Nesta sexta-feira, começa uma corrida de 23 dias em busca dos votos de metade do eleitorado mais um voto, ao menos, o que colocaria o contemplado à frente do adversário. Agora, para cada voto que um ganhar, o adversário perde outro. Exemplo: se Dilma tiver 10 pontos percentuais de vantagem sobre Serra, ele só precisará reduzir essa vantagem em 5 pontos para empatar.
Já há boatos sobre pesquisas do PSDB, do PT e do Bradesco. Na primeira suposta pesquisa, a dos tucanos, a vantagem de Dilma seria de seis pontos sobre Serra; nas outras duas pesquisas, seria de dez pontos.
Vale refletir, portanto, sobre o que aprendemos em relação às pesquisas no primeiro turno.
No início do ano, bem antes da largada oficial da campanha no rádio e na tevê, as pesquisas Datafolha e Ibope tentaram segurar a disparada de Dilma, então atrás de Serra. Na reta final, todas as pesquisas convergiram para o resultado que acabou ocorrendo.
As tendências em todos os institutos durante o mês de setembro foi de queda gradual de Dilma e de subida igualmente gradual de Serra e de Marina, revelando que a eleição caminhava para o segundo turno.
Se compararmos a a primeira pesquisa de intenção de voto do segundo turno de 2006 com essas supostas pesquisas supra mencionadas, veremos quadro similar ao de há quatro anos.
A primeira pesquisa do segundo turno da eleição presidencial passada foi realizada pelo Ibope entre os dias 10 e 11 de outubro. Lula tinha 49% e Alckmin, 38%. Uma vantagem de 11 pontos percentuais para o presidente. Dali em diante, houve mais quatro pesquisas oficialmente divulgadas:
Datafolha 16-17 out 06
Lula – 53%
Alckmin – 34%
Sensus 23-25 out 06
Lula – 53,9%
Alckmin – 31,4%
Ibope 24-25 out 06
Lula – 55%
Alckmin 33%
Datafolha 27-28 out 06
Lula – 55%
Alckmin – 34%
Como se vê, na primeira pesquisa do segundo turno de 2006 Lula tinha vantagem análoga à que o tracking do PT e o do Bradesco teriam captado e um pouco menos favorável do que teria captado o PSDB.
Entre hoje e amanhã deve ser divulgada a nova pesquisa Datafolha. Se os seus números reproduzirem o do tracking do PSDB, o que é bem provável que ocorra, Dilma terá quase metade da vantagem que o presidente da República teve na largada do segundo turno em 2006.
Ainda assim, diante do quadro de envenenamento social pela campanha de Serra e pelos indefectíveis Globo, Folha, Veja, Estadão e outros veículos menos influentes que sempre lhes reproduzem os ataques ao PT, pode-se dizer que mesmo dando como bons os números dos tucanos, que se supõe que o Datafolha deva encampar, não seria uma situação ruim.
A campanha difamatória sobre aborto e outras barbaridades, o ataque de líderes religiosos, os escândalos reiteradamente martelados pela mídia não conseguiram retirar toda a vantagem de Dilma. Ainda que tenham reduzido, o eleitorado que resistiu ao bombardeio é extremamente convicto.
No caso de Serra, seus votos ainda não são seguros. O número de indecisos deve ter subido consideravelmente. Haverá uma batalha por esses votos. São Pessoas que votaram em Marina e que não estarão sentindo-se representadas nem por Serra, nem por Dilma.
As estratégias para captar esses votos começaram a se desenhar nos programas eleitorais da tarde desta sexta-feira.
O programa tucano fez insinuações sobre a questão do aborto, disse que Dilma é “desconhecida” e a comparou a Fernando Collor de Mello, outro presidente “desconhecido”. O programa petista fez forte denúncia sobre a campanha difamatória contra Dilma e comparou Serra a FHC. A presença de Lula lembrando o que diziam dele antes de se eleger e que nada do que disseram se confirmou, pareceu-me ter sido eficiente.
Tudo poderia seguir tranquilamente nesse caminho para que o eleitorado se decidisse livremente se não fosse o fato de que já neste fim de semana é esperado mais um escândalo a ser veiculado por alguma das revistas semanais ou até por mais de uma.
A boataria difamatória da campanha de Serra tende a refluir, em minha opinião. A denúncia constante da estratégia tornará os e-mails difamatórios uma “prova” de que o tucano está “jogando sujo”. Serra também tentará evitar repetir o que Geraldo Alckmin fez em 2006, quando, no primeiro debate do segundo turno, chegou a desrespeitar o presidente da República.
Os ataques serão delegados a Globos, Folhas, Vejas e Estadões. A esses veículos caberá acusar e difamar, por “reportagens” e “análises”, a adversária de Serra.
Na última quinta-feira, participei de uma reunião de “blogueiros sujos” para analisar o quadro político. Minha posição de radicalizar em relação ao engajamento midiático através de atos públicos de repúdio não encontrou maior repercussão.
Na verdade, imagino um mega ato público, envolvendo centrais sindicais, movimentos sociais e cidadãos comuns.E o foco dessas manifestações deveria ser o comportamento da mídia tucana. Com esforços de todos os agentes supracitados, poderíamos reunir dezenas de milhares de manifestantes e fazer a cobertura do ato bombar na internet.
Ainda me resta uma oportunidade de defender essa proposta. O Movimento dos Sem Mídia não teria força para fazer sozinho um ato dessa envergadura. Infelizmente, acho que a ficha só cairá quando a mídia for pra cima com tudo. Com sorte, será neste fim de semana. Assim haverá tempo de organizar a reação que imagino e que, então, tornar-se-á bem mais palatável.
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