Ontem, um dia depois do anúncio, pela Petrobras, do vazamento de óleo no Campo do Carioca, da Petrobras, já tinhamos tudo: sobrevôos, fotos aéreas, inquéritos da Marinha, do Ministério Público…
O Ibama, que levou 15 dias para multar a Chevron, gastou só 24 horas para multar a Petrobras.
Que bom, porque é assim que deve ser. O meio-ambiente é propriedade comum e todas as peassoas têm não apenas o direito de serem informadas como o de cobrarem as responsabilidades dos que operam atividades potencialmente danosas a eles, como é a extração de petróleo.
E que diferença que aconteceu no campo do Frade, quando ficamos dias a fio dependendo só do que dizia a Chevron!
Cmo se disse aqui, logo que ocorreu o fato, com a Petrobras seria muito diferente. Com a empresa pública e brasileira, todos são “valentes”, não é?
Ninguém que conheça a empresa tem, em qualquer momento, nenhuma dúvida quanto ao rigor com que a petroleira brasileira trata a segurança de suas atividades.
É severíssima.
Não apenas porque é seu dever ser, mas porque sabe que está no foco de um projeto de Brasil que, a todo momento, querem inviabilizar e destruir.
Mas a comunicação da Petrobras, embora tenha sido imediata, parece que não percebe a diferença que deve existir quando se faz comunicação para uma empresa com estas características.
Conquanto tenha avançado, em certa época, ela voltou a ser fechada, hermética, lacônica.
Nas contas dos comunicólogos, é informação “negativa” e sua quantidade deve ser minimizada.
As regras do manual da “comunicação empresarial” , que servem bem a uma empresa privada, nem sempre se adequam a uma empresa que tem como maior patrimônio a confiança, a admiração e , até, o amor que lhe devota o povo brasileiro.
A Petrobras não terá lucro (ou menor prejuízo) de imagem limitando as informações à descrição de fatos e providências.
Deveria marcar sua diferença -real – com os responsáveis por outros episódios e isso mais claramente ficaria percebido se tudo fosse explicado em detalhes.
O que foi o acidente no litoral de São Paulo? Uma imperícia, uma “barbeiragem” operacional como no caso da Chevron? Não.
A linha de produção, onde ocorreu o vazamento, é um duto entre o poço – onde está instalada uma válvula, conhecida como “árvore de natal molhada” e o navio plataforma.
Este duto, conhecido como riser , foi o que apresentou vazamento.
É bem raro que isso ocorra, mas nada tem a ver com o “poço” propriamente dito e, portanto, com sua profundidade e características no subsolo. Ou seja, tanto faz se o poço é no pré-sal ou no pós sal.
O que pode influir, sim, é a profundidade da lâmina d´água, que determina a extensão do riser. Neste caso, como era um poço pioneiro e o único ligado ao navio-plataforma, o comprimento do riser é apenas um pouco maior que a profundidade do solo marinho, que tem ali cerca de 2,1 km. A trajetória vertica do riser o expõe a esforços provocados pelas correntes e por seu próprio peso. O movimento do navio-plataforma, gerenciado por satélite, ajuda a compensar estas pressões e, algum vezes, são usados flutuadores e tensionadores, para evitar a formação de ângulos perigosos na junção entre o duto e a válvula na “cabeça” do poço, onde há uma válvula.
Esta válvula é automaticamente fechada quando se detecta uma variação de pressão no duto, que pode ser causada, entre outras razões, por um vazamento. Isso é quase imediato e até independente de ação humana.
Então porque vazaram cerca de 160 barris, e como se sabe desta quantidade? Esse é o petróleo contido no extenso duto, que tem um diâmetro considerável – não foi informado, mas é, seguramente, entre 4 e 6 polegadas, ou entre 10 e 15 centímetros,além de um pequeno diferencial que pode ser estimado tanto pelo ponto de rompimento quanto pela vazão do duto que, no caso deste poço, era muito alta, cerca de mil barris (perto de 160 mil litros) por hora. Por mais rápidos que sejam a detecção e o fechamento da válvula, com esse fluxo, a quantidade que escapa não é pequena.
Por isso, é uma bobajada dizer que o pré-sal vazou ou que o poço vazou. O que vazou – e tem de ser apurada com rigor a causa – foi o cano que leva o óleo do poço ao navio. Se foi defeito do material do duto, dos conectores, da manobras de posicionamento do navio-plataforma, é isso o que tem de ser descoberto e corrigido.
E é isso que a Petrobras, a esta hora, deveria estar explicando, didaticamente, a todos.
E não deixar que a especulação em torno do vazamento - na tubulação e imediatamente contido, enquanto o da Chevron, no poço, está deixando escapar petróleo, em pequena quantidade, até hoje – coloque sombras sobre o assunto.
Do Blog TIJOLAÇO.COM
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