Blog do Zé /Por Equipe do Blog
A TV Globo não pode – ou não deve – continuar se jactando de ser a
primeira emissora de TV na história do veículo no Brasil a exibir uma
cena de beijo na boca entre dois personagens homossexuais – no caso
dela, entre os atores Matheus Solano e Thiago Fragoso, no último
capítulo da novela Amor à vida, encerrada ontem.
Não foi a Globo, esse mérito não é dela. Há três anos (2011), o SBT
exibiu um beijo, também na boca, entre as personagens da modelo Luciana
Vendramini e a atriz Giselle Tigre, na trama de época Amor e Revolução,
que versava sobre a resistência a ditadura militar (1964-1985) – confiram a cena.
A minissérie abordava o golpe militar de 1964, tratava, entre outras
questões, da luta armada, e contou com depoimento do ex-ministro José
Dirceu (cliquem aqui para rever o depoimento).
Se a Globo insistir, portanto, que exibiu na telinha o primeiro beijo
entre personagens homossexuais estará mentindo. Como mente, aliás,
tentando até hoje, 30 anos depois, convencer os brasileiros de que
cobriu a campanha das Diretas Já. Não cobriu na fase inicial, escondeu,
parecia que não estava acontecendo a campanha, e só passou a cobri-la em
sua fase final, quando a ditadura já estava encurralada e prestes a
cair por pressão, inclusive, do movimento que colocou o povo nas ruas
cobrando a volta do pleito direto para presidente da República.
Não cobriu as diretas, não promoveu os primeiros debates entre candidatos…
Ou como fez com os debates entre candidatos a eleições majoritárias, que
ela também não iniciou, demorou a organizá-los, mas trombeteia aos
quatro cantos do mundo. O 1º destes debates quando da volta das eleições
diretas de governador em 1982 (depois de suspensas por 17 anos pela
ditadura) foi promovido pelo falecido jornalista Ferreira Neto em seu
programa então no SBT.
Na véspera e no dia daquele debate, Sílvio Santos, dono da emissora,
tentou impedi-lo e não conseguiu mais. Havia sido intensamente divulgado
e os candidatos a governador de São Paulo naquele ano, Franco Montoro
(PMDB), Lula (PT), Jânio Quadros (PTB), Reynaldo de Barros (PDS) e Rogê
Ferreira (PDT) já haviam confirmado participação.
Só depois a Globo passou a promover seus debates, criticados pelos
candidatos participantes porque engessados, com uma pauta feita por ela
de temas geralmente administrativos e nos quais não gosta que sejam
discutidas questões políticas. Como registra a memória publicada nos
jornais hoje, a Globo até gravou cenas de beijos na boca entre
personagens homossexuais em outras novelas, mas por conservadorismo –
que é o forte da emissora – não as exibiu.
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