sábado, 16 de outubro de 2010

"Política de FHC era nociva à Petrobras", diz Gabrielli

Em entrevista ao iG, presidente da estatal diz que empresa "morreria, seria desmembrada e provavelmente privatizada"

Sabrina Lorenzi, iG

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que a administração da estatal deve ser discutida durante as eleições presidenciais. Na última quarta-feira, Gabrielli divulgou nota na qual acusa o governo anterior de fatiar a empresa em várias unidades e querer privatizá-la. Nesta sexta-feira, em entrevista ao iG, Gabrielli não só manteve o teor da nota polêmica, como também detalhou o que chama de “plano de desmonte da Petrobras”.

E rebateu o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que reclamou da nota e pediu mais respeito de Gabrielli. “Eu não desrespeitei o presidente Fernando Henrique Cardoso de jeito nenhum. Eu disse apenas que a política que o governo dele orientou a Petrobras a fazer era nociva para a Petrobras. Era uma política que levaria à privatização e à inanição da Petrobras. E reafirmo minha posição”.

G: O que o motivou para divulgar a nota em resposta às declarações do ex-diretor da ANP, David Zylbersztajn, na época do governo FHC?

José Sérgio Gabrielli: O País tem no petróleo e na energia dois vetores fundamentais para o crescimento. A maior empresa do País é a Petrobras. É a segunda ou terceira maior empresa do mundo na área do petróleo, dependendo do critério. A Petrobras tem o maior plano de investimentos do mundo para desenvolver petróleo, refino, biocombustíveis, gás e energia. E a Petrobras estava num período de silêncio por causa da capitalização, não podia falar. Todos falaram sobre a Petrobras menos a Petrobras. Então eu achei que era um momento de discutir o futuro da Petrobras. E discutir o futuro da Petrobras passa pela discussão sobre o modelo de negócio da Petrobras, de como se organiza a Petrobras. E aí eu fiz comparações, sim, entre os oito anos dessa atual diretoria – no início era José Eduardo (Dutra) na presidência e eu na diretoria financeira – com os oito anos anteriores e identifiquei alguns problemas na gestão anterior, que se nós tivéssemos mantido, a Petrobras morreria, seria desmembrada e provavelmente seria privatizada.

iG: O senhor pode detalhar isso?

Gabrielli: A área exploratória é a principal área de atuação numa empresa de petróleo, pois o petróleo precisa ser encontrado. Esta área estava diminuindo. Com a quebra do monopólio e com o processo de leilões, a Petrobras foi inibida, limitada a participar dos leilões para dar espaço para o setor privado. Se continuasse assim, morreria por inanição, porque não teria área de exploração, então morreria. Na atividade de refino, a Petrobras tem um sistema integrado de refino que estava sendo dividido em partes. A Petrobras estava sendo excluída do setor petroquímico e estava sendo separada em partes. Tinha sido o primeiro passo na criação da Refap (Refinaria Alberto Pasqualini); a Reduc (Refinaria Duque de Caxias) estava sendo preparada para ser repartida; as fábricas de fertilizantes estavam sendo preparadas para ser seccionadas; a estrutura de refino estava sendo estruturada em unidades de negócios onde cada refinaria era um unidade de negócio independente.”
Entrevista Completa, ::Aqui::

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