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Saraiva
Tática silenciosa
Por que tantos têm tanto medo desse livro?
21/7/2009, The First Post, Londres, http://www.thefirstpost.co.uk/50995,news,british-media-kill-khalid-mishal-reviews-paul-mcgeough-mossad-israel-hamas-middle-east
Kill Khalid: The Failed Assassination of Khalid Mishal and the Rise of Hamas [Matar Khaled (Meshall): o atentado fracassado e o crescimento do Hamás], Paul McGeough, Londres: Quartet Books, 2009 (abril)
(Imagem em Amazon Books, ttp://www.amazon.com/Kill-Khalid-Failed-Mossad-Assassination/dp/1595583254)
Boa resenha do livro (em inglês) em http://www.amazon.com/Kill-Khalid-Failed-Mossad-Assassination/product-reviews/1595583254/ref=dp _top_cm_cr_acr_txt?ie=UTF8&showViewpoints=1
Nos EUA, o livro recebeu resenhas e comentários de leitores em êxtase.
É livro desses que já não se fazem como antigamente – história política narrada com fartura de dados e com rigor e seriedade informacionais, mas que se lê como romance de espionagem. Narram-se aí eventos de 1997, quando o serviço secreto israelense, o Mossad, tentou assassinar o líder do Hamás, Khalid Mishal, à luz do dia, numa calçada de Amman, Jordânia. Fingindo um esbarrão, no qual estaria envolvida uma lata de Coca-Cola que alguém fingia abrir, os terroristas do Mossad borrifaram um veneno mortal dentro do ouvido de Meshall.
A Jordânia ameaça enforcar os espiões israelenses, e o antídoto aparece
Mas os agentes do Mossad meteram os pés pelas mãos e não conseguiram escapar; dois deles foram presos em flagrante pelos guarda-costas de Meshall; outros dois conseguiram esconder-se na Embaixada de Israel em Aman. Khalid Meshall entrou em coma. As tropas da Jordânia cercaram a embaixada de Israel. O rei Hussein da Jordânia, furioso por os israelenses terem-se atrevido a tentar um assassinato político daquela magnitude em território da Jordânia, telefonou a Bill Clinton, exigindo providências contra Israel. Bill Clinton telefonou a Benjamin Netanyahu, então primeiro-ministro de Israel, ordenando-lhe que fizesse o que fosse preciso para acalmar o rei da Jordânia.
Netanyahu, no primeiro momento, disse que já era tarde demais e não havia antídoto que revertesse os efeitos do veneno. O rei Hussein da Jordânia, então, declarou que, se Meshall morresse na Jordânia, os dois agentes do Mossad israelenses capturados seriam enforcados e a trama seria amplamente divulgada (trapalhadas inclusas). O antídoto apareceu imediatamente; Khaled Meshall sobreviveu; e ali e então começou, de fato, sua espantosamente rápida ascenção como líder político em toda a Região.
Mediante entrevistas com todos os principais atores do drama, inclusive com acesso pessoal direto ao próprio Khalid, o autor-jornalista conta a história do Hamás, ao longo de uma década de ataques de homens-bomba, disputas políticas internas, mas com sempre crescente apoio popular que culminaria na batalha por Gaza, em 2007 e levaria à situação política que a Palestina vive hoje.
É livro importante, sobre um dos pontos mais sensíveis e turbulentos da história contemporânea. Mesmo assim, foi ignorado na Inglaterra. Depois de duas resenhas muito elogiosas publicadas na London Review of Books e no Times Literary Supplement – ninguém mais voltou a falar do livro.
O diretor da editora Quartet Books, Naim Attallah, chegou a entrar em contato direto com os jornalistas editores dos suplementos literários de todos os principais jornais e revistas ingleses. A maioria respondeu que não tinha planos de publicar resenhas do livro, ou qquer comentário. A equipe de venda e divulgação da própria editora informou que algumas livrarias não aceitavam o livro nem para exibir nem para estocar.
Attallah então redigiu um press release no qual acusou todo o establishment crítico-literário inglês de estar "usando tática silenciosa para censurar o livro e impedir sua livre divulgação", sobretudo depois de o Hamás ter sido "rotulado como 'organização terrorista', mesmo sem ter qualquer chance de expor suas ideias, chance que lhe caberia, por direito, em qualquer debate democrático".
E acrescentou: "Quem deseje paz no Oriente Médio deve reconhecer que o Hamás é parte essencial de qualquer movimento que vise a algum acordo de paz. Nenhuma negociação terá qualquer progresso, se não ouvir o Hamás."
É difícil saber dos motivos que paralisaram as redações inglesas. Seja como for, o establishment literário inglês deve algumas explicações. Em geral, parece estar em surto de aversão a qualquer tipo de discussão política. O Hamás foi declarado "organização terrorista". Portanto, ninguém cogita de comentar livro sobre "organização terrorista" e expor-se, também o editor, a críticas.
Além do mais, algum comentário também poderia despertar a ira das organizações que apoiam Israel – o que também exigiria respostas.
Em tempo de orçamentos curtos e cortes de pessoal em todas as redações, nenhum editor de jornal ou revista sentir-se-á tentado a provocar polêmica. A história dos tempos que vivemos parece não valer o risco – se se pensa, como parece que tantos pensam, mais em salvar jornalistas e redações do que informação e fatos.
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"Kill Khaled": Por que tantos têm tanto medo desse livro? [21/7/2009, The First Post (Tradução Coletivo Política para Todos)]
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Postado por RIZOMA BEATRICE às 1:00 PM
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