21/02/2012
11 anos da Carta Maior e mil textos do blog
Há 11 anos, quando se realizava o primeiro Forum
Social Mundial em Porto Alegre, surgiu a Agência Carta Maior, sob a
direção de Joaquim Ernesto Palhares, juntando jornalistas e intelectuais
de esquerda, criando um espaço público de imprensa alternativa, que
logo mostrou que vinha preencher um espaço importante no campo da
esquerda.
A primeira grande batalha da Carta Maior é a batalha pela agenda. Antes mesmo de disputar as interpretações, se trata de romper a interdição com alguns temas e lutar para que os temas centrais ocupem o centro da opinião publica. O neoliberalismo e a centralidade do mercado dominavam completamente a agenda política e econômica.
11 anos depois a mídia alternativa teve algumas conquistas, junto às forças populares. A centralidade do mercado, nas interpretações e nas politicas econômicas foi deslocado – no Brasil e em grande parte da América Latina – pelas políticas sociais e públicas. A denúncia reiterada dos danos causados pelas políticas neoliberais foi elemento essencial para cortar com a euforia dos anos 1990 com os planos de ajuste e a centralidade do combate à inflação.
Paralelamente, foram se construindo forças alternativas ao neoliberalismo, aqui e em outros países do continente. Carta Maior trabalhou e segue trabalhando para o conhecimento real do que se passa em países como a Venezuela, a Bolívia, o Equador, a Argentina, Cuba, El Salvador, assim como a diferença em relação aos que optarem pela continuidade do neoliberalismo, de que o México e o Chile são os exemplos mais claros.
As vitorias eleitorais de Lula e Dilma confirmaram, também no Brasil, que existe uma nova maioria política no país, que prefere a prioridade das políticas sociais e não do ajuste fiscal, que prefere um Estado indutor do crescimento econômico e garantia dos direitos sociais, e alianças regionais e com o Sul do mundo, e não Tratados de Livre Comércio com os EUA.
Porem, paralelamente às grandes transformações econômicas, sociais e políticas, o campo da formação da opinião pública sofreu poucas mutações nestes 11 anos. Conseguimos, junto a outras tantas iniciativas, constituir um campo alternativo de informação e de análise, de mobilização das consciências e das vontades de muita gente. Este sem duvida é a novidade mais importante em relação à década anterior.
Mas a batalha das ideias, das mentes e corações das pessoas está muito atrasada em relação aos outros níveis de transformação. Não por acaso é nesse plano, articulado com o monopólio privado dos grandes meios de comunicação, que a direita vai buscar forças para resistir, tentar impedir a continuidade desses processos de transformação ou pelo menos bloqueá-lo, desvirtuá-lo, cooptá-lo.
Um dos fatos mais significativos da última campanha eleitoral foi o desvio para temas como o aborto, valendo-se de um circuito religioso de formação de consciências, por parte da campanha opositora, quando se deram conta que na comparação dos projetos e das realizações políticas, estavam derrotados. Quase conseguiram reverter o resultado eleitoral valendo-se do atraso no campo ideológico, cultural, dos valores, de grande parte da massa pobre da população, emergente nos planos econômico e social, mas mantendo ainda os valores conservadores no plano da consciência.
A esses elementos conservadores se soma e se articula o monopólio privado dos meios de comunicação. Este elemento antidemocrático sobreviveu ao fim da ditadura e agora, diante das derrotas e do enfraquecimento da direita partidária, se projeta – conforme palavras de uma das diretoras de um desses meios de comunicação, que ocupa a presidente da associação que os congrega – como verdadeiro partido da direita no país. (De forma similar aos outros países latino-americanos que vivem processos políticos similares.)
A luta pela hegemonia no plano da comunicação se torna o cenário central para consolidar os avanços na formação de uma nova consciência social. Uma lei democrática de regulação dos meios de comunicação que contribua para quebrar o monopólio privado é instrumento essencial para a democratização da sociedade brasileira.
Carta Maior e este blog estão profundamente comprometidos, 11 anos e mil artigos do blog depois, apoiados nos avanços que tivemos, com a democratização do processo de formação da opinião pública, conscientes que, sem isso, não haverá democracia no Brasil.
A primeira grande batalha da Carta Maior é a batalha pela agenda. Antes mesmo de disputar as interpretações, se trata de romper a interdição com alguns temas e lutar para que os temas centrais ocupem o centro da opinião publica. O neoliberalismo e a centralidade do mercado dominavam completamente a agenda política e econômica.
11 anos depois a mídia alternativa teve algumas conquistas, junto às forças populares. A centralidade do mercado, nas interpretações e nas politicas econômicas foi deslocado – no Brasil e em grande parte da América Latina – pelas políticas sociais e públicas. A denúncia reiterada dos danos causados pelas políticas neoliberais foi elemento essencial para cortar com a euforia dos anos 1990 com os planos de ajuste e a centralidade do combate à inflação.
Paralelamente, foram se construindo forças alternativas ao neoliberalismo, aqui e em outros países do continente. Carta Maior trabalhou e segue trabalhando para o conhecimento real do que se passa em países como a Venezuela, a Bolívia, o Equador, a Argentina, Cuba, El Salvador, assim como a diferença em relação aos que optarem pela continuidade do neoliberalismo, de que o México e o Chile são os exemplos mais claros.
As vitorias eleitorais de Lula e Dilma confirmaram, também no Brasil, que existe uma nova maioria política no país, que prefere a prioridade das políticas sociais e não do ajuste fiscal, que prefere um Estado indutor do crescimento econômico e garantia dos direitos sociais, e alianças regionais e com o Sul do mundo, e não Tratados de Livre Comércio com os EUA.
Porem, paralelamente às grandes transformações econômicas, sociais e políticas, o campo da formação da opinião pública sofreu poucas mutações nestes 11 anos. Conseguimos, junto a outras tantas iniciativas, constituir um campo alternativo de informação e de análise, de mobilização das consciências e das vontades de muita gente. Este sem duvida é a novidade mais importante em relação à década anterior.
Mas a batalha das ideias, das mentes e corações das pessoas está muito atrasada em relação aos outros níveis de transformação. Não por acaso é nesse plano, articulado com o monopólio privado dos grandes meios de comunicação, que a direita vai buscar forças para resistir, tentar impedir a continuidade desses processos de transformação ou pelo menos bloqueá-lo, desvirtuá-lo, cooptá-lo.
Um dos fatos mais significativos da última campanha eleitoral foi o desvio para temas como o aborto, valendo-se de um circuito religioso de formação de consciências, por parte da campanha opositora, quando se deram conta que na comparação dos projetos e das realizações políticas, estavam derrotados. Quase conseguiram reverter o resultado eleitoral valendo-se do atraso no campo ideológico, cultural, dos valores, de grande parte da massa pobre da população, emergente nos planos econômico e social, mas mantendo ainda os valores conservadores no plano da consciência.
A esses elementos conservadores se soma e se articula o monopólio privado dos meios de comunicação. Este elemento antidemocrático sobreviveu ao fim da ditadura e agora, diante das derrotas e do enfraquecimento da direita partidária, se projeta – conforme palavras de uma das diretoras de um desses meios de comunicação, que ocupa a presidente da associação que os congrega – como verdadeiro partido da direita no país. (De forma similar aos outros países latino-americanos que vivem processos políticos similares.)
A luta pela hegemonia no plano da comunicação se torna o cenário central para consolidar os avanços na formação de uma nova consciência social. Uma lei democrática de regulação dos meios de comunicação que contribua para quebrar o monopólio privado é instrumento essencial para a democratização da sociedade brasileira.
Carta Maior e este blog estão profundamente comprometidos, 11 anos e mil artigos do blog depois, apoiados nos avanços que tivemos, com a democratização do processo de formação da opinião pública, conscientes que, sem isso, não haverá democracia no Brasil.
Postado por Emir Sader às 17:06
Do Blog do Emir..
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