Em reunião com a Frente
Parlamentar Evangélica, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral
da Presidência da República) pediu ontem "perdão" pelos "sentimentos"
provocados por declarações atribuídas a ele defendendo uma disputa
ideológica do governo com os líderes dessas igrejas. No mesmo encontro,
reafirmou o compromisso da presidente Dilma Rousseff contra a
descriminalização do aborto. E, diante das queixas de falta de
interlocução com o governo, prometeu mais diálogo com o setor.
Carvalho foi ao Congresso para
tentar pacificar os evangélicos, que vinham protestando contra o governo
nos últimos dias, por causa dos dois temas. Houve até ameaças isoladas
de troco nas eleições, como uma mobilização contra Fernando Haddad na
disputa pela Prefeitura de São Paulo. A frente é suprapartidária,
integrada por 76 deputados e 3 senadores.
No Fórum Social de Porto Alegre,
no dia 27, o ministro defendeu disputa ideológica do governo com os
líderes evangélicos pelos setores conservadores. Na versão dos
evangélicos, teria dito que a ideia é criar uma mídia estatal para a
classe C, para disputar esse público com evangélicos, que controlam
meios de comunicação.
"Vim aqui dizer que isso não é
verdade. Que nós não temos, de maneira nenhuma, essa intenção. Pelo
contrário, o governo considera as igrejas evangélicas parceiras, muito
importantes, sobretudo, nesse grande programa Brasil Sem Miséria. Não
temos nenhuma intenção e seria uma loucura fazer uma rede para combater
as igrejas evangélicas", disse Carvalho, após a reunião.
Carvalho manifestou "o respeito e
o carinho" do governo com as igrejas evangélicas e disse que o governo
quer "aprofundar" a "parceria" com esse grupo religioso. "Me dispus a
trabalhar para que esse diálogo melhore entre nós. Está resolvido o
problema. O pedido de desculpas que fiz, de perdão, não foi pelas minhas
palavras e sim pelo sentimento que provocaram em alguns dos deputados e
senadores, em função das interpretações que surgiram a partir de Porto
Alegre."
O áudio da palestra mostra que Gilberto Carvalho não mente
Em Porto Alegre ele
limitou-se a dizer o seguinte: "É muito importante que nós façamos nosso
trabalho social pensando nesse novo Brasil, conhecendo essa nova
realidade, não tendo ciúmes daquelas políticas de governo que atingem as
nossas clientelas, que não batem mais às nossas portas muitas vezes,
porque já caminharam por outros caminhos. E aí [vem] uma necessidade
importantíssima de uma disputa ideológica, de uma disputa de projeto
frente a esse nosso público. Que nós sabemos, quem conhece a periferia
desse país, que é um público hegemonizado muitas vezes por setores
conservadores. Lembro aqui, sem nenhum preconceito, o papel e a
hegemonia das igrejas evangélicas, das seitas pentecostais que são a
grande presença nesse (mundo)".
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