizer o seguinte: "É muito importante que nós façamos nosso trabalho social pensando nesse novo Brasil, conhecendo essa nova realidade, não tendo ciúmes daquelas políticas de governo que atingem as nossas clientelas, que não batem mais às nossas portas muitas vezes, porque já caminharam por outros caminhos. E aí [vem] uma necessidade importantíssima de uma disputa ideológica, de uma disputa de projeto frente a esse nosso público. Que nós sabemos, quem conhece a periferia desse país, que é um público hegemonizado muitas vezes por setores conservadores. Lembro aqui, sem nenhum preconceito, o papel e a hegemonia das igrejas evangélicas, das seitas pentecostais que são a grande presença nesse (mundo)".


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