Do blog de José Dirceu:
Nesta semana de pré-campanha para seu candidato ao Planalto, senador
Aécio Neves (PSDB-MG) – candidatura lançada por ele há mais de um ano -,
o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso foi mais ambicioso e
pretensioso que o próprio candidato. Para FHC, conforme ele deixa claro
em toda a sua movimentação política, de artigos a entrevistas, passando
pelas articulações, (nos governos do PT) tudo é propaganda. E o que não é
foi ele que criou – da distribuição de renda à estabilidade fiscal no
país.
Lógico, FHC deixa de lado – e a equipe do blog de José Dirceu cobra isto
porque o ex-ministro o fazia com frequência aqui – o fato histórico de
que ele, depois de oito anos de governo (1995-2002) deixou o país em
crise, endividado, quebrado, na verdade, de pires na mão no portão do
FMI. Como herança legou, além disso, o alto desemprego, uma elevada
inflação e a crise energética. Mais que isso, legou-nos um país
derrotado.
Partido de elite, o PSDB tem sonhos com as manifestações de junho
passado. FHC reconhece que elas não foram dirigidas ao PT e ao governo
Dilma, mas ele e os caciques tucanos que o acompanham inventam uma tese
nova: como o governo Dilma propôs os cinco pactos (pela saúde, educação,
transportes, reforma política e combate à corrupção) para enfrentar as
causas da insatisfação popular, eles dizem que o governo vestiu a
carapuça.
Sociólogo, FHC também não percebeu que o chão é outro
Ora, propalam isto quando a realidade, o chão, é outro. O fato é que o
governo e o Congresso Nacional implementaram os pactos com os royalties
do petróleo para a educação e a saúde, com o programa Mais Médicos, com o
plano de investimento em mobilidade urbana e com medidas legais contra a
corrupção. E o governo só não fez a reforma política porque o
parlamento, PSDB à frente, não aprovou o plebiscito sobre ela,
confirmando a natureza elitista tucana.
Antes de falar no futuro, FHC repete as platitudes elitistas sobre
Lisboa e Cuba – que tanto impressionaram Aécio Neves, que as distorceu –
e pasmem, concorda com a política burra de seu pupilo e candidato ao
Planalto, contra o financiamento de exportações. Depois sem nenhum pudor
FHC fala de insegurança pública. É, ele mesmo, morador de São Paulo,
Estado governado pelos tucanos há mais de 20 anos. E onde a segurança
pública – melhor dizendo, a insegurança – é o que se vê…
E aí, FHC critica a saúde pública e o programa Minha Casa Minha vida,
para depois pontificar na arena favorita do tucanato a redução de
impostos. Não fala da redução do número de ministérios e nem da reforma
política e eleitoral. Bate na tecla do desperdício e incompetência
administrativas e não deixa passar em branco a corrupção. Consegue
fazê-lo sem falar dos escândalos mineiros e paulistas, do mensalão
tucano mineiro e do trensalão paulista – aqui, na verdade, dois
escândalos gerados pela formação de cartéis permitidos pelos governos do
PSDB paulista, nas áreas de energia e de transportes públicos.
O irrealismo e a falta de alternativas da oposição
As manifestações de FHC na pré-campanha presidencial do PSDB – em que as
vezes assume papel até mais destacado que o candidato Aécio – comprovam
o irrealismo tucano e a falta de alternativas da oposição. Em
pré-campanha, numa semana inteira que enceramos hoje, nenhuma palavra
sobre câmbio e juros, sobre política industrial e de defesa industrial,
sobre a questão fiscal. Tampouco uma proposta sequer, por exemplo, sobre
a desindexação na poupança e de nossa dívida interna com o câmbio
valorizado.
Estariam os tucanos dispostos a uma administração de câmbio, a uma
desindexação da economia, a enfrentar o problema da redefinição do tempo
e do cálculo de inflação? Dispostos a desindexar a dívida interna com
base na taxa Selic de juros?
Olha, tucanos, é difícil vencer um adversário sem reconhecer onde
residem suas fortaleza e defesa principais. FHC e Aécio insistem em
negar ou taxar como propaganda enganosa as mudanças que o Brasil viveu
nos últimos 12 anos. Daí não entenderem as manifestações de junho e suas
razões. Não entenderem a nova classe trabalhadora e sua realidade, não
apenas social e econômica, mas também política, ideológica e cultural,
nascendo e se impondo.
E não basta entendê-la, é preciso fazer parte dela e do processo que a
move, disputar seu apoio e direção. Essa é a questão política que
decidirá quem governará o Brasil que nasce agora, como aquele que nasceu
no final da década de 60 na confluência da oposição liberal,
democrática e de esquerda da ditadura com os movimentos sociais cujas
maiores expressões são o presidente Lula e o PT.
Postado há 2 hours ago por Blog Justiceira de Esquerda
Do Blog Justiceira de Esquerda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário