sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Pressão do Planalto faz militares se retratarem


Foto: Roberto Stuckert Filho
Em nota de apenas uma frase, os clubes de reservistas disseram que "desautorizam" o texto que eles mesmos haviam escrito contra a postura da presidente Dilma Rousseff diante das declarações de ministras e do PT sobre a ditadura
Clubes que representam militares da reserva recuaram de críticas feitas à presidente Dilma Rousseff por ela não ter censurado falas de ministras e do PT contra a ditadura. A mudança de postura aconteceu após um encontro do ministro da Defesa, Celso Amorim, e os comandantes do Exército, da Aeronáutica e do Estado Maior. Dilma não gostou do teor da nota, por não aceitar, segundo assessores do Planalto, qualquer tipo de desaprovação às atitudes da comandante suprema da Forças Armadas.
Em nota de apenas uma frase, os clubes disseram que "desautorizam" o texto que eles mesmos haviam escrito. Publicado no último dia 16, ele sugeria que Dilma se afastava de seu papel de estadista ao não "expressar desacordo" sobre três declarações recentes de auxiliares e do PT.
A primeira delas foi feita pela ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), para quem a Comissão da Verdade, que investigará violações durante o regime, pode levar a punições penais, apesar da Lei da Anistia. Depois, Eleonora Menicucci (Mulheres), ex-colega de prisão de Dilma durante o período autoritário, fez em discurso "críticas exacerbadas aos governos militares", segundo o texto. Já o PT, em uma resolução política, disse que deveria priorizar o resgate de seu papel para o fim da ditadura.
Apesar de terem sido obrigados a recuar, para não criar uma crise militar, os presidentes dos Clubes não se conformam com as críticas que as Forças Armadas têm recebido e temem que a comissão da verdade só ouça um dos lados na hora de trabalhar. Os presidentes dos Clubes da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista, e da Marinha, almirante Ricardo da Veiga Cabral, disseram que em momento nenhum quiseram criticar a presidente Dilma e que a nota foi uma "precipitação", no momento em que os principais assuntos para a categoria, são a defasagem salarial e a necessidade de reaparelhamento das Forças Armadas.

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