Serra é candidato à Prefeitura de São Paulo. Mas impõe, como sempre, condições duras.
A
mais importante é a que se refere ao arco de alianças e controle
absoluto sobre a campanha eleitoral, situação que aborreceu muitos
tucanos durante as eleições presidenciais passadas. Mas Serra continua
com o estilo janista de aparecer a qualquer custo, mesmo que alimentando
ódio e desconfiança entre seus próprios pares. É um político autista,
uma evidente contradição que não abala seu roteiro. Outro problema que
cria saia justa entre tucanos (ainda que menor) é a desmoralização das
prévias anunciadas pelo partido. Já se estuda até mesmo uma saída
jurídica para este imbroglio, já que o prazo de inscrição para a
participação nas prévias que ocorrerão dia 4 de março já se esgotou. Uma
possibilidade é a participação de Serra e desistência dos outros (o que
dificilmente ocorrerá nos casos de José Aníbal e Ricardo Trípoli).
Outra saída seria o adiamento da disputa por duas semanas. Mas, para um
autista, trata-se de uma mera formalidade.
Serra candidato, quais seriam as possibilidades futuras?
Segundo
as pesquisas divulgadas no final do ano passado, Serra possui o maior
índice de intenção de votos (18%) mas a maior rejeição (35%). Tem,
ainda, o peso da popularidade de Lula (segundo o IBOPE, metade do
eleitorado paulistano votará em quem Lula indicar) como obstáculo.
Assim, é plausível cogitar como válidas as hipóteses de vitória e
derrota em outubro.
No caso de vitória de Serra em outubro, o que ocorreria no PSDB?
Hipótese 01:
disputa as eleições presidenciais de 2014. Seria a cartada final, a
mais arriscada da carreira de Serra que, possivelmente, criaria uma
guerra entre tucanos. Frágil em seu próprio partido, caminhando ainda
mais confiante para o discurso conservador, facilitaria a vida do
lulismo. Não acredito, entretanto, que a saída da prefeitura para
disputar as eleições presidenciais arranharia a imagem de Serra junto ao
eleitorado paulistano. Os seus eleitores sabem desta possibilidade e o
apóiam por ser anti-lulista.
Hipótese 02:
não sai em 2014. Carreira eleitoral encerrada, mas peso político
valorizado. A prefeitura com maior orçamento do país nas suas mãos. Vai
impor grande pressão e desgaste ao candidato Aécio Neves. Obviamente
controlará a campanha no centro-sul, justamente onde tucanos possuem
mais votos. Se Aécio ganha, terá Serra como sombra permanente, até mesmo
para definir ministério. Alckmin terá que engolir.
Para o lulismo,
este é o cenário de festa. Serra criaria uma divisão interna entre
tucanos e promoveria a fusão com DEM e, possivelmente, com PPS. Algo que
já tateou algumas vezes.
E, em caso de derrota de Serra?
Hipótese 01:
Serra teria encerrado sua carreira política, saindo pelas portas dos
fundos. Tentará ter alguma influência, mas obviamente não terá nem de
longe o cacife de FHC, para citar um ex-aliado tucano. Terá Alckmin
comandando, com Aécio Neves, as eleições presidenciais.
Hipótese 02:
Serra se filia ao PPS. E tenta atrair o PV. Mesmo assim, será líder
nanico de partidos sem expressão real. O PSDB lamentará em público e
festejará em encontros privados. Tucanos alimentarão a grande imprensa
com vários casos relativos ao estilo Serra de fazer política.
Para o lulismo,
este é um cenário promissor, mas teria que aguardar a recomposição do
PSDB que poderia sair desta "derrota" mais renovado para os olhos do
eleitor. Contudo, tal renovação poderia jogar o discurso do PSDB mais
próximo do lulismo, já que o serrismo vem se aproximando rapidamente da
lógica conservadora para consolidar um eleitorado cativo.
No Rudá Ricci
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