População
argumenta que salário de policiais, de R$ 2.400, é equivalente a de
médico iniciante; comerciantes temem Carnaval esvaziado
Grupos
de policiais militares que saíram no início da tarde desta
segunda-feira, 6, em carreata por cidades do litoral sul baiano puderam
constatar que o movimento grevista não tem apoio algum da população. E a
indignação não é só pelo caos causado em uma região turística, às
vésperas do Carnaval.
O piso
salarial da PM na Bahia chega a R$ 2.400 mensais, mais que o dobro do
salário médio da região, o que tem gerado revolta contra a greve em
todos os setores da sociedade, do empresário do ramo hoteleiro ao
feirante.
O salário dos policiais
é citado em qualquer conversa de padaria em cidades como Itabuna, Nova
Ibiá, Itamarí, Teolândia, Wenceslau Guimarães e Gandu. Era visível a
vontade que feirantes tinham de vaiar ontem a carreata de PMs que passou
em frente à Centrais de Abastecimento de Ilhéus. “Eu vendo manteiga e
queijo há mais de 30 anos e nunca consegui tirar R$ 2.400 por mês. É um
aburdo o que esses policiais estão fazendo de novo com a gente, justo
agora que o Carnaval tá chegando”, disparava no entreposto a sergipana
Ednéia Francisca de Oliveira, de 61 anos. Ela iniciou a primeira de uma
leva de desaforos disparados por outros feirantes contra o grupo de
policiais.
No interior e em
municípios pobres do sul baiano, onde 2.200 PMs estão parados, a renda
média mensal da população não passa de R$ 910 mensais, segundo dados do
Censo 2011 do IBGE. O vencimento de um policial baiano é quase igual ao
piso de R$ 2.600 pago aos professores da rede municipal paulistana de
ensino. Nos postos de saúde da rede estadual da Bahia, o vencimento de
um médico plantonista em início de carreira é inferior ao salários dos
policiais – são R$ 2.500 mensais por 40 horas por semana.
Até
uma tímida vaia chegou a ser ensaiada por vendedores de coco contra os
PMs que passaram no entreposto de Ilhéus para pedir apoio à paralisação.
“Policial ganha melhor do que qualquer comerciante aqui em Ilhéus.
Todos eles têm carro zero, casa, salário bom, trabalham 12 horas e
descansam 36. E ainda fazem greve perto do Carnaval, quando todo mundo
precisa fazer dinheiro para garantir o ano”, reclamava Francisco Antonio
Teixeira, de 57 anos, dono de uma barraca de coco.
Cientes
do clima hostil, os policiais nem chegaram a descer das motos para
conversar com os feirantes, como estava previsto inicialmente. Pelo
centro de Ilhéus também houve xingamentos. “Tem hóspede do Brasil
inteiro me perguntando sobre reembolso de reservas. Isso vai quebrar a
economia da cidade. Uma categoria que já foi tão valorizada nos últimos
anos, que tem uma condição bem melhor que a maioria das famílias da
cidade, não poderia fazer isso”, disparou Elton Pacheco de Souza, de 61
anos, dono de três hotéis em Ilhéus e em Porto Seguro.
No Estadão
Um comentário:
O correto seria demitir todos eles e abrir novo concurso.
Taí a receita!
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