sábado, 11 de fevereiro de 2012

A verdade não prescreve



Via Conversa Afiada e pelo Blog do Miro, chego à espantosa reportagem de Marina Amaral, da agência Pública de jornalismo investigativo.
Ela ouve o delegado aposentado do antigo DOPS paulista falar, entre outras barbaridades, da intimidade com a repressão política  com que gozavam Roberto Marinho e Octavio Frias.
(José Paulo)Bonchristiano é um dos poucos delegados ainda vivos que participaram desse período, mas ele evita falar sobre os crimes. Prefere soltar o vozeirão para contar casos do tempo em que os generais e empresários o tratavam pelo nome. Roberto Marinho, da Globo, diz, “passava no DOPS para conversar com a gente quando estava em São Paulo”, e ele podia telefonar a Octávio Frias, da Folha de S. Paulo “para pedir o que o DOPS precisasse”. Quando participou da montagem da Polícia Federal em São Paulo, conta, o fundador do Bradesco mobiliou a sede, em Higienópolis: “Nós do DOPS falamos com o Amador Aguiar ele mandou por tudo dentro da rua Piauí, até máquina de escrever”.
Embora possa haver algum exagero na vaidade com que se gaba de ter pertencido àquela monstruosa organização- ele já andou se vangloriando da detenção dos estudantes no Congresso da UNE, em 1968) indica a promiscuidade com que ambos tiveram com os porões do regime.
Os yuppies que hoje dirigem a Folha e as empresas do grupo Globo, tão ciosos da “liberdade de imprensa” quando se trata de atacar qualquer tipo de regulamentação das concessões públicas de radiodifusão, que vociferam contra a “ditadura” de Cristina Kirchner não foram capazes de produzir sequer uma branda autocrítica do papel que suas empresas desempenharam ali.
O STF, contra todos os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, pode até considerar prescrita a punibilidade de quem matou e torturou, usando o poder de Estado.
Mas não pode considerar proscrita a verdade, que teima em surgir, sendo cúmplice de uma impunidade que faz oex-delegado dizer que não quer ver a jornalista “esticadinha no chã, se teimar em investigar onde estão os corpos dos desaparecidos.
A Comissão da Verdade tem o dever, e já, de expor estes fantasmas à luz, para que a luz os torne definitivamente figuras do passado e já não assombrem o presente ou o futuro.
Leia aqui a íntegra da reportagem.

Também do Blog TIJOLAÇO.COM

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